FORD INVESTE NA BASE: KA E KA+
Em esforço para manter e tentar expandir sua participação em torno de 9%
e o quarto lugar no mercado, em meio à intensa concorrência, Ford mudou toda a
linha de produtos, atualizando-a com veículos de produção mundial. Dois tiveram
o Brasil como base de desenvolvimento: o EcoSport e o Novo Ka.
O Novo Ka participa do segmento mais competitivo do mercado, onde 60%
das vendas é de compactos – até outubro 1,7M vendidos. A família de entrada é
formada por hatch 1.0 e 1.5, sedã
dito Ka+ 1.0 e 1.5, motores novos, 1.0 três cilindros, bloco em ferro, capaz de
receber turbo alimentador, e 1.5, quatro cilindros, inteiramente em alumínio.
Ambos com dois comandos de válvulas, com abertura e fechamento variáveis.
Lançado em
agosto, vendas do 1.0 hatch
surpreenderam a Ford: ascendentes 17.000 em setembro e outubro. Além da boa formulação, para
diferenciá-los na ingente disputa, tem diferencial consumo atestado por
Inmetro/Conpet, órgãos federais, no Padrão A, dos mais econômicos. Preço e
conteúdo ajudam. Ka+ 1.0, o sedã, R$ 37.890 para a versão SE, de entrada.
Agradável no andar, a combinação do
motor 1.0, mais potente da categoria, 80 cv com gasálcool e 85 cv com álcool,
agregado a câmbio mecânico de 5 marchas bem adequadas, surpreendem em
rendimento e disposição. Pela medida oficial, na cidade é capaz de fazer 8,9
km/l com álcool, 13 km/l com gasálcool. Na estrada respectivos 14 e 15,1 km/l.
Em comum os novos produtos tem a partida a frio eletrônica, desprezando o
jurássico tanquinho, os comandos variáveis e o sistema de refrigeração em dois
estágios – para o cabeçote e o bloco, para otimizar o funcionamento e reduzir
consumo. Dirigi-lo é agradável em posição, espaço interno. Como sedã manca no
porta malas: tem pouca abertura.
A versão de
entrada não flerta com a pobreza. Tem ar-condicionado, direção, vidros
dianteiros, e travas elétricas. Conforto e segurança por som MyConnection,
rádio AM/FM, USB, Bluetooth e MyFord Dock, dois airbag duplo, freios ABS com EBD e CBC, limpador e desembaçador
traseiro, ajuste de altura da coluna de direção, indicador de troca de marcha e
abertura elétrica do porta-malas. Bem composto.
Por mais R$ 2 mil, vidros elétricos traseiros, sistema de conectividade SYNC, com rádio, CD
e MP3-player com Bluetooth, controles no volante, comandos de voz para celular
e áudio, leitor de SMS e download automático da agenda de telefones, AppLink
para acesso a aplicativos do celular, e Assistência de Emergência – sistema de
chamar automaticamente número 192, do SAMU, em caso de acidente com acionamento
dos airbags ou do corte de
combustível do veículo. Se, e como o SAMU agirá, é caso extra Ford.
Na versão SEL, R$ 42.490, controle eletrônico de estabilidade e tração,
assistente de partida em rampas, rodas de liga leve de 15 polegadas e pneus
195/55 R15, faróis de neblina, computador de bordo, alarme volumétrico, ajuste
de altura do banco do motorista, grade dianteira com aplique cromado e
lanternas traseiras escurecidas.
Mercado
Há câmbio
automático ? automatizado, CVT ? Não. Razões
comerciais. A Ford aplica uma só plataforma para construir duas famílias de
veículos – EcoSport, New Fiesta e Novo Ka. Assim, sofreia a inclusão de tais
itens para evitar ascensão dos preços, fazendo Ka concorrer com Fiesta.
Oswaldo Ramos, gerente geral de Marketing da Ford, hábil
em números e produtos entende, o conteúdo garantirá boa performance aos
produtos boa e ao projeto da marca.
Fords Ka e Ka+
O abstrato número zero
Previsões gerais
de executivos da indústria automobilística acordam num ponto: produção e vendas
em 2015 deverão ser idênticas às de 2014. Em torno de 3,6M unidades.
Crescimento Zero.
Interessante por
ser avaliação comum e coincidente entre tais profissionais, de tantos
fabricantes, montadoras e importadoras, contrariando a experiência do convívio
com eles, sempre em números discrepantes. Como exemplo, há 20 anos, no Salão do
Automóvel, após ouvir todos os representantes da área comercial de todas as fabricantes
de automóveis, somei as projeções e achei espaventoso crescimento de 40% sobre
o quantum projetado para 1994: 1,581M. Exercício seguinte
mostrou 1,629M, pífios 3% - muito distante dos 40%.
Opiniões
coincidentes no setor tocam o alarme.
Cenário destes dias indica, no macro plano federal os fatos econômicos
muito lembram a atração chamada Trem Fantasma nos parques de diversões: tudo é
escuro e a cada curva, um susto. Questão é, os dias nacionais nada tem de
brinquedo, horripilando aos pagantes de impostos, empregados ou empregadores,
investidores em ações, poupadores em dólar e pagadores de contas – dólar
disparando; intervenções do BC gastando reservas sem conseguir segurá-lo;
perspectiva de crescimento pouco acima do zero; queda de emprego; o escândalo
do Petrolão, capaz de nos infligir vergonha imerecida, a Presidente processada
no exterior, toda a complicação institucional interna daí gerada, e a
insegurança quanto aos investimentos externos. Ante tal somatório, fiz-me
convidado impertinente em ameno jantar semana passada.
Hotel formidável, espaço privado, refeição cuidada, escoltada por Malbec
de safra e origem, sete jornalistas especializados tidos como do primeiro time,
eu, e o anfitrião, diretor de fabricante de veículos, escolado, boa quilometragem
na estrada, carreira para levá-lo à presidência de subsidiária.
Pedi licença para escapar das considerações sobre produto, tema do
jantar, e perguntei qual a base numérica empregada pela indústria para
anunciar, em uníssono, por todas as fontes acreditadas, um idêntico número, o
zero, para o crescimento da atividade para o próximo ano.
Ouvimos
resposta aritmeticamente simplória: o crescimento anunciado como zero se
dá unicamente pela absoluta falta de informações quanto à economia, regente dos
números e do comportamento para o próximo governo. Nada se pode projetar sem
saber quem serão os ainda não anunciados novos ministros condutores da economia
e, obviamente, seus projetos.
Conclusão, o zero é de honesta aritmética ante a falta de balizamento
sobre o futuro próximo. Não é um número, mas apenas abstração.
É o recado do quinto mercado mundial na especialidade. Acredite se
quiser.
Roda-a-Roda
Futuro – Comunicado
de reunião entre o governo argentino e montadoras com planos de inversão no
país indicam novidades ao consumidor brasileiro. Curioso? Não. A base dos
blocos comerciais, como o Mercosul, é de sinergia, troca de competências,
complementaridade dos processos e insumos industriais.
Processo – No
projeto argentino, com alguma similitude ao nosso Inovar-Auto, visando atrair
investimentos, aumentar ou implantar novas unidades fabris, ampliar o uso de
componentes locais e fomentar exportações, governo faz marcação cerrada:
reuniões mensais para cobrar providências e cronograma.
Então – A
reunião comandada pelos ministros Axel Kicillof, Fazenda, e Débora Giorgi,
Indústria, exibe as seguintes novidades para contratados investimentos de USD$
1,9B:
GM –
aumento de capacidade fabril para o Projeto Fênix, e fábrica de motores, ambos
visando exportar ao Brasil;
Toyota –
Incremento na produção para o novo modelo do picape Hilux, passando a abastecer
a América Latina;
Honda – Fazer
o novo sav HR-V nas instalações de Zarate, a 100 km de Buenos Aires (como
a Coluna adiantou);
Mercedes –
Providências para produzir o Vito, van media para passageiros e carga (Coluna antecipou,
assim como o usar sua base para picape );
Ford – Re
estilização no Focus (ganhará grade no estilo Aston Martin, atual assinatura
estético frontal da marca), e no picape Ranger. 2o semestre 2015.
No pé – Como
em país sem filosofia operacional e gestão desgovernada, a Argentina criou
adicional de imposto interno para veículos não considerados de trabalho – na
base fere os utilitários e modelos para serviço.
P’ra Fora - Joachim Maier, presidente da Mercedes-Benz Argentina, disse na Automechanika,
feira de auto peças em Buenos Aires, se a posição fiscal não mudar, a produção
do Vito será exclusiva à exportação.
Razão – O
governo argentino não o classifica como comercial e assim, em preço
disparatado, pequenas vendas internas não justificam montar estrutura
assistencial no país. Outros veículos assemelhados são assim classificados. A
aprovação do projeto é anterior à mudança tributária.
II – Frear
iniciativas do capital é espantá-lo, e dizer desaforo a dinheiro na atual
situação de contas na Argentina, é de pouco senso.
Mercedes Vito. Imposto adicional limita-o a exportações
Sinergia – Nova empresa, Mercedes-AMG, assumiu 25%
das ações e lugar na diretoria da MV Agusta, italiana de motos. Não haverão
motos Mercedes, mas tocada pela necessidade de reduzir consumo e emissões,
busca-se baixar peso. Fabricantes de moto são recordistas na relação entre peso
de motor e potencia produzida. Como a VW fez com a Ducati, associou-se, pagando
para aprender.
MV Agusta e Mercedes. Sinergia.
Caminho – A grande conquista tecnológica obtida pela Shell, abandonando o petróleo
bruto pelo vapor do gás natural, mais limpo, para obter o óleo básico, permeia
a todos os seus lubrificantes de veículos. Na linha Helix Ultra with PurePlus representa
entre 75% e 90% do conteúdo.
Cautela – Previsão de falta de energia ou disparar
de seu custo preocupa a indústria automobilística. Pela falta pode cessar
produção. Pelo fornecimento, ter preço elevado, repassado aos veículos,
reduzindo vendas.
Saída - Duas fabricantes miraram na direção de
reduzir sua dependência: VW construiu duas usinas hidroelétricas em SP, e Honda
inaugura parque de geração eólica no RS. Ter negócio no Brasil e depender da
estrutura pública é emocionante.
Questão – General Motors pediu o prédio cedido ao funcionamento do Clube
de seus colaboradores. O imóvel é fora da fábrica e nele operam o espaço
recreativo, e parte da área de engenharia de desenvolvimento. GM venderá espaço
à especulação imobiliária. Perguntada, a GM não se manifestou.
Como –
Funcionários protestarão em forma de passeata dia 26.novembro, às 10h, do Clube
até o portão 1 da sede da GM. Objetivam pressionar a GM para rever sua decisão
- na prática acaba com o clube. Mais 011 972-161-818.
Razão - Há quatro anos, dentre os fatores considerados na
compra de veículo, forma de financiamento vinha em 6o lugar. Agora,
diz pesquisa do Mercado Livre Classificados, subiu para o terceiro. Estado de
conservação e preço lideram.
Desenho – Exibe outros comportamentos do comprador: 97% consulta a
Internet; após, 81% procura rede concessionária; 76%, vendedores de usados; 62%
dos pesquisados pretende trocar ou comprar carro no prazo de um ano.
Investimento –
Início do mês, leilão da francesa Artcurial, o Paris VII Sur Les Champs 2014 surpreendeu por lotes arrematados
acima do teto sempre generoso em avaliação.
Europeus -
Aston Martin DB 5 arranhou o milhão de euros (E 955.400), acima de R$ 3,3M);
Porsche Carrera 2.7 Targa de 1974 cravou E 232.400, uns R$ 700 mil; e 911 2.4S
Targa de 1971, E 212.200 - +- R$ 650 mil. Recordes mundiais.
Negócio - Jaguar
MKII, 1961, mudou de dono por E 57.200, uns R$ 180 mil. Pouco. No Brasil valem
mais. Estadunidenses
alavancaram valor dos antigos como investimento, e movimento mundial pelo
colecionismo de automóveis. Como a frota disponível é inferior ao número de
interessados, preços aceleram.
Aston Martin DB5, 1964, quase E 1M
Passado – Nas 1000 Millas Sport,
prova histórica realizada em torno de Bariloche, Argentina, presença insólita:
dois da trinca de Torinos participantes do maior atrevimento cometido por
fabricante da América do Sul, correr nas 84
Horas de Nurburgring em 1964, prova moedora de automóveis. Um deles teria
ganho – deu o maior número de voltas.
Dupla – Um dos veículos é re creation.
Foi feito por Oreste Berta, então jovem preparador da equipe argentina, em
combinação com Humberto Pagani da fábrica de esportivos Zonta. Dividirão o
volante. Os outros dois são os autênticos carros do desafio alemão. Outro
exemplar posará para fotos mas ficará estático. É falso. Um intelectual
presidindo a Renault, mandou pegar a primeira unidade e transformá-la
esteticamente num competidor de Nurburgring.
Os Torino de volta aos brilhos 50 anos após as 84 Horas de Nurburgring
Gente –
Klaus Mello, engenheiro na Ford Brasil, promoção. OOOO
Liderará time mundial para acertar a mecânica da próxima geração dos picapes
Ranger 2017. Na Austrália. OOOO Adriano Resende, experiente em marketing na Fiat,
Nissan, Land Rover e Chrysler, promoção. OOOO
Substituirá Edson Mazzucato na diretoria de marketing na Fiat. OOOO Pedreira. Mazzucato, ativo e estudioso, é de raros
enganos em suas previsões numéricas quanto aos volumes de vendas no mapa do
país. OOOO Maisa Salmi
e Rodrigo Tramontina, jornalistas, profissionais da melhor
qualidade, relacionamento e respeito no
meio, deixaram a Peugeot. OOOO Readequação da estrutura funcional à
realidade do mercado mundial. OOOO Entenda-se corte de postos
de trabalho. OOOO
* Roberto Nasser, edita@rnasser.com.br, é advogado especializado em indústria automobilística, atua em Brasília (DF) onde redige há ininterruptos 42 anos a coluna De Carro por Aí. Na Capital Federal dirige o Museu do Automóvel, dedicado à preservação da história da indústria automobilística brasileira.
* Roberto Nasser, edita@rnasser.com.br, é advogado especializado em indústria automobilística, atua em Brasília (DF) onde redige há ininterruptos 42 anos a coluna De Carro por Aí. Na Capital Federal dirige o Museu do Automóvel, dedicado à preservação da história da indústria automobilística brasileira.
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