terça-feira, 10 de janeiro de 2017

CONVERSA DE PISTA.
Por Wagner Gonzalez*


CHUVAS PODEM AFETAR DAKAR 2018

Disputas equilibradas e chuvas intensas marcam a edição deste ano do Rally Dakar. 

Brasileiros Leandro Torres e Lourival Roldan são destaque entre os UTVs.


Principal competição off-road do mundo, o Dakar 2017 tem sido marcado pela disputa entre três marcas — MINI, Peugeot e Toyota —, acidentes e incidentes afastando pilotos de ponta e dificuldades climáticas que forçaram a interrupção da prova por dois dias seguidos. Ao evitar os desertos junto ao Pacífico e adotar um percurso envolvendo Bolívia e Paraguai, os organizadores ficaram reféns das chuvas da região e acabaram reduzindo a quinta etapa e cancelando a sexta. Esta condição sem dúvida afetará o roteiro da prova no ano que vem.

Voltaram a circular rumores de que o Dakar deixa a América do Sul e volta a ser disputado na África. Foto: E.Vargiolu.

Não bastasse isso o percurso da etapa de ontem também foi alterado por questões de segurança. Como domingo foi um dia de descanso, apenas os carros da categoria Maratona partiram ontem praticamente reconstruídos — os de competição propriamente ditos ficam em regime de parque fechado entre a chegada e a próxima largada, situação em que não podem ser tocados.

Nas seis etapas disputadas houve quatro vencedores diferentes e Sébastien Loeb (Peugeot 3008 DKR) lidera com o tempo total de 12:20:00, três segundos à frente de Nani Roma (Toyota Hilux) e Stéphane Peterhansel (Peugeot 3008 DKR). Entre os dez primeiros apareciam quatro desses modelos, três Toyota Hilux dois MINI All4 e um bugue. Vale destacar a variedade de conceitos mecânicos entre os três modelos: os 3008 DKR são equipados com motor diesel biturbo e tração traseira, as Toyota Hilux com motor a gasolina e igualmente tração traseira — tal qual o bugue Sodicar BV2 de Éric Bernard (nenhuma relação com o ex-piloto de F-1) e os MINI All4 tem tração total e motorização diesel.

Entre as principais desistências até agora incluem-se Al-Attyah Nasser (Toyota Hilux/Gazoo Racing) e Carlos Sainz (Peugeot 3008 DKR). O abandono do árabe aconteceu primeiro, no terceiro dia de competição; já “El Matador” foi um dia além, desistindo após uma espetacular saída de pista seguida de violenta capotagem em uma curva fechada para a direita.

Leandro Torres e Lourival Roldan são os melhores brasileiros na competição e lideram a categoria UTV. Sylvio Barros e Rafael Capoani, inscritos na prova dias antes da largada, ocupam o 16º Lugar na classificação entre os automóveis, enquanto nas motos Ricardo Martins é o 59o, quatro posições à frente de Richard Fliter. Marcelo Medeiros, que venceu a primeira especial, sofreu uma queda no dia seguinte e quebrou a clavícula. O rali termina sábado, mas na metade do seu percurso a edição deste ano já consolidou a marca de uma das mais complicadas e difíceis da história.

F-1 corre contra o tempo

Boa parte das equipes de F-1 corre contra o tempo para acabar a a fabricação e montagem dos modelos 2017 a tempo dos primeiros treinos livres pré-temporada. Na sede da Toro Rosso admite-se que a linha de produção — se é que se pode chamar de linha de produção uma fábrica que produz sete ou oito carros por ano…—, funciona em regime de 24 x 7 para atingir esse objetivo.

A terceira semana cheia de fevereiro será das mais agitadas: em Silverstone, Inglaterra, haverá apresentação dos monopostos da Renault (dia 21), Force India (22) e Mercedes (23). No dia seguinte, em Fiorano, Itália, é a vez da Ferrari mostrar seu novo modelo. Os primeiros testes serão em Barcelona entre os dias 27 de fevereiro e 2 de março. As equipes voltam à pista catalã entre 7 e 10 de março, duas semanas antes do início da temporada, dia 26, em Melbourne, na Austrália.

Tudo indica que apenas dez equipes estarão presentes no grid dessa corrida: após perder o décimo lugar para a a Sauber graças ao nono lugar de Felipe Nasr no GP do Brasil, Stephen Fitzpatrick, proprietário da Manor, divulgou que a empresa entrou em recuperação judicial e vê “uma chance muito remota” de reverter essa situação até o GP da Austrália. Nasr, ao que tudo indica, ficará fora do grid deste ano.

Mercedes em compasso de espera

Continuam os rumores sobre a confirmação de Valtteri Bottas como substituto de Nico Rosberg na equipe Mercedes. De qualquer maneira o jornal esportivo Marca, da Espanha, divulgou que Felipe Massa revogou um acordo que teria assinado com uma equipe de F-E em consequência do convite da Williams em reconsiderar sua aposentadoria. Dessa forma é lógico concluir que a confirmação de ambos só depende de negociações contratuais entre equipes e patrocinadores, definição que pode ser considerada fato consumado.

Brasileiros em Daytona

Vencedor em 2004 e 2014, Christian Fittipaldi está entre os favoritos deste ano. Foto: Action Express.

O pelotão de brasileiros inscritos na 24 Horas de Daytona deste ano é dos mais significativos: Augusto Farfus Jr., Bruno Senna, Christian Fittipaldi, Oswaldo Negri, Pipo Derani e Tony Kanaan. Fittipaldi (2004 e 2014), Kanaan (2015), Negri (2012) e Derani (2016) já venceram a prova na classificação geral, resultado que tem mais chances de se repetir com Christian e Pipo. O primeiro estará a bordo de um Cadillac V.R e o segundo ao volante de um Nissan Onroak, ambos da categoria Daytona Prototype International.

Tony Kanaan, vencedor em 2015, volta a competir com um Ford GT da Chip Ganassi. Foto: IMSA.

Kanaan conduzirá um dos Ford GT da equipe Chip Ganassi — representante oficial da marca do oval azul — e Negri estréia o Acura NSX , na mesma categoria do Ford, a GT3; é nela que competem os novos Porsche 911 RSR, Mercedes AMG e Lexus F GT3. Farfus vai pilotar um BMW M6 GTLM e Bruno Senna está inscrito pela equipe ESM para pilotar um Ligier Nissan Nismo. Além dos já citados, o Brasil tem outra vitória na classificação geral dessa prova, com Raul Boesel (1988), com um Jaguar XJR-9.

Augusto Farfus inicia mais uma temporada como piloto oficial da BMW. Foto: IMSA.

O ambiente dos carros da categoria Resistência — Endurance para os puristas —, vem ganhando movimentação em duas frentes. Enquanto grandes marcas desenvolvem modelos para disputar vitórias na classificação dos GT3, pequenos construtores crescem e anunciam planos para a classe LMP1. Os construtores de alta produção vislumbram nas competições de grã-turismo uma forma eficiente de posicionar seus produtos junto a consumidores de alto poder aquisitivo. ao mesmo tempo que convertem em lucros financeiros a venda de produtos e serviços para esses clientes e propagandistas. A Toyota, ainda ausente desse mercado, optou por um campeonato no tradicional Nürburgring usando uma versão preparada do seu GT86.

Toyota promove seu GT86 em campeonato disputado em Nürburgring. Foto: Toyota.

Consolidada em categorias inferiores, a Ginetta anuncia para 2018 sua entrada entre os grandes da Resistência, temporada em que a propulsão híbrida será proibida. O carro será projetado por uma dupla respeitosa: Adrian Reynard e Paolo Catone, o primeiro consagrado por monopostos que dominaram categorias como a F-Ford, F-3, F-3000 e F-Indy e o segundo, por sua importante participação no projeto do Peugeot 908 HDi vencedor em Le Mans em 2009. O novo carro começa a ser testado logo após a 24 Horas de Le Mans deste ano.

A Ginetta confirmou a construção de modelo para a categoria LMP1. Foto: Ginetta.







* Wagner Gonzalez é jornalista especializado em automobilismo de competição, acompanhou mais de 350 grandes prêmios de F-1 em quase duas décadas vivendo na Europa. Lá, trabalhou para a BBC World Service, O Estado de S. Paulo, Sport Nippon, Telefe TV, Zero Hora, além de ter atuado na Comissão de Imprensa da FIA. Atualmente é diretor de redação do site www.motoresclassicos.com.br. Fale com o Wagner Gonzalez: wagner@beepress.com.br.

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