A contratação de energia por um prazo mais longo, para trazer segurança orçamentária, e a racionalização dos recursos foram suas prioridades nesse início de jornada. “Diria que usei, nestes primeiros 30 dias, metade do tempo tratando desses temas”, ressalta.
“Primeiro, no sentido de tentar uma contratação de energia por prazo mais longo, pelo menos até 2022 [atualmente esse acordo é anual], para termos segurança em nossos orçamentos”, destaca. “E segundo, verifiquei dentro das diretorias o que é possível fazer para racionalizar recursos, de modo a aperfeiçoar a inter-relação entre as áreas, com uma trabalhando em benefício da outra. Isso gera uma sinergia maior e economiza custos e recursos humanos, entre outros.”
Uma das medidas de Silva e Luna nesse sentido foi criar uma estrutura na Diretoria Geral Brasileira para centralizar as informações e articular as ações intersetoriais. “O que me deixa confortável é a capacidade humana que encontrei na Itaipu, tanto no aspecto técnico quanto no comprometimento com a empresa”, diz. “Isso me dá uma confiança muito grande e, mais que isso, me dá a esperança de que nós vamos, num prazo muito curto, juntar esforços e fazer ainda melhor o que temos feito até hoje, em tudo.”
Em uma empresa como a Itaipu, líder no seu setor, fazer melhor não deixa de ser um desafio. No dia 5 de maio a Itaipu completará 35 anos de geração de energia em seu auge operacional. As cinco maiores marcas históricas anuais aconteceram nos últimos sete anos. Segundo Silva e Luna, assumir a empresa nesta condição traz, ao mesmo tempo, tranquilidade e ainda mais responsabilidade. “A máquina está engrenada e não podemos diminuir o ritmo. O compromisso é tentar pelo menos manter este nível produtivo.”
O novo diretor-geral brasileiro também terá grandes responsabilidades, como fornecer todo o suporte necessário à renegociação de revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que dispõe sobre as bases financeiras da sociedade com os paraguaios e vence em 2023, e também conduzir pela margem brasileira o projeto de atualização tecnológica da usina. “Mas me sinto preparado”, diz.
De acordo com o general, é preciso construir a percepção de que, na renegociação do Anexo C, as duas partes (Brasil e Paraguai) devem ganhar, caso contrário, todos perdem. “Outra maneira de enxergar a situação é, em vez de trazer 2023 para o dia de hoje, inverter o processo e ver em que situação estaremos daqui a quatro anos em termos de produção, demanda e crescimento, do Brasil e do Paraguai, como podemos melhorar a nossa forma de contratar energia e de atualizar as tarifas”, explica. “Tudo isso deve ser construído ao longo do tempo, de modo que, quando conseguirmos alinhar essas informações, faltará muito pouco para o consenso. Se fosse uma corrida, seria só cruzar a linha de chegada.”
O general estudou a Itaipu Binacional antes de assumir oficialmente a função de diretor-geral brasileiro e também já havia visitado a usina no ano passado, quando ainda estava no cargo de ministro da Defesa. No entanto, agora, vivenciado a empresa por dentro, tem outra visão dela. “Itaipu é muito maior do que os números podem expressar, em todos os sentidos”, afirma. “Tive uma surpresa muito favorável.”