quinta-feira, 2 de maio de 2024

ÍDOLO, CAMPEÃO E SÍMBOLO DE UMA NAÇÃO, AYRTON SENNA. Por Luiz Carlos Secco*

Foto: Instituto Ayrton Senna.

O primeiro de maio no Brasil, que sempre foi de comemoração como Dia do Trabalho, passou a ser um dia triste pelo País ter perdido um ídolo, líder que proporcionou alegria ao povo e contribuiu para o seu progresso.

Há exatos 30 anos, perdemos Ayrton Senna da Silva, para a maioria de nós brasileiros, o melhor piloto de automóveis do mundo em toda a história do automobilismo.

Ayrton foi o herói brasileiro, três vezes campeão mundial, com vitórias memoráveis e virtudes reconhecidas até por seus adversários. Alguns deles prestigiaram a homenagem-póstuma, entre os quais Alain Prost, o mais tradicional rival das pistas; Gerhard Berger, tido como seu melhor amigo, e Frank Williams, proprietário da equipe que Senna defendia.

Quem não se lembra da comoção que hoje em todo o País, mas em especial em São Paulo, onde foi realizado o traslado de Ayrton Senna do Aeroporto de Guarulhos ao Palácio do Governo, com aproximadamente 30 quilômetros, pela Via Dutra.

As ruas da cidade ficaram lotadas de fãs e muitos portavam faixas com frases de lamento pela sua morte e de agradecimentos pelas alegrias proporcionadas na maioria dos domingos. Com Ayrton Senna os brasileiros tinham alegria, inspiração, motivação e esperança a cada final de semana em que havia corrida da Fórmula 1.

Lembro que, mais de uma década antes desse fatídico 1º de maio, a Ford possuía um ativo Departamento de Competições que foi estratégico para a fabricante que tinha a tradição de usar as corridas como forte instrumento de marketing e de vendas.

Em 1983, a Ford firmou contrato com Emerson Fittipaldi como imagem pessoal e para contar com a sua participação em diversos eventos. E algum tempo depois, também com Ayrton Senna, que havia acabado de conquistar os títulos de campeão britânico de Fórmula Ford 1600 e britânico e europeu de Fórmula Ford 2000.

Um dos primeiros eventos da Ford que contou com a presença de Senna foi o lançamento, naquele mesmo ano, do Escort, realizado no Autódromo de Jacarepaguá, onde o piloto deu um show de pilotagem, levando jornalistas especializados de todo o País e convidados em voltas no circuito.

Foi surpreendentemente agradável ouvir dos jornalistas as emoções que sentiram, a grande maioria ficou eletrizada e até algumas esposas que também compareceram expressaram suas emoções.

Vocês podem imaginar as efusivas emoções sentidas por todos em uma oportunidade de acompanhar dois campeões mundiais em velocidade próxima de 200 quilômetros por hora nas retas e as sensações que provocam o domínio do carro nas curvas?

No caso de Senna, a emoção foi tanta que os carros tiveram que ser recolhidos para troca dos pneus cinturatos que, de tanto esforço no subir e descer das zebras, estavam com as cintas de aço expostas nos ombros.

Em 1983, a Ford promoveu outro lançamento e eu, como gerente de comunicação da empresa; Júlio Carvalho, gerente de Relações Públicas, e Reynaldo Mesanelli, gerente de Marketing e programas, apresentamos à diretoria um plano de apresentação, em São Paulo, no Autódromo de Interlagos.

O programa constou de uma corrida para pilotos do passado que sentiram a alegria de novamente conduzir um carro na pista e relembrar as emoções das competições vividas. E foram prestigiados por Ayrton Senna, Emerson Fittipaldi e Francisco Landi, que foi o primeiro astro do automobilismo brasileiro, com vitória no Grande Prêmio de Bari, na Itália.

Emerson Fittipaldi, Francisco Landi e Ayrton Senna. Foto: Oswaldo Luiz Palermo.

Ayrton Senna participou de vários outros eventos e, mesmo depois de encerrar o contrato com a Ford, mantinha a postura exemplar de atenção, cordialidade e cuidado com os outros.

Lembro que, na sua vitória no GP de Detroit de 1987, já de Lotus-Honda, Senna deu especial atenção aos jornalistas brasileiros que a Ford levou para acompanhar a prova.

Isso me faz lembrar de outro amigo falecido e profundo conhecedor das pistas e dos pilotos, Chico Rosa.

Foi ele que, ainda na década de 1970, me confidenciou que estava chegando um novo piloto brasileiro, que seria melhor do que os todos os outros: Ayrton Senna.

>> Esta e outras histórias vividas e narradas pelo jornalista Luiz Carlos Secco você pode ouvir no podcast Muito Além de Rodas e Motores
 Clique aqui e ouça agora

*Luiz Carlos Secco trabalhou, a partir de 1961 até 1974, na empresa S.A. O Estado de São Paulo e Jornal da Tarde, além da revista AutoEsporte. Posteriormente, transferiu-se para a Ford, onde foi responsável pela comunicação da empresa. Com a criação da Autolatina, passou a gerir o novo departamento de Comunicação da Ford e da Volkswagen. Em 1993, assumiu a direção da Secco Consultoria de Comunicação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário