COMBUSTÍVEL E SEGURANÇA EM FOCO.
Esta semana duas medidas da área governamental passam a ter
impacto sobre os motoristas brasileiros. A primeira já era esperada para
fevereiro mesmo: aumento de teor de etanol na gasolina de 25% para 27%
(proposta era de 27,5%, abandonada pela dificuldade na aferição nos postos). O
problema principal é que o improviso continua, pois não se concluíram os testes
com a gasolina premium. Assim até a Anfavea descambou para a improvisação ao recomendar que veículos com motor movidos
apenas a gasolina utilizem a premium, por enquanto ainda com 25% de etanol.
Tal conselho
nem deveria se cogitar porque, além do preço superior, simplesmente é difícil
encontrar o produto premium nos postos mesmo nas grandes cidades (em médias e
pequenas, praticamente inexiste). Donos de carros a gasolina mais antigos teriam
de pagar preço ainda maior pelo combustível. Com os 27% de etanol o preço da
gasolina será reduzido, inclusive para compensar um pequeno aumento de consumo
da nova formulação? Até hoje o preço sobe quando o teor de etanol cai, mas quanto
este teor aumenta o que se vê são distribuidoras e donos de postos “esquecendo”
do pormenor.
Toda essa
confusão começou em razão do grande erro de subsidiar o preço da gasolina, durante
pelo menos cinco anos, sob desculpa torta de controle da inflação. Isso
inviabilizou o etanol e abriu brecha para propostas paliativas como a atual, quase
um ato de desespero dos produtores de combustível verde. Sem contar as
distorções frente à gasolina padrão (22% de etanol) utilizada nos testes de
emissões e de consumo de combustível.
Já a Resolução
nº 518 do Contran publicada apenas neste começo de 2015 é responsável pelo
atraso de um ano em importantes itens obrigatórios de segurança. Significa que
projetos de novos modelos só terão que cumprir as exigências de 2018 em diante
e os modelos atuais poderão continuar em produção até 2020. Bancos infantis
deverão ter à disposição pelo menos uma ancoragem de alta eficiência no banco
traseiro que poderá ser ISOfix, Top-theter ou i-Size (novo padrão europeu, de
2013).
Resta saber em
quanto tempo os bancos infantis serão igualmente homologados com essas fixações
de maior segurança e, em especial, responsáveis por facilitar o encaixe
diretamente na estrutura do veículo. Utilizar apenas o cinto, como é feito
hoje, pode dar origem a erros na instalação e, em consequência, baixo nível de
proteção às crianças.
Finalmente se
exigirão três cintos retráteis de três pontos também no banco traseiro (salvo
em modelos de dois lugares atrás). Até hoje, alguns automóveis de entrada podem
ser comprados sem dois cintos retráteis traseiros, verdadeiro absurdo, pois até
inviabiliza fixar cadeira infantil. Também naquelas datas haverá até três
encostos de cabeça atrás, que curiosamente não são itens compulsórios nem na
regulamentação de segurança europeia e nem na americana.
RODA VIVA
BRASIL conseguiu
se manter como quarto maior mercado mundial de veículos em 2014, apenas 67 mil
unidades a mais que a Alemanha, apesar da queda de 7% nas vendas sobre 2013. Em
compensação o País perdeu a sétima posição entre os maiores produtores para o
México. Indústria mexicana tem custos menores e é voltada às exportações,
principalmente para os EUA.
FORD aproveitou a
Campus Party, maior feira da América do Sul voltada à informática e do geek ao empreendedor, em São Paulo, para
lançar seu Desafio da Mobilidade. O Brasil é o nono país a encarar essa
proposta coordenada pelo fabricante a fim de melhorar os deslocamentos da
população por qualquer meio de transporte terrestre. Missão ainda mais difícil
para especialistas brasileiros, pois ótimas boas ideias já foram reveladas em
outros países.
AUDI trocou,
tanto no sedã A4 quanto no sedã-cupê-hatch A5, o motor 2 L turbo de injeção
direta pelo de 1,8 L turbo de duplo sistema de injeção (indireta e direta).
Apesar de a potência ter caído de 180 cv para 170 cv, torque se manteve em
ótimos 32,6 kgfm. Objetivo: diminuir consumo de gasolina em até 21% e atender também
emissões mais restritas de material particulado exigidas na Europa. Desempenho
praticamente não mudou, em avaliação preliminar cidade/estrada, atingindo
objetivos de projeto.
IMPRESSIONA bem o
novo motor de três cilindros que a Nissan oferecerá no March, a partir de março
próximo. Com 77 cv (mesma potência com etanol e gasolina, referência não ideal)
e 10 kgfm de torque, destaca-se pelo surpreendentemente baixo nível de
vibrações. Retomadas em baixas e médias rotações são muito boas (até parece ter
cilindrada maior), comprovando o acertadíssimo trabalho de calibração da
unidade de gerenciamento eletrônico do motor.
PROPOSTA interessante
da empresa de internet de origem argentina Rodati. Negocia preços e descontos
com as concessionárias para que os clientes não tenham que visitar muitas
lojas. Foco inicial é na região metropolitana de São Paulo com promessa de voos
mais altos. No momento, atende apenas algumas marcas: Citroën, Chevrolet, Ford,
Honda, Hyundai, Renault, Nissan e Toyota. Nada é cobrado do interessado pelo
carro.
* Fernando Calmon é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no Coisas de Agora, WebMotors, na Gazeta Mercantil e também em uma rede nacional de 52 jornais, sites e revistas.
* Fernando Calmon é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no Coisas de Agora, WebMotors, na Gazeta Mercantil e também em uma rede nacional de 52 jornais, sites e revistas.
É, ainda, correspondente para a América do Sul do site Just-auto (Inglaterra).
Escreva para Fernando Calmon: fernando@calmon.jor.br ou o acompanhe pelo Twitter: www.twitter.com/fernandocalmon.
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