QUEM FAZ A COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL?
Se a comunicação empresarial é estratégica, como discutimos no post anterior, qual é o perfil e quais são as habilidades do comunicador na empresa?
Diploma de comunicação, falar inglês, saber navegar na revolução digital...? Só um começo. Nosso amigo comunicador deve ter cabeça aberta para absorver o mundo e perceber que nem tudo é branco e preto e que tudo muda o tempo todo. Boas noções de psicologia, sociologia, história – e bom senso – podem ajudá-lo a entender as diferenças culturais entre os muitos públicos, de forma a modular a comunicação para fazer-se entender por todos, sem variar a mensagem, reforçando-a sempre.
Precisa entender um mínimo de finanças e das leis de mercado e como sua empresa age dentro dele (sua opinião pessoal sobre o capitalismo ou socialismo não entra nessa discussão). Deve compreender o papel do acionista, saber a diferença entre faturamento e lucro, ler e entender as linhas que importam em um balanço. Pois esse profissional terá de administrar um orçamento, terá de apresentá-lo com propriedade e com a linguagem certa na frente da diretoria na ocasião da decisão dos planos estratégicos. Quanto melhor defender o seu “budget”, melhor condição de trabalho terá para tocar seus projetos com sua equipe.
Aliás, dentro das corporações, hoje, quase todas as ações são estruturadas em torno de projetos e é recomendável que nosso comunicador tenha noção de como se faz um projeto, com começo, meio e fim, e de como adequar a ele os recursos humanos e financeiros disponíveis. E deve saber lidar com a pressão dos imponderáveis que aparecem no meio do caminho de sua implantação.
Ele não pode ter preconceito com a “chatice” dos processos, que são as regras que regulam o trabalho, promovem a melhoria contínua e fazem as empresas funcionar melhor. Saber ler, desenhar e usar processos garante ao profissional de comunicação um melhor relacionamento dentro da empresa, além de maior controle e condução de seus trabalhos.
Deve trabalhar em equipe. Deixar de lado o “eu” e pensar como “nós”. Deve imaginar-se em um conjunto de jazz, onde todos tocam diferentes instrumentos em torno de um tema musical comum, respeitando-se a harmonia e o ritmo, mas permitindo que, em determinados momentos, surja o improviso, um solo de destaque, para que uma boa ideia possa florescer e dar o toque de originalidade do trabalho.
Falar inglês é bom. E pensamento claro e boa verbalização ajudam muito na hora de sustentar uma argumentação, porque no mundo corporativo a discussão de ideias é para valer e nessa “batalha” as ideias do nosso amigo comunicador serão certamente debatidas, criticadas, e – como acontece muito – podem ser recebidas com incredulidade. Dependerá dele, e somente dele, vencer a desconfiança. Quando isso acontece, vem o respeito, que merecemos.
Você que trabalha na comunicação empresarial, como se como se compara com esse perfil?
Até a próxima!
* Marco Piquini é jornalista, consultor e palestrante. Trabalha com a comunicação para a gestão de mudança. Foi durante 20 anos executivo do Grupo Fiat e entre 2007 e 2012 diretor de Comunicação da Iveco para a América Latina, com responsabilidade sobre comunicação interna, externa, publicidade, eventos e sustentabilidade. e-mail: piquini@tresmeiazero.com.br. Visite: tresmeiazero.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário