Um tapa no
Amarok
Seis anos após seu
surgimento o picape Amarok Volkswagen passa pela primeira atualização instigada
pelo mercado. Há 30 anos a antiga SR, construtora de cabines duplas, retirou os
picapes da posição de veículo de trabalho, carro de entregas e lavradores, e conseguiu
inseri-los na relação de itens de desejo, competindo com automóveis caros ou
importados usados. Modesta, bem sucedida, criou nova faixa de compradores, os Macho Man, trocando automóveis
confortáveis por picapes duros, ásperos, camionais, trepidantes por seus
adaptados motores diesel de trator. A
abertura das importações não mudou o foco destes compradores, exigindo
equipamentos e confortos, colocando-os na linha direta de disputa com
automóveis de relevo. Leitor sabe, um picape com o mesmo nível de equipamento,
custa acima das referências premium
do mercado, como Mercedes C, Audi e BMW 3.
Para atrair
clientela às rentáveis versões com maior conteúdo, reviu aparência frontal,
mudando desenho de faróis auxiliares, grade e para choques, aplicou rodas leves
em tamanhos opcionais entre 16 e 20”.
Exceto placa de
proteção para carter do motor e caixa de marchas, mecânica se manteve intocada,
liderada por motor diesel de 4 cilindros, 2,0 litros de cilindrada, potência
variando por versão e aplicação: carros de trabalho, frotas, um turbo
compressor e 140 cv; aplicações automobilísticas, não picapeanas, 180 cv
obtidos por dupla de sopradores. Mecânica de bom comportamento, transmissão
mecânica de seis velocidades nas versões de menor preço, e automática com oito
marchas para as superiores. Em todas a tração é permanente nas 4 rodas, e não há
caixa para marcha reduzida: a primeira velocidade é extremamente curta para
cumprir eventual demanda.
No foco para
clientes com ilógico ponto de vista de picapes como grandes carros de luxo e
com enorme porta malas, interior foi cuidado, em extensas mudanças. É
automobilístico em confortos, e nas versões superiores, Highline, regulagens
elétricas para os bancos frontais, materiais cuidados, de bom tato, e os
oferecimentos atuais de conectividade, como sistema multimídia com espelhamento de
celulares com as plataformas MirrorLink, Google Android Auto e Apple Carplay.
Outros, comando da transmissão automática sob o volante e introdução de sistema
de frenagem automática pós-colisão.
Visão
Interior supera
parte externa. Exceto derivados de automóveis, Volkswagen era jejuna em picapes
até decidir-se pelo Amarok. Seis anos após, conteve o orçamento, manteve as
linhas criadas por lápis do século passado. Mudanças intentam melhorar sua
performance no mercado – 5o. em vendas, abaixo de Chevrolet S10; Toyota Hi Lux;
Ford Ranger e Mitsubishi Triton -, entretanto permitir-se-á destacar pelo
grande argumento para o segundo semestre: motor V6 3.0, para performance acima de todos os demais.
Quanto
Versão
|
R$
|
S cabine simples
|
113.990
|
S cabine dupla
|
126.990
|
SE
|
130.990
|
Trendline
|
148.990
|
Highline
|
167.990
|
Highline Série Extreme
|
177.990
|
Acordo Mercosul UE mudará mercado?
No quase anda marcando relacionamento de 18
anos entre União Europeia e Mercosul, este apresentou proposta densa para
vários setores, incluindo o automobilístico. Pela oferta, o bloco econômico do
sul reduziria impostos de importação à razão de 2,6% anuais, zerando-o em 15
anos.
Indústria automobilística não gostou,
contrapôs oito anos na situação atual e cota de importação de 35 mil
veículos/ano. Alega, precisa prazo para se organizar, e avisa: matrizes se
desinteressarão de investir na área. Governo parece pouco sensível.
História antiga e de maus resultados. À
abertura no governo Collor, propôs-se imposto em 20%, mas pressões internas
elevaram a 35%. Sob o ponto de vista oficial, era proteção de mercado e
empregos. Mas na prática incentivou manter carros, motores e transmissões
antigos em produção e, sem competitividade com produtos externos, empacou o
desenvolvimento e garroteou a produtividade. Criou uma barreira para proteger o
atraso e a incompetência.
Proposta do Mercosul tem tudo para dar certo,
embora vá enfrentar dificuldades pelo grupo europeu no campo da agricultura e
da pecuária. Súbita eleição de Donald Trump e toda a insegurança de suas
propostas, incluindo resumir o comércio internacional em nome de manter
empregos nos EUA, pode dinamizar os negócios intercontinentais, como por
exemplo, livre comércio com o México.
Definições concretas somente as eleições de
2017 na França e na Alemanha.
Carro
elétrico é pra valer
Dúvidas a respeito de carros movidos por
combustíveis fósseis não devem existir. Nada de receio do fim das reservas,
como sempre alardeado, mas pela simplória razão de ser poluentes e contra o
meio ambiente, incluindo a saúde dos votantes e contribuintes. Opções várias
vem sendo testadas, mas entendimento entre grandes fabricantes alemães, uma das
líderes na aplicação destas tecnologias, mostra a eletricidade como o caminho
mais provável.
Audi e Porsche, do grupo VW; BMW; Daimler; e
Ford assinaram carta de intenções para trocar sinergias, conhecimentos, - e
economizar - com o criar rede de estações de recarga capaz de receber veículos
de todas as marcas. Rede capilarizada dará autonomia aos elétricos permitindo
recarga por todo o país – a Alemanha tem, a grosso modo, o tamanho do estado de
SP.
Outra novidade é a padronização de carga para
até 350 kW e adoção do Sistema de Carga Combinado, CCS, utilizando um conector
– tomada – compatível com as atuais marcas e regra para as próximas gerações.
Com tecnologia em comum além de reduzir custos para a rede inicial de 400
estações, provará a factibilização do elétrico.
História se repete na mesma Alemanha. Há 130
anos o automóvel deixou de ser coisa estranha e passou a ser visto como veículo
confiável, todos sabem, quando dona Berta Benz tirou da estrebaria o
sacolejante triciclo criado por seu marido e dirigiu 140 km pela Floresta Negra
até a casa de sua mãe.
Negócio deve evoluir para uma joint-venture, permitindo adesão de
outros fabricantes e permear a estrutura para a Europa e a ideia para o mundo.
Rede de recarga como negócio paralelo e tomada padrão. |
Roda-a-Roda
Recorde – Circuitos de
autódromos tem sido usados por fábricas de automóveis para registrar tempos de
volta – e recordes. Inglês Anglesey Coastal, no país de Gales, GB, é um desses,
vendo cair o recorde do McLaren P1 GTR.
Novo – Autor o Mono,
monoposto carenado, autorizado a andar em ruas e estradas. Leve, 580 kg, performático
ao combiná-lo com motor de 2,5 litros, 305 cv, câmbio sequencial seis marchas –
é Fórmula 3 carenado, rodou em 1” abaixo do McLaren.
Curiosidade – Briggs Automotive Company (BAC),
montadora, tem sócio brasileiro, publicitário Alexandre Gama, dono do único
exemplar no Brasil. Há dois anos anunciou fabricá-lo - mas levou o capital para
Grã Bretanha.
Quebra
galho –
Descumprindo a promessa aos revendedores de oferecer versão automática para o
Troller, Ford resumirá atrativos a séries especiais. Primeira é a Bold,em 180
unidades.
E? – Carroceria pintada em dois tons, com
sempre presente Cinza Londres Escuro, combinado com Amarelo Dakkar, Vermelho
Arizona ou Branco Diamante II. Dentro, revestimento mais escuro e o Cinza
Londres generosamente aplicado no painel de instrumentos, painéis de porta,
console, alavanca de marchas.
Menos – Caiu a previsão de carros importados
em 2016. De 39 mil unidades, deverá arranhar 36 mil. Representam apenas 1,7% no
mercado nacional.
Razões - Carros importados enfrentam três
barreiras: preço do dólar, 35% de imposto de importação e adicional de 30
pontos sobre o IPI. Abeifa, associação de classe, pede ao governo a remoção dos
questionáveis 30 pontos sobre o IPI criados na gestão do hoje policialmente
questionado Fernando Pimentel.
Otimismo – Em entrevista à Autodata, Carlos Zarlenga presidente da GM vê futuro com
otimismo: crescimento de 12 a 15% em 2017, com início de decolagem ao primeiro
trimestre. Superou previsão de Antonio Megale, presidente da Anfavea,
associação dos fabricantes, entre 6 e 8%.
Investimento
- Ao
presidente Michel Temer Toyota anunciou investimentos de R$ 600 milhões na
fábrica de Porto Feliz, SP. Boa notícia em meio a cenário econômico negativo, aporte
permitirá produção de novos propulsores para o sucessor do atual Corolla, sedã
a ser lançado nos próximos meses.
Depois - Novos motores não seguirão a tendência de downsizing, redução
em tamanho e peso, nem iniciará o caminho do uso do turbo alimentador para a
marca no Brasil. 2.000 cm3 de cilindrada, 16 válvulas, construído em alumínio,
inicia nova geração para o Corolla e futuros produtos. Primeiro Toyota nacional
com injeção direta de combustíveis, apto a receber turbo alimentador, e unidade
de força para outros futuros produtos na América Latina.
Mais – Após conquistar o
rótulo de Líder em Segurança como primeiro veículo nacional com nota máxima de
proteção para adultos e crianças, Renegade viu seis de suas versões nos Top 10
em segurança. Levantamento feito pelo Cesvi/Brasil entre 293 versões de 58
modelos e 14 marcas, o jovem Jeep foi apontado como melhor nacional, com seis
entre os 10 primeiros colocados.
Consequência – Resultado de bom
projeto e seu reconhecimento pelo mercado pelas vendas, Agencia AutoInforme
aferiu, em novembro ficou em segundo lugar em desvalorização, com perda modesta
de 6,4% em um ano de uso.
Fim – Juiz de São Bernardo do Campo, SP,
decretou a falência da Karmann-Ghia. Antes pioneira alemã pioneira vinda com a
indústria automobilística, passou de mão em mão. Última sequer pagou salários e
energia.
Acerto – Representantes da Paccar – dos EUA,
proprietária das marcas de caminhões Kenworth, Peterbilt e DAF – reuniram
executivos da DAF, operando no Brasil e da fornecedora Randon Autopeças.
Explicar filosofia, exigências, visões para enfrentar o crescimento da concorrência
no mercado. No Brasil DAF monta caminhões desde 2013 em Ponta Grossa, Pr.
Crença – Volkswagen Caminhões e Ônibus
investirá 1,5B entre 2017 e 2021. Fará novos produtos e aplicará em conteúdo de
digitalização, conectividade e, campo
prolífico, expansão internacional da marca. Recursos virão da própria operação,
e foi a segunda boa notícia automobilística para o governo Temer.
Negócio
– Aproveitando dívida líquida de 1/3 do
patrimônio, Dana de autopeças adquiriu negócios de transmissão de forças e
fluidos da italiana Brevini. Comprou 80% das ações, com opção para as
restantes. Rolou a dívida.
Futuro – Acredita fortalecer suas capacidades
nos crescentes mercados de veículos híbridos, de fora de estrada, e para as
grandes mudanças em estrutura industrial e de produto. Raul Germany, CEO da
Dana no Brasil entende, compra dará diferencial para expandir base de clientes
regionais.
Mudança – Pirelli apresentou novos pneus para a
temporada 2017 na Fórmula 1. Basicamente mantiveram o aro de 13” e cresceram
25% na área de apoio com o solo. Dianteiros são 305 mm/670 e traseiros 405
mm/670.
Futuro - Valem para os três tipos, chuva, intermediário e piso
seco. Equipes participaram intensamente dos testes, provendo mudanças
necessárias nos monopostos. Um sofrimento, pois carros 2015 buscando se acertar
para 2017.
Retífica
RN – Coluna passada atrapalhou-se com nome do designer do renascer do Willys Interlagos no
Brasil. É João Paulo Melo.
Fidel - Foi-se e é cantado como sonhador
democrático, coerente, socialista preocupado com seu povo. De outro lado, ditador
comunista preocupado em fazer fortuna pessoal em regime anti democrático,
rotulando 12.000 assassinatos dos eventuais opositores, incluindo companheiros
de armas como Justiçamento, apropriador dos bons números de saúde e educação de
Cuba como conquista de seu regime duro – e agora sem rumo.
Igual – Gente é igual automóvel. Depois da
morte são louvados por qualidades não demonstradas em vida. Por isto não há
cemitérios para os malvados.
Gente – Lapo Elkann, 39, inventador de modas, neto e
herdeiro de Gianni Agnelli, ex-top da Fiat, preso. OOOO Criou história de auto sequestro, família não acreditou, e
polícia de Nova Iorque localizou-o em festa. OOOO Diz a força policial, quantia seria para manter o clima. OOOO Que festa ... OOOO FCA não comenta. OOOO
Revitalizando
o Renegade
Para não perder o pique de vendas, manter a
disputa no segmento dos SUVs, e a sequencia de prêmios pela imprensa, Jeep
incrementou o Renegade 2017, já nos revendedores. Novidade maior está nas
versões mais vendidas, utilizando motores 1,8 litro de cilindrada, flex.
Realizou desenvolvimento sobre o propulsor,
identificando a etapa como Evo flex, para torná-lo mais ágil, potente e
econômico – na prática melhorar as sensações do motorista. Mudanças geraram 7
cv a mais, indo a 139 cavalos de força, mas o foco mais centrado da Jeep era
dar melhores sensações ao condutor. Para isto privilegiou o funcionamento ao
aplicar coletor de admissão variável – o percurso varia para maior ou menor
distância dependendo da demanda comandada pelo acelerador -; aplicou bomba de
combustível inteligente, mudando a pressão de acordo com a exigência; e,
epicurismo mecânico, aplicou óleos lubrificantes de menor atrito para motor e
transmissão.
Resultado
obtido, maiores maneabilidade e respostas em baixas rotações, menor necessidade
de mudança de marchas – e até 10% na redução de consumo. Outros melhoramentos
foram monitoramento indireto da pressão dos pneus – menor pressão aumenta o
consumo -, indicador de troca de marchas, pneus ditos verdes, com menor atrito na rolagem com o solo, alternador
inteligente – só gera energia sob demanda, reduzindo o auxílio do motor. Criou versão
Limited assinalando o topo no segmento com motor 1,8 flex.
Na linha mantém a exclusividade do motor diesel 2,0 e transmissão automática de nove velocidades. O Renegade é o único dentre os utilitários esportivos não derivado de carro de passeio.
Na linha mantém a exclusividade do motor diesel 2,0 e transmissão automática de nove velocidades. O Renegade é o único dentre os utilitários esportivos não derivado de carro de passeio.
* Roberto Nasser, edita@rnasser.com.br, é advogado especializado em indústria automobilística, atua em Brasília (DF) onde redige há ininterruptos 42 anos a coluna De Carro por Aí. Na Capital Federal dirige o Museu do Automóvel, dedicado à preservação da história da indústria automobilística brasileira.
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