quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

BRASIL: A MANUFATURA DOS EMBARAÇOS.
Por Wilson Périco*

Há 14 anos, discussões acaloradas - com exageradas doses de intimidação e bravatas - acusaram a Novartis, empresa suíça, uma das mais respeitáveis no ramo dos fármacos, de promover a biopirataria ao propor, por meio de contrato público, o acesso a um punhado de fungos e bactérias para produzir, em Manaus (AM), medicamentos para doenças tropicais. Zelosa com sua reputação, a empresa decidiu investir em Singapura, sem entender a lógica daquela acusação, já que a prospecção era conjunta, com cientistas brasileiros, e o CBA (Centro de Biotecnologia da Amazônia) receberia US$ 1,00 pela venda de cada produto colocado na prateleira, por 10 anos.

Mesmo com este padrão de ação política, da precariedade de infraestrutura e de uma burocracia medieval embaraçosa, as empresas estrangeiras ainda apostam no Brasil, pois veem aqui, certamente, o potencial de oportunidades que não enxergamos. E isso, longe de nos intimidar, deve ser motivo de reflexão, avaliação e mobilização imediata para fazer do limão da crise a refrescante limonada da transformação.

"Os estrangeiros vão manter seu interesse no Brasil e as empresas nacionais continuarão com dificuldades de financiamento", além da burocracia e apatia para enfrentar os gargalos de infraestrutura, diríamos. Esta informação foi retirada do relatório da Consultoria PWC, divulgado recentemente, sobre a participação das empresas estrangeiras no Brasil, que passam à frente das nacionais, num patamar de 51%, e com perspectiva de chegar a 55% ao longo de 2016.

O fato, aparentemente preocupante, encerra razões que explicam este cenário, e que oferecem desafios para quem acredita na possibilidade de mudança de tendências. Nada contra as empresas estrangeiras se expandirem. O importante é entender para superar os obstáculos que impedem as locais de fazê-lo. Um dos problemas apontados é a valorização do dólar e o agravamento das dificuldades enfrentadas pelas empresas brasileiras em 2015. São estes fatores que abriram caminho para a ampliação de companhias estrangeiras no Brasil.

Comprar imóveis ou empresas no País recessivo de hoje é clima de black friday permanente para quem aqui aporta. Enquanto isso, taxas de juros, aumento de impostos e das tarifas públicas tendem a confirmar a tendência prevista. O que fazer para desembaraçar e avançar sem tantas amarras que impedem a transformação? Quem sabe, demonstrar ao gestor público que, fabricando menos embaraços, pode impulsionar uma indústria mais pujante, competitiva, ou seja, com mais emprego, renda e prosperidade geral.












* Wilson Périco é presidente do CIEAM - Centro da Indústria do Estado do Amazonas.


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