Com avanço de 35% e 8% respectivamente, a movimentação portuária dispara e reforça o papel estratégico da Região Norte no escoamento da produção nacional
Os portos públicos de Rondônia e do Amapá apresentaram forte crescimento na movimentação de cargas no mês de abril, impulsionados principalmente pelo escoamento de grãos como a soja. Segundo dados do Painel Estatístico Aquaviário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), os terminais do Amapá e de Rondônia tiveram alta de 35% e 8%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado.
No Amapá, o Terminal Portuário de Santana registrou um expressivo crescimento na movimentação de cargas, com alta de quase 35%, consolidando-se como um dos principais corredores logísticos da Região Norte. Em granéis sólidos, foram movimentados 382 mil toneladas no mês, um aumento de 43,06% em relação ao mesmo período de 2024. Desse total, 254 mil toneladas foram de soja e outras 36 mil toneladas de resíduos da extração do grão, reforçando o protagonismo do estado no escoamento da produção agrícola da região. Em abril de 2024, o terminal havia movimentado 283 mil toneladas, sendo 267 mil de granéis sólidos e, destes, 164 mil toneladas de soja.
O terminal de Porto Velho, em Rondônia, movimentou 253 mil toneladas no mês de abril, um crescimento de quase 8% em relação ao mesmo período do ano anterior. A soja liderou entre os produtos embarcados, com 237 mil toneladas, um aumento de aproximadamente 10% na comparação anual. Os números refletem o fortalecimento da cadeia logística regional e a importância crescente da infraestrutura portuária para a economia do estado. Em abril de 2024, foram movimentadas 235 mil toneladas, sendo 216 mil de soja.
Para o secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério de Portos e Aeroportos, Alex Ávila, os resultados confirmam o papel estratégico da Região Norte como alternativa viável aos tradicionais corredores de exportação do Sudeste e Sul. “O fortalecimento dos portos do Amapá e Rondônia representa mais do que um avanço econômico regional, é um passo decisivo na consolidação de uma logística nacional mais integrada, eficiente e sustentável, alinhada aos desafios do crescimento do agronegócio brasileiro”, destacou Ávila.
Investimentos e modernização
Em fevereiro de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, oficializaram o arrendamento do terminal MCP03, no Porto de Santana (AP), estrutura voltada para a armazenagem e movimentação de granéis sólidos vegetais, como soja e milho.
Fruto de leilão realizado em dezembro de 2024, o contrato prevê investimentos de R$ 89 milhões ao longo de 25 anos, com vigência até 2049. Entre as melhorias previstas estão a ampliação do Píer 1, dragagem de aprofundamento, pavimentação e a instalação de novos silos de armazenagem. Essas obras permitirão que a capacidade de carga do terminal salte de 450 mil para 917 mil toneladas, praticamente dobrando o potencial de escoamento da produção.
Hidrovias
Para expandir a movimentação de produtos da Região Norte para o restante do país, o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) incluiu a hidrovia do Rio Madeira na carteira de ativos que serão concedidos à iniciativa privada. Ligando os estados de Rondônia e Amazonas, a hidrovia é considerada estratégica para o escoamento da produção nacional. O trecho tem 1.075 quilômetros de extensão e integra os planos do governo para fortalecer a logística regional por meio de modais sustentáveis. O Ministério de Portos e Aeroportos trabalha no modelo e prevê que o leilão seja realizado até o final de 2026.
Mesmo diante da severa seca registrada em 2024, o corredor fluvial movimentou cerca de 10 milhões de toneladas de cargas. Estudos técnicos indicam que o potencial da hidrovia pode ultrapassar 25 milhões de toneladas ao ano, reforçando sua importância para a matriz logística brasileira.
O projeto de concessão prevê investimentos de aproximadamente R$ 109 milhões em obras de infraestrutura, como dragagem, derrocagem, balizamento e sinalização, além de R$ 40 milhões destinados à operação ao longo de um contrato de 12 anos. As intervenções devem ampliar a segurança da navegação e impulsionar a geração de emprego e renda nos municípios e comunidades ribeirinhas ao longo do trajeto.
A cobrança de tarifas sobre as cargas transportadas será iniciada apenas após o início efetivo da prestação dos serviços pela futura concessionária. O transporte de passageiros continuará isento de cobrança, mantendo o caráter social do modal para a população local.
Ministério de Portos e Aeroportos
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