Andando de carro por São Paulo, os motoristas sofrem muito com as condições dos pisos das ruas, avenidas e rodovias. Buracos novos e antigos os desafiam diariamente, muitas vezes causando acidentes, às vezes fatais. Mesmo com todos os esforços das autoridades, que vivem prometendo dar melhores condições de trafegabilidade às vias, isso nunca acontece. Então, os pneus furam os amortecedores e molas têm uma vida útil menor. E de nada adianta reclamar, a não ser fazer os reparos necessários para voltar a circular com o veículo, vítima dos buracos da cidade. E não se trata só de São Paulo, mas, também, da maioria dos grandes, pequenos e médios municípios desta terra descoberta por Cabral.
Entretanto, não apenas as vias públicas causam problemas para quem necessita usá-las. Também as calçadas são um verdadeiro drama para pedestres e, principalmente, cadeirantes. Uma amiga querida, Sonia Lyon, moradora na Inglaterra desde 2002, tem medo de vir ao Brasil, visitar a família, não pela grande violência urbanas mas, especialmente, pelas condições das nossas calçadas.
Vítima de um AVC, há oito anos, que a impede de movimentar seus membros esquerdos e prejudica a visão naquele lado, Sônia depende de uma cadeira de rodas, elétrica para se movimentar. E isso seria praticamente impossível de conseguir em São Paulo. Em compensação, na cidade onde mora, Surrey, muito próxima à capital, Londres, ela não precisa enfrentar obstáculos para andar pelas calçadas próximas ao condomínio onde reside. Às vezes, um desavisado deixa o carro sobre a calçada. Mas é algo muito raro. E não apenas as calçadas não apresentam dificuldades para os cadeirantes. As rampas de acesso são encontradas em vários pontos, sempre bem cuidadas.
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Sonia Lyon |
Sonia saiu do ABC, onde morava com a família, para aprimorar o idioma que já dominava, o Inglês, e também dar aulas por lá, da língua de Shakespeare.
Ensinou em uma escola de refugiados e exilados políticos em Brixton, com alunos de várias nacionalidades, desde africanos até iranianos e iraquianos. Lecionou também em uma escola só para mulheres, em sua maioria analfabetas. Com o tempo, acabou dando aulas no Croydon College, situado na Grande Londres, como no seu Grande ABC. Conta ela que "tinha que trabalhar muito, porque professor é mal pago em qualquer lugar”. Foi quando teve o AVC e parou de lecionar.
Agora, ela queria vir ao Brasil, visitar parentes e amigos. Mas, duas coisas a impedem: o desconforto de uma viagem de avião e, como foi salientado antes, medo das calçadas brasileiras. Sônia lembra que um dos perigos, quer seja na Inglaterra ou aqui, é a presença de carros elétricos nas ruas: - Eles não fazem barulho e muitas vezes somos surpreendidos com a presença deles.
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