quinta-feira, 17 de julho de 2025

CARRO A ÁLCOOL NO FRIO? USE COBERTORES. Por chicolelis*

Chevette a álcool. Foto: Acervo do jornalista Gabriel Marazzi

Itapecerica da Serra, município da região metropolitana de São Paulo, faz divisa com a Capital, na beira da Régis Bittencourt, rodovia que leva à capital do Paraná, depois de aproximadamente 400 km de asfalto.

Pois, apesar de "vizinha" de São Paulo, as diferenças de temperaturas, no inverno, são incrivelmente grandes. Enquanto na Capital, o frio no inverno fica entre 13°C e 26°C, em Itapecerica não passa dos 10°C. Essa diferença é causada porque ela  está localizada em altitude elevada, grande proximidade da Serra do Mar e conta com a presença de densa vegetação.

Pois a minha querida amiga, Fátima Turci, morava lá nos anos 80, e sofria muito com o frio e com o trânsito, na Régis Bittencourt, que hoje é terrível, mas já não era nada “gentil” naquela época, o que a fazia ter que sair mais cedo de casa, para chegar ao Sindipeças, onde era assessora de Imprensa do estimado Pedro Eberhardt, um dos mais importantes líderes empresariais nos anos 80.

Mas, apesar do frio, carro a álcool

E não é que, mesmo morando em Itapecerica, Fátima decidiu comprar um carro a álcool, levada pela campanha da Copersucar, que dizia: “Carro a álcool. Você ainda vai ter um!”. Além disso, havia o apoio do governo, estipulando que o preço do álcool era menor que o da gasolina, representando não mais que 65% do valor do combustível derivado do petróleo.

E ela comprou o seu Chevette a álcool. Motor 1.6, que a levava de casa para o trabalho e, também, circulando por São Paulo. Tudo ia bem, até que o inverno chegou, com seu poder de “congelamento” lá em Itapecerica da Serra. Foi aí que a minha amiga, de quem “roubei” a ideia de fazer festas, para a Imprensa, de final de ano pela GM (ela fazia deliciosas festas pelo Sindipeças, mas parou e eu comecei usando a ideia dela), conheceu a “verdade” sobre o carro a álcool.

Ainda que a “branquinha” aqueça no inverno (é o que dizem), o álcool, derivado da mesma cana de açúcar, não tem a mesma “atitude” no motor de um carro que o usa como combustível. Pela manhã, com 10°C ou menos, não tinha como fazer o carro pegar. Só depois de muitas tentativas, e quando o tempo esquentava um pouco, ela conseguia fazer o carro pegar.

“Cubra o carro”

Certo dia, quando já passava das 7 da noite, estava eu lá na minha sala, na GM, quando toca o telefone. Era ela, a Fátima, me perguntando que fazer para o carro pegar pela manhã, pois ela não aguentava mais o problema que isso representava, o estresse que causava.

Pedi um tempo, liguei para o Campo de Provas, para falar com alguém que pudesse dar uma “luz” para resolver a questão. Não consegui falar com ninguém.

Chamei-a de volta e, num lapso intuitivo disse: Fátima, quando chegar na sua casa, pegue tudo o que você puder, de panos, cobertores velhos e cubra o capô do carro. Só depois desligue o motor.

Também por intuição, ela estendeu uma grande lona que tinha na garagem, colocou encima do carro, cobriu o capô com tudo o que pôde e o “embrulhou” com a lona.

Ligou no dia seguinte, feliz, contando que minha louca ideia tinha dado certo.

- Não pegou na hora, mas não foi o martírio de outros dias.

Tempos depois, desistiu de ter um carro a álcool e o vendeu.


*chicolelis - Jornalista com passagens pelos jornais A Tribuna (Santos), O Globo e Diário do Comércio. Foi assessor de Imprensa na Ford, Goodyear e, durante 18 anos gerenciou o Departamento de Imprensa da General Motors do Brasil. Fale com o Chico: chicolelis@gmail.com.

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