quarta-feira, 7 de maio de 2014

EDUCAÇÃO PRECISA SER OBRIGATÓRIA.
por Milton Saldanha*

Uma turba completamente descontrolada tortura durante meia hora e mata uma dona de casa inocente. Dois ou três insanos arrancam vasos sanitários de um estádio e jogam sobre outros torcedores, no final de um jogo de futebol. A coleção de cenas deprimentes nos estádios, a propósito, daria muitas horas de filme. Por qualquer incidente banal, no trânsito, malucos puxam revolveres e saem atirando. Isso tudo, para não falar das mais diversas formas de violência que assolam não apenas o Brasil, como erroneamente se pensa, mas quase todos os países do mundo. Ou alguém acha que num país escandinavo estaria totalmente a salvo de sofrer alguma forma de violência? Fosse assim, eles nem precisariam manter polícias. 

O tamanho do Brasil, e sua imensa população, dezenas de vezes maiores do que a maioria dos países, evidentemente torna o problema da violência aqui também maior. Ilusão e falta de informação é achar que essas coisas só acontecem aqui. O racismo de grande parte dos europeus é a prova mais evidente de que o atraso da humanidade não se concentrou somente aqui. Isso, infelizmente, é universal. Fato que nada atenua, nem exclui responsabilidades, principalmente dos governantes e legisladores, que têm obrigação, pois são pagos para isso, de achar as soluções.

Pode-se falar o que quiser de Cuba, mas foi o país mais seguro que  visitei, entre os cerca de 70 onde já pisei. Claro que não há como se comparar a pequena ilha com o porte continental do Brasil. A questão é outra: lá a educação é obrigatória para 100% das crianças, sob pena de retirada dos filhos da guarda dos pais. Além disso, alguém flagrado assaltando a mão armada vai apodrecer na cadeia, fora os riscos da pena de morte. O sujeito pensa dez vezes antes de sair assaltando. Quando viajei através de Cuba, de carro, com meu irmão Rubem Mauro, a gente dava carona até para moças sozinhas, em estradas. Isso, para nós, parecia inacreditável. Mas em Cuba é uma coisa normal e corriqueira. Apesar dos seus problemas, não diferentes dos problemas de outros países, os cubanos alcançaram um nível de relacionamento humano, graças à educação obrigatória, que aqui sequer sonhamos, com nossa infância mal assistida ou mesmo completamente abandonada. Como esperar, portanto, que sem uma assistência real à infância e juventude possamos superar esse atraso medieval?











* Milton Saldanha, 68 anos, gaúcho, é jornalista desde os 17 anos. Trabalhou na imprensa de Santa Maria (RS) e Porto Alegre. Vive em São Paulo há mais de 40 anos. Passou por muitos empregos, entre eles Rede Globo, Estadão, TV Manchete, Diário do Grande ABC, Jovem Pan, revista Motor3, Ford Brasil, IPT, Conselho de Economia e vários outros, inclusive na Ultima Hora. Ao se aposentar, criou o jornal Dance, já com 19 anos. É autor dos livros “As 3 Vidas de Jaime Arôxa” (Editora Senac Rio); “Maria Antonietta, a Dama da Gafieira” (Phorte Editora) e “O País Transtornado” (Editora Movimento, RS) onde conta 60 anos da recente História brasileira. Participou da antologia de escritores gaúchos “Porto Alegre, Ontem e Hoje” (Editora Movimento)

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