Reconhecimento mais longevo das artes cênicas no país reforça, em 2025, o compromisso com a diversidade, a inovação estética e a transformação social por meio da cultura
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Foto: acostafotografia | Divulgação |
O Prêmio Shell de Teatro, uma das premiações mais tradicionais da classe teatral brasileira, anunciou nesta sexta (11) a lista de indicados do primeiro período da 36ª edição. Com reconhecimento à excelência das artes cênicas brasileiras, o prêmio contempla produções nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, com destaque para espetáculos que se sobressaíram pela originalidade, relevância e qualidade artística. Criado em 1988 pela Shell Brasil, o prêmio é o mais longevo da categoria e acompanha, há mais de três décadas, as transformações da cena teatral no país.
Com um total de nove categorias, 20 peças e mais de 50 profissionais indicados, a 36ª edição dá o pontapé inicial com destaque para os espetáculos Torto Arado – O Musical e Vinte que concentram três indicações cada, no Rio de Janeiro, evidenciando a força da cena musical contemporânea e das dramaturgias voltadas à representatividade. Em São Paulo, Nebulosa de Baco, Lady Tempestade e Carne Viva figuram entre os que mais acumulam indicações, reafirmando a potência da cena autoral paulistana.
“Há mais de três décadas, a Shell Brasil afirma seu compromisso com a valorização da arte brasileira por meio do Prêmio Shell de Teatro. Mais do que uma celebração de talentos, a premiação é uma forma concreta de estimular a continuidade da criação artística no país, reconhecendo o teatro como linguagem essencial de crítica, memória e transformação social. Ao acompanhar a pluralidade estética e temática dos nossos palcos — da tradição à inovação — seguimos reafirmando nosso papel de incentivadores da cultura brasileira”, destaca Glauco Paiva, gerente executivo de Comunicação e Marca da Shell Brasil.
Entre os profissionais indicados, nomes consagrados como Muato e Mauricio Lima, ambos de Vinte, espetáculo do Rio de Janeiro, voltam a figurar entre os indicados, com histórico de premiações anteriores: na edição de 2024, Muato conquistou o prêmio de música; enquanto Mauricio Lima, o troféu de Direção por Arqueologias do Futuro, ao lado de Dadado de Freitas.
Entre as indicações de São Paulo, destacam-se artistas de Nebulosa de Baco, como Marcos Damaceno e Rosana Stavis, que retornam à lista após ambos terem sido indicados por A Aforista, em 2023. Marcos Damaceno já conquistou um prêmio Shell: na categoria Dramaturgia pelo espetáculo Homem ao Vento, em 2018.
Criada para reconhecer projetos que fazem da arte um motor de transformação social, a categoria “Energia que Vem da Gente” valoriza iniciativas culturais enraizadas em seus territórios. Do Rio, a lendária Turma Ok entra na lista com seus mais de 60 anos como ponto de encontro, celebração e resistência LGBTQIA+, enquanto o Instituto Cerne é lembrado pela força da Escola Popular de Teatro da Baixada, que pulsa em São João de Meriti. Em São Paulo, a Cia Teatro Documentário leva o cotidiano da Bela Vista às ruas com projetos criados junto aos moradores, e o Teatro de Contêiner transforma o entorno com oficinas que geram renda, autonomia e novas possibilidades para mulheres em situação de vulnerabilidade.
Tendência: Representatividade e Diversidade como Protagonistas
A 36ª edição chega com holofotes voltados a espetáculos que abordam temas como representatividade racial, diversidade de gênero e enfrentamento de desigualdades históricas. Montagens como Torto Arado – O Musical, Vinte, Devora-me e Ao Vivo (Dentro da Cabeça de Alguém), Pai Contra Mãe ou Você Está Me Ouvindo?, Elisa em Fuga – Segundo Ensaio Sobre o Terror destacam corpos e vozes historicamente marginalizados, evidenciando o teatro como espaço de escuta, resistência e afirmação de identidades.
A expressiva presença de mulheres nas fichas criativas das produções — um total de 24 profissionais —, além de artistas LGBTQIA+ e iniciativas comunitárias entre os indicados, refletem o compromisso do teatro brasileiro com pautas sociais.
Indicados pelo Júri do Rio de Janeiro
Marcia Zanelatto – Devora-me
Mauricio Lima e Tainah Longras – Vinte
Camila Bauer – Instinto
Elísio Lopes Júnior – Torto Arado – O Musical
Alan Rocha – Martinho, Coração de Rei, O Musical
Rafael Bacelar – Ao Vivo (Dentro da Cabeça de Alguém)
Larissa Luz – Torto Arado – O Musical
Liliane Rovaris – As Pequenas Coisas
Beli Araújo e Lidia Kosovski – Devora-me
Cachalote Mattos – À Vinha d'Alhos
Julia Vicente – Vinte
Marcelo Olinto – Os Mambembes
Ana Luzia de Simoni – O Céu da Língua
Nadja Naira – Ao Vivo (Dentro da Cabeça de Alguém)
Jarbas Bittencourt – Torto Arado – O Musical
Muato – Vinte
Instituto Cerne – Pela criação da Escola Popular de Teatro da Baixada e pela dedicação à formação e à programação cultural contínua em São João de Meriti.
Turma Ok – Por sua trajetória de mais de 60 anos enquanto lugar de acolhimento para pessoas LGBTQIAPN+, com apresentações artísticas e encontros sociais em forma de ações de resistência.
José Fernando Peixoto de Azevedo – Elisa em Fuga – Segundo Ensaio Sobre o Terror
Marcos Damaceno – Nebulosa de Baco
Silvia Gomez – Lady Tempestade
Jé Oliveira – Pai Contra Mãe ou Você Está Me Ouvindo?
Luiz Fernando Marques (Lubi) – Um Clássico: Matou a Família e Foi ao Cinema
Alexandre Galindo – Veneno
Rosana Stavis – Nebulosa de Baco
Sirlea Aleixo – Furacão
Luh Maza – Carne Viva
Marcia Moon – O Papel de Parede Amarelo e EU
Eder Lopes – Pai Contra Mãe ou Você Está Me Ouvindo?
Isabela Capeto – Os Irmãos Karamázov
Aline Santini – Carne Viva
Ricardo Vívian e Sarah Salgado – Lady Tempestade
Alzira E, Arnaldo Antunes, DJ K, Jéssica Caitano, Juçara Marçal, Kiko Dinucci, Maria Beraldo, Maria Esmeralda, Maurício Pereira, Negro Leo, Nuno Ramos, Rodrigo Campos, Rodrigo Ogi, Romulo Fróes e Tulipa Ruiz – Avenida Paulista, da Consolação ao Paraíso
Clara Potiguara – Tybyra – Uma Tragédia Indígena Brasileira
Cia Teatro Documentário – Por duas décadas de trabalho pela valorização e revitalização de espaços na região da Bela Vista, com o envolvimento de moradores, como no espetáculo de rua Cavalo Bravo não se Amansa.
Teatro de Contêiner – Pelo seu relevante trabalho com a população vulnerável do entorno do teatro, como a iniciativa “Tem Sentimento”, que oferece oficinas e atividades para a geração de renda de mulheres.
Corpo de jurados do 36º Prêmio Shell de Teatro
Bia Radunsky (gestora e curadora de projetos culturais)
Biza Vianna (figurinista, diretora de arte e produtora cultural)
Daniele Ávila (artista de teatro, crítica e curadora)
Leandro Santanna (produtor cultural, gestor público e ator)
Paulo Mattos (curador e produtor cultural)
Gabriela Mellão (autora, diretora e jornalista teatral)
Ferdinando Martins (Professor e crítico de arte)
Lucelia Sergio (atriz, diretora e dramaturga)
Maria Luisa Barsanelli (jornalista)
Sergio Oliveira (curador, produtor e gestor cultural)
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