A frota de veículos da Itaipu Binacional ganhou, na última semana, o reforço de um carro movido a biometano – um gás natural, não poluente, derivado da transformação de dejetos da produção agropecuária.
Gás veicular é produzido na Granja Haacke, em Santa Helena. Foto: Alexandre Marchetti/Itaipu Binacional.
Equipado com um kit de fábrica para gás veicular, o carro, um Fiat Siena Tetrafuel, está em uso pela Superintendência de Energias Renováveis da usina.
O superintendente Cícero Bley Júnior explica que o metano é produzido em um biodigestor na Granja Haacke, em Santa Helena, parceira no projeto. Depois de filtrado e envasado, o gás é trazido em cilindros para Foz do Iguaçu.
No Parque Tecnológico Itaipu (PTI) foi instalado um posto especialmente para o abastecimento, projetado pelos técnicos e engenheiros da Superintendência de Energias Renováveis e do Centro Internacional de Energias Renováveis Biogás (CIBiogás-ER).
Cícero Bley diz que a ideia, no futuro, é desenvolver no local uma planta de produção de biometano, aproveitando o lixo do restaurante e a estação de esgoto do PTI, ambos localizados ao lado do posto. Assim, Itaipu poderia abastecer seus veículos a custo zero.
“Já rodei uma semana inteira com esse carro, abastecido com biometano, e não senti nenhuma diferença em relação a um veículo convencional”, elogiou. “Se dependesse de mim, faria com que este posto servisse a todos os funcionários com crachá de Itaipu e do PTI que quisessem transformar seus carros em biogás, para poder experimentar a nova tecnologia durante um ano, de graça”, defendeu.
De acordo com Cícero, um dos objetivos do programa é ajudar na diversificação da matriz de energia renovável de Itaipu, empresa que atualmente tem a maior frota de veículos elétricos do Brasil. Além disso, pretende mostrar que o biometano é um combustível viável, seguro e com qualidade.
“Quanto mais diversificada for uma matriz de energia renovável, mais rica ela é. Essa coisa de querer transformar a matriz trocando uma predominância por outra é história. As matrizes tendem a se diversificar. E rico é aquele território que pode ter várias matrizes, com várias aplicações”, defendeu.
Em relação aos aspectos ambientais, Cícero lembrou que cada metro cúbico de biogás utilizado reduz em até 21 vezes a quantidade de dióxido de carbono lançado na atmosfera. Ou seja, menos gás que provoca o efeito estufa. “Aqui, o foco é a sustentabilidade de Itaipu”, enfatizou.
Outro objetivo é contribuir com uma consulta pública aberta pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) para regulamentar o uso do biometano em todo o Brasil. “Nós estamos monitorando vários dados para a ANP fazer um projeto melhor. Esse projeto vai servir de referência para a agência.”
Cícero Bley destacou também os benefícios para o produtor rural, que poderá incorporar uma nova fonte de renda à propriedade – tanto para produção de energia, como no caso do Condomínio de Agroenergia Ajuricaba, em Marechal Cândido Rondon, como para uso veicular.
“O biometano entrando na matriz energética regional equivale ao Proálcool, no tempo que o etanol entrou no mercado. É um novo combustível, uma nova renda, ainda mais distribuído que o etanol”, afirmou.
DESEMPENHO
O Siena Tetrafuel tem dois cilindros com capacidade para 13 metros cúbicos cada. Como o veículo pode rodar aproximadamente 15 quilômetros com cada metro cúbico, a autonomia chega a quase 400 quilômetros abastecido apenas com o biogás. “Se fosse cobrar pelo combustível, esse gás custaria R$ 1,80 o metro cúbico”, disse Cícero.
Já o filtro instalado na granja em Santa Helena, para separar os gases carbono e sulfídrico, garante um grau de pureza de 98% do biometano, dentro do que prevê a resolução 23 da ANP para biocombustíveis.
A Itaipu
Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, a Itaipu Binacional é a maior geradora de energia limpa e renovável do planeta e foi responsável, em 2013, pelo abastecimento de 17% de toda a energia consumida pelo Brasil e de 75% do Paraguai. Em 2013, superou o próprio recorde mundial de produção e estabeleceu a marca de 98.630.035 megawatts-hora (98,63 milhões de MWh).
Desde 2003, Itaipu tem como missão empresarial “gerar energia elétrica de qualidade, com responsabilidade social e ambiental, impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico, sustentável, no Brasil e no Paraguai”. A empresa tem ainda como visão de futuro chegar a 2020 como “a geradora de energia limpa e renovável com o melhor desempenho operativo e as melhores práticas de sustentabilidade do mundo, impulsionando o desenvolvimento sustentável e a integração regional”.
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