quarta-feira, 20 de agosto de 2014

HORÁRIO ELEITORAL OU HORA DE DESLIGAR?
por Milton Saldanha

Desencanto. Esta é a palavra certa para definir o primeiro dia de propaganda eleitoral na TV. Que de gratuita só tem o nome. Isso é pago às TVs e rádios, pelo governo, ou seja, por nós.

Que pelo menos o precioso tempo fosse usado para se discutir seriamente o Brasil, e não para mostrar Dilma simulando fazer coisas banais do cotidiano de qualquer dona de casa. Mesmo supondo que Dilma faça seu próprio ovo frito de vez em quando, o que isso interessa para os eleitores? Será que o país não tem assuntos mais interessantes e urgentes para avaliar?

Aécio é outro que não convence. Falta-lhe o brilho verbal que teve o avô, Tancredo Neves. E poderia ter aproveitado seu tempo para explicar como gastou, no governo de Minas, 13 milhões do dinheiro público, fora os dois milhões da desapropriação, para construir um aeroporto em terras das suas fazendas. Seu papel, como oposição, seria tentar encostar Dilma na parede com questionamentos fundamentados. Ao poupar Lula de críticas, e não seria por falta do que dizer, Aécio mostra sua verdadeira face: foge do enfrentamento com o cacique petista porque isso pode lhe custar aumento do índice de rejeição.

O PSB, como esperado, ficou faturando sobre o cadáver de Eduardo Campos. Por mais virtudes que pudesse ter o herdeiro de Miguel Arraes, que foi realmente um líder regional de massas, e com todo o respeito, vamos ser realistas: fora do Nordeste, quem conhecia realmente Eduardo Campos? E que programa real de mudanças ele defendia?

Quanto aos candidatos aos demais cargos, começou a velha ladainha chata e mentirosa, com promessas que não podem ser cumpridas isoladamente por deputados e senadores.

A julgar pelo primeiro dia, e se continuar assim, o horário eleitoral poderá ter um destino inevitável: transformar-se na hora de desligar a TV e o rádio. O problema é que isso em nada contribui para que tenhamos um futuro melhor e um país mais decente. 



Milton Saldanha, 68 anos, gaúcho, é jornalista desde os 17 anos. Trabalhou na imprensa de Santa Maria (RS) e Porto Alegre. Vive em São Paulo há mais de 40 anos. Passou por muitos empregos, entre eles Rede Globo, Estadão, TV Manchete, Diário do Grande ABC, Jovem Pan, revista Motor3, Ford Brasil, IPT, Conselho de Economia e vários outros, inclusive na Ultima Hora. Ao se aposentar, criou o jornal Dance, já com 19 anos. É autor dos livros “As 3 Vidas de Jaime Arôxa” (Editora Senac Rio); “Maria Antonietta, a Dama da Gafieira” (Phorte Editora) e “O País Transtornado” (Editora Movimento, RS) onde conta 60 anos da recente História brasileira. Participou da antologia de escritores gaúchos “Porto Alegre, Ontem e Hoje” (Editora Movimento)


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