FORD KA REPENSADO
Com o lançamento dos novos Ka (hatch) e Ka+ (sedã), a Ford
completou seu objetivo de ser o primeiro dos quatro tradicionais fabricantes a
ter todos os modelos produzidos no País ou na Argentina alinhados aos existentes
no exterior (Focus ficará igual já em 2015). O próprio Ka, que nada tem a ver
com o conceito original de subcompacto, segue o exemplo do EcoSport e chegou
primeiro aqui do que na Europa.
Hatches e sedãs compactos somados, em gama de preços que vai
de R$ 25.000 a quase R$ 60.000, representaram cerca de 60% de todos os
automóveis vendidos no primeiro semestre. A Ford optou por evitar a briga na
base do mercado e posicionou os novos Ka entre R$ 35.390 (hatch SE) e R$ R$
47.490 (sedã SEL). Pelo menos no início não haverá nenhuma versão sem
ar-condicionado, vidros elétricos dianteiros, travas elétricas de portas
(controle remoto) e tampa do porta-malas, direção eletroassistida com coluna
regulável em altura, bom equipamento de som, suporte central para celular ou
GPS, 21 porta-objetos e pneus verdes.
Comandos por voz e chamadas telefônicas automáticas de
emergência para o Samu em caso de acidentes graves integram a central
multimídia Sync (sem tela tátil), como opção na versão intermediária SE Plus. É
o primeiro compacto com controles eletrônicos de trajetória e tração, além de
assistente de partida em rampa, recursos de segurança importantes.
Ambos podem vir com motor de 4 cilindros/1,5 L/110 cv
(etanol) ou tricilíndrico/1 L/85 cv (etanol). Certamente vão interferir nas
vendas dos New Fiesta, apesar da grade de preços estudada para amenizar. Os
dois modelos compartilham arquitetura e igual distância entre-eixos (2,49 m),
mas o Ka é mais amplo internamente com destaque nos assentos dos bancos
dianteiros e espaço para pernas e cabeças atrás. Porta-malas do hatch é um
ponto fraco (apenas 257 litros), porém o do sedã oferece muito bons 445 litros e
sem que tampa interfira com a bagagem ao utilizar dobradiças pantográficas.
Estilo agrada bastante, em particular o equilíbrio de linhas
do sedã, além de rodas de liga leve bonitas. Materiais no habitáculo são
compatíveis com a proposta do carro e o acabamento tem algumas deficiências. Há
regulagem de altura dos cintos de segurança, porém a do banco do motorista só
na versão mais cara. Comando elétrico dos espelhos retrovisores externos (com
luzes repetidoras de sinalização) não é oferecido, embora disponível no Fiesta.
Resta a instalação na concessionária, como acessório original, a custo maior.
Um dos destaques é o motor de 3 cilindros que surpreende
pelo nível baixo de ruído e vibrações. Descontando o inexplicável bloco em
ferro fundido, no lugar do quase onipresente alumínio dos projetos modernos, o
Ka mostra desenvoltura incomum para um propulsor de apenas 1 litro. Entrega a
maior potência entre os de aspiração natural disponíveis hoje no mundo, quando
abastecido com etanol. A fábrica, no entanto, preferiu escalonamento mais aberto
do câmbio (apenas manual, de cinco marchas) para garantir consumo de
combustível mais baixo no País, pelo padrão Inmetro cidade/estrada. Direção, manuseio
do câmbio, suspensão e freios nivelam-se aos melhores compactos do mercado.
Manutenção ficará mais barata: correia dentada dispensa
substituição e troca de óleo do motor e revisões passarão a anuais (antes
semestrais).
RODA VIVA
HONDA prepara uma
surpresa aos apreciadores de SUVs compactos, antecipa a coluna. Em meados de
2015 já terá em produção o Vezel (com outro nome) na fábrica atual de Sumaré
(SP), sem esperar conclusão da nova unidade de Itirapina (SP), no final do
próximo ano. Quando esta ficar pronta, produzirá o CR-V em Sumaré.
MERCADO continuou
encolhendo com números fechados de julho. No acumulado a queda já é de 8% ante 2013.
Alguns esperam que 2014 fique até 15% pior do que o ano passado, proporção três
vezes maior do que a previsão de menos 5% da Anfavea. Este mês, com mais dias
úteis, se poderá polir a bola de cristal.
ESTOQUES de
veículos nas fábricas e concessionárias, que encerraram o primeiro semestre com
45 dias de vendas, recuaram no final de julho para 39 dias. Alívio é relativo pois
existem variações estatísticas no modo de calcular o número de dias necessários
para escoar os pátios.
MOTOR do BMW 320i
demonstra: turbocompressor/injeção direta é a melhor combinação possível para o
etanol. Embora não tenha alterado valores de potência (184 cv) e torque (27,6
mkg.f), a diferença com etanol aparece em acelerações de retomada,
principalmente, além de pequena melhora no consumo em relação à gasolina. Inexplicável
é o sistema desliga-liga o motor ser inibido, quando se usa etanol.
PESQUISA da J.D.
Power com consumidores nos EUA aponta mau funcionamento de alguns comandos de
voz, que avançam nos sistemas avançados de multimídia. Possivelmente por
interferências de ruídos normais do veículo e vozes a bordo. Para melhorar essa
deficiência, a Ford deslocou do rádio para o teto o microfone no novo Ka.
* Fernando Calmon é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no WebMotors, na Gazeta Mercantil e também em uma rede nacional de 52 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente para a América do Sul do site Just-auto (Inglaterra). Escreva para Fernando Calmon: fernando@calmon.jor.br ou o acompanhe pelo Twitter: www.twitter.com/fernandocalmon.
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