quarta-feira, 2 de abril de 2025

DOMICÍLIOS BRASILEIROS DESCARTAM CERCA DE 4 MILHÕES DE TONELADAS DE RESÍDUOS TÊXTEIS A CADA ANO

Levantamento inédito da consultoria internacional S2F Partners mostra que cada residência descartou, na média, 44 kg de roupas e calçados em 2024.

Foto: pensamentoverde.com.br

Todos os anos, a Organização das Nações Unidas promove o Dia Internacional do Desperdício Zero e o tema para 2025 é a redução de poluição por resíduos no setor Fashion e Têxtil. Dados inéditos da consultoria internacional S2F Partners, boutique especializada em gestão de resíduos e economia circular, mostram que os domicílios brasileiros descartam cerca de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis a cada ano.

De acordo com o levantamento, cada residência descartou, na média, 44 kg de roupas e calçados em 2024. Sendo que o maior descarte por domicílio foi na região Nordeste com 47 kg por moradia no ano. E o menor descarte na região Sul com 35 kg por domicílio.

Considerando o universo total de resíduos, cada brasileiro descartou, em média, cerca de 382 kg de materiais, em 2023. Os resíduos secos representam 33,6%, enquanto a fração orgânica totaliza 45,3%. Os resíduos têxteis, couros e borrachas representam 5,6%, cerca de 4,6 milhões ton/ano.

“Ao contrário de outros segmentos que estão encaminhados no processo da coleta seletiva, o setor têxtil precisa incorporar alguma iniciativa nesse sentido. Há ainda muitos desafios diante das características desse tipo de resíduo, como o tempo de decomposição de alguns tecidos, que podem levar de cinco a dez anos, e outros que podem demorar centenas de anos para se decompor”, avalia Carlos Silva Filho, sócio da S2F Partners e membro do Conselho da ONU para temas de resíduos.

Os dados estimados pela S2F Partners apontam que as regiões Sudeste e Norte estão entre as que mais se desfazem desse de material, com 1,73 milhão ton/ano e 1,15 milhão ton/ano. As que menos descartam são as regiões Centro-Oeste, com 280 mil ton/ano, Norte, com 360 mil ton/ano e ⁠Sul, com 480 mil ton/ano.

Cenário internacional

 No âmbito mundial, em 2023, a geração de resíduos têxteis registrou 92 milhões de toneladas. A cada segundo, um caminhão de lixo de têxteis - como roupas, calçados, roupas de cama e cortinas - é encaminhado para unidades de disposição final.

Estima-se que o setor têxtil seja responsável por algo entre 2% e 8% das emissões globais de gases de efeito estufa, e consome 215 trilhões de litros de água por ano, o equivalente a 86 milhões de piscinas olímpicas. “A fast fashion está levando as pessoas a comprar mais, mas usar por menos tempo, com um custo de US$ 460 bilhões por ano. Enquanto isso, menos de 1% do material das roupas é reciclado e transformado em novos itens”, observa o membro do Conselho da ONU para temas de resíduos.

“A falta de conscientização para reduzir a geração de resíduos e o melhor reaproveitamento dos materiais gerados são questões ainda em evolução no setor de resíduos no País. No entanto, quando se observa a quantidade de resíduo têxtil descartado nos lares, acende-se a luz vermelha de que é necessário pensar em ações prioritárias de sustentabilidade na linha de produção e no mundo da moda, agregando materiais e processos com mais possibilidades de estender a vida útil e viabilizar o reaproveitamento, mas também uma forma de consumir de forma mais consciente, assim como atuação do poder público de forma a regular o descarte correto desses materiais, sempre com a tentativa máxima reutilização”, diz Carlos, que também é presidente honorário da ISWA, entidade internacional de resíduos sólidos.

S2F Partners

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Clara H. Costa Acciarto
claraheloisa@hotmail.com

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