A Rede Globo começou na segunda-feira, dia 28 de abril, uma série de reportagens, apuradas no Brasil e no exterior, sobre o que define como “produtividade do trabalhador brasileiro”. Confundindo os conceitos de produção e produtividade, que em Economia não são sinônimos. Mas a Globo não está sozinha nessa confusão, muita gente comete o equívoco, inclusive autoridades e outros setores da mídia.
Produção é o conjunto de bens e/ou serviços produzidos por um trabalhador, empresa, setor ou país dentro de um determinado período. Quando se diz que xis toneladas de soja foram exportadas no ano tal, isso se refere à produção. Já a produtividade do trabalho seria medida pelo número de trabalhadores envolvidos nessa produção. Ou a produtividade do capital envolveria outros insumos, como veremos abaixo.
Produção é o conjunto de bens e/ou serviços produzidos por um trabalhador, empresa, setor ou país dentro de um determinado período. Quando se diz que xis toneladas de soja foram exportadas no ano tal, isso se refere à produção. Já a produtividade do trabalho seria medida pelo número de trabalhadores envolvidos nessa produção. Ou a produtividade do capital envolveria outros insumos, como veremos abaixo.
Os conceitos envolvem pequenas variações, mais pontuais, porém mais comumente se pode definir a produtividade como o faturamento bruto dividido pelo número de trabalhadores envolvidos na produção. Os postos de gasolina costumam liderar os índices de produtividade porque é um dos setores de maior faturamento bruto e pouco intensivo em mão de obra. Para entender claramente, pegue o faturamento de um posto que tenha cinco frentistas. A divisão do bolo por cinco vai resultar num número muito elevado, que será apurado percentualmente. É a produtividade. Mas essa apuração, em outro conceito, pode envolver também os demais custos envolvidos na operação, incluindo até investimentos ainda não amortizados.
Aprofundando um pouco, numa seara mais técnica, ouçamos o economista Paulo Sandroni, autor do Novo Dicionário de Economia: “Produtividade é o resultado da divisão da produção física obtida numa unidade de tempo (hora, dia, ano) por um dos fatores empregados na produção (trabalho, terra, capital). Em termos globais, a produtividade expressa a utilização eficiente dos recursos produtivos, tendo em vista alcançar a máxima produção na menor unidade de tempo e com os menores custos. Comumente, o termo “produtividade” se refere à produtividade resultante do trabalho humano com a ajuda de determinados meios de produção (máquinas, ferramentas e equipamentos). Essa produtividade do trabalho é o quociente da produção pelo tempo de trabalho em que foi obtida. A produtividade do capital, por sua vez, é a quantidade produzida por unidade de capital investido. Vários são os fatores que influem na elevação da produtividade do trabalho: desenvolvimento tecnológico dos equipamentos empregados (meios de produção), nível da divisão social do trabalho; grau de especialização e escolaridade da mão de obra, qualidade das matérias-primas utilizadas e organização e controle da produção. É difícil quantificar globalmente a taxa de produtividade do trabalho, pois ela varia conforme a empresa, a região e os fatores acima relacionados; contudo, podem-se estabelecer comparações entre empresas, regiões ou países. É importante notar que a produtividade tende a ser maior nas empresas de capital intensivo e menor nas de trabalho intensivo. Muitas vezes a intensificação da produtividade pela adoção de melhorias tecnológicas tem repercussões sociais negativas, uma vez que pode causar desemprego. O aumento da produtividade do trabalho com o emprego de novos equipamentos e especialização do trabalhador corresponde a um aumento da exploração da mão de obra. Na economia marxista, isso equivale a uma maior produção de mais valia: o trabalhador produz em menor tempo o suficiente para reproduzir o valor de sua força de trabalho, deixando ao empresário um maior excedente de produção”.
Agora vamos o professor Sandroni sobre a produção: “Fabricação de um bem material ou prestação de serviços. É uma característica da sociedade humana que se reproduz e se desenvolve por meio da produção. A produção ocorre mediante a combinação de três elementos ou fatores de produção: o homem, os instrumentos de trabalho que ele usa e a terra (ou natureza), sobre a qual ele age. A qualidade e a produtividade do trabalho são dadas pelo desenvolvimento técnico dos instrumentos (máquinas, ferramentas) e pelo grau de especialização do trabalhador. Esse grau de desenvolvimento das forças produtivas caracteriza a sociedade e leva às mudanças sociais. Nas modernas sociedades industriais , o processo produtivo se caracteriza pelo intenso desenvolvimento da mecanização e da automação”.
O equívoco da Globo, onde já trabalhei na chefia de reportagem do jornalismo paulista, não é irrelevante. O jornalista é um generalista, e mesmo quando especializado não é obrigado a conhecer tudo. Mas há várias questões. Trabalhei muitos anos no jornalismo econômico, nas áreas de micro e principalmente macro economia, e estudava muito antes de fazer uma entrevista. Certa vez comprei quatro livros sobre um único tema, para poder fazer uma longa entrevista de perguntas e respostas. Nesse caso, eu editava o “Jornal do Economista”, mensal. Havia tempo para estudar e não perguntar nem escrever bobagens Às vezes, no ritmo frenético das redações diárias, não há tempo para tanto requinte. A solução: ter um consultor técnico altamente capacitado para matérias de alta relevância e repercussão. Uma rede do porte da Globo pode, e deve, pagar. Isso será sempre imprescindível.
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