sexta-feira, 13 de setembro de 2024

MEU SUSTO NO 11 DE SETEMBRO. Por chicolelis*

Getty Images

Para mim, o 11 de setembro não foi apenas um atentado terrorista. Foi pior que isso. Foram horas de angustia. Como fazia regularmente (e faço até hoje) ouvia o rádio na minha sala quando o locutor da JP anunciou a tragédia norte-americana, o ataque às Torres Gêmeas.

Corri para a sala do meu chefe, onde tinha uma TV e pedi que ele a ligasse “correndo”, para assistirmos as cenas geradas de Nova York. Ao ouvir a minha justificativa para tamanha afobação, ele ficou vermelho, com os olhos cheios de lágrimas e disse: “meu filho está lá e tinha programado para hoje uma visita às Torres Gêmeas”, mal conseguindo concluir a frase e se levantar da cadeira.

Imediatamente tentou falar com o hotel onde o jovem estava hospedado com um amigo – o salvador da dupla – pois a comunicação com Nova York estava totalmente interrompida.

Por que o colega do filho do meu amigo e chefe foi o salvador da dupla? Simples, ele se atrasou e perderam quase meia hora para tomar o Metrô e seguir para as Torres Gêmeas, duas estações antes daquela que os deixaria ao pé da tragédia.

Mas meu chefe só soube disso quando, horas depois, conseguiu comunicar-se com o filho que, a exemplo de todo jovem e, junto com seu amigo, não se conformou em não chegar ao seu destino. Assim, ao saírem do Metrô, ao invés de voltarem, tentaram chegar às torres. Mas, quando viram aquela nuvem de poeira, provocada pela queda dos dois prédios, seguindo na direção dos dois, colocaram-se a correr e o único dano maior foi nos cabelos (compridos) que ficaram como se tivessem mergulhado em um tanque com cimento.

Susto paralelo

Quase toda a diretoria da empresa estava fora, mas lembrei-me que o vice-presidente de Finanças, norte-americano, estava em seu escritório. Antes mesmo que o segundo avião atingisse a segunda torre, fui até a sala dele e falei do atentado. Incrédulo, ele disse que era “impossível, que aquilo não poderia ter  acontecido nos Estados Unidos”.

Minutos depois ele se juntou a nós para assistir o final da tragédia, enquanto meu amigo tentava desesperadamente contatar alguém que pudesse lhe informar sobre o seu filho, designer, que hoje vive na Alemanha, com dois filhos, trabalhando em um fabricante ligado à Stellantis.


*chicolelis - Jornalista com passagens pelos jornais A Tribuna (Santos), O Globo e Diário do Comércio. Foi assessor de Imprensa na Ford, Goodyear e, durante 18 anos gerenciou o Departamento de Imprensa da General Motors do Brasil. Fale com o Chico: chicolelis@gmail.com. A caricatura é um presente do Bird Clemente para o chicolelis, que tem no ex-piloto, seu maior ídolo no automobilismo.

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