Mostrando postagens com marcador Wagner Gonzalez. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Wagner Gonzalez. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 16 de maio de 2017

CONVERSA DE PISTA.
Por Wagner Gonzalez*

Mercedes com bico novo

Mudança aumentou carga aerodinâmica
Alteração custou US$ 75 mil
Todt não larga o osso

Algo pouco notado pelo grande público influenciou positivamente o desempenho de Lewis Hamilton a disputa pela vitória no recente GP da Espanha. Numa dupla demonstração de poderio econômico e tecnológico a equipe Mercedes desenvolveu um novo bico dianteiro, mais estreito e equipado com um defletor lateral para direcionar o fluxo de ar para a região inferior do cockpit. As asas e spoilers dianteiros de um carro de F-1 geram 60% ou mais da carga aerodinâmica de um carro da categoria, daí a razão de tanta pesquisa e experimento em tal setor dos monopostos.

O bico usado nas quatro primeiras provas deste ano. Foto: Mercedes.

O poderio tecnológico dos alemães foi importante para encontrar a solução que processa o fluxo de ar em torno da junção do bico com o monocoque, região bastante “suja” do ponto de vista de escoamento do fluído. Esta situação é decorrência do impacto aerodinâmico provocado pelos braços da suspensão, movimento radial e axial do conjunto roda/pneu, a deflexão pré-calculada da asa dianteira e até mesmo a temperatura do ar, afetada pelo calor concentrado no asfalto, normalmente mais quente na medida em que está mais próximo do asfalto.

O novo bico instalado no W08 a partir do GP da Espanha, quinta etapa da temporada Foto: Mercedes.

Esse novo defletor podia ser visto ao se observar o contorno inferior dos locais destinados às câmeras de bordo instaladas junto à suspensão dianteira. O próprio sistema de fixação dessas câmeras foi trabalhado para diminuir a turbulência no local e criar uma nova fonte de pressão aerodinâmica positiva.

Detalhes do suporte da camera de TV e do defletor lateral do bico dianteiro Foto: Mercedes.

Já o poderio econômico se fez notar em função dos custos de produção da nova peça e, principalmente, e os gastos para homologar um novo bico e asa dianteiros, experimento que demanda cerca de US$ 75 mil, segundo declaração de Ross Brawn nos tempos em que era dono de sua própria equipe, a mesma que hoje funciona como...Mercedes.

Outras modificações, exigidas pela FIA para todos os carros a partir do GP da Espanha, implicaram no reforço da fixação e estrutura da chamada Asa T. No caso da Mercedes, a região traseira do carro também ganhou apêndices modificados em torno do escapamento e na própria asa traseira. Igualmente importante foram as alterações feitas para eliminar cerca de três quilos de peso do carro. Este resultado foi obtido com soluções tão drásticas quanto eliminar a garrafa que Lewis Hamilton costuma levar a bordo para se hidratar durante a corrida...

Todt não quer pas laisser l'os

Jean Todt anunciou candidatura para um terceiro mandato à frente da FIA. Foto: FIA/F-E.

O francês Jean Todt realmente gostou da vida de cartola: o atual presidente da FIA anunciou que vai disputar um terceiro mandato consecutivo, algo que pelas leis atuais da Federação Internacional do Automóvel será seu último: o pleito da entidade só aceita candidatos com idade máxima inferior a 75 anos completados até o dia da eleição; a próxima acontece em dezembro próximo. Jean Todt nasceu dia 2 de fevereiro em Pierrefort, Auvergne e terá 75 nas eleições de 2021, portanto não quer desperdiçar a chance de completar 12 anos à frente da FIA.

Por enquanto o francês que iniciou sua carreira automobilística como navegador de rally e chegou a comandar a operação F-1 da Ferrari é o único candidato oficial. Em eleições passadas surgiram candidatos de oposição que desistiram antes do pleito ou tiveram uma quantidade mínima de votos. Na chapa anunciada para a eleição Todt informou que Nick Crawn, presidente do Senado da FIA que completou 80 anos recentemente, será substituído por Brian Gibbs, que tem 66 anos e atualmente ocupa a vice-presidência de mobilidade.





* Wagner Gonzalez é jornalista especializado em automobilismo de competição, acompanhou mais de 350 grandes prêmios de F-1 em quase duas décadas vivendo na Europa. Lá, trabalhou para a BBC World Service, O Estado de S. Paulo, Sport Nippon, Telefe TV, Zero Hora, além de ter atuado na Comissão de Imprensa da FIA. Atualmente é diretor de redação do site www.motoresclassicos.com.brTwitter: @motclassicosFale com o Wagner Gonzalez: wagner@beepress.com.br. 

terça-feira, 9 de maio de 2017

CONVERSA DE PISTA.
Por Wagner Gonzalez*

Espanha é a F-1 2017 passada a limpo

Circuito da Catalunha vive ares de recomeço da temporada
Barcelona vai dar o tom do campeonato
Opções de pneus é contestada

Após os treinos de março (foto) Valtteri Bottas volta a acelerar em Barcelona com mais confiança. Foto: Mercedes.

Quinta etapa da temporada 2017 da F-1, o Grande Prêmio da Espanha marcado para domingo, no Circuito da Catalunha, será uma boa oportunidade para esclarecer o real potencial de cada uma das 10 equipes que disputam o campeonato. Isso acontece porque todos os testes dos carros deste ano aconteceram nessa pista situada nos arredores de Barcelona, situação que vai esclarecer se os problemas demonstrados naquela época foram superados após as corridas na Austrália, Bahrein, China e Rússia ou se alguns projetos estão próximos de serem classificados na categoria de fracassos.

Após quatro etapas, duas vitórias e liderança no Mundial Sebastian Vettel é só sorrisos. Foto: Ferrari.

Até o momento Sebastian Vettel lidera entre os pilotos: o alemão soma 86 pontos, 13 a mais que o inglês Lewis Hamilton, vice-líder. Entre os Construtores a batalha está mais acirrada: Mercedes (líder com 136 pontos) e Ferrari (135) mostraram-se superiores entre os construtores, condição que só deverá mudar caso a Red Bull (57) consiga finalmente acertar seu carro para as novas dimensões das asas e pneus atuais. Verdade que o motor Renault – neste caso rebatizado TAG-Heuer -, parecem estar algo abaixo dos usados pelas equipes Ferrari e Mercedes, mas não é só por isso que Daniel Ricciardo e Jos Verstappen ainda não podem ser considerados ameaças para Sebastian Vettel, Lewis Hamilton, Valteri Bottas e Kimi Räikkönen, os quatro primeiros no campeonato.

Daniel Ricciardo criticou as escolhas da Pirelli para o GP da Espanha. Foto: Getty Images/RBCP.

Nestes dias que antecipam a corrida catalã Daniel Ricciardo reprovou a decisão da Pirelli em escolher os compostos duro (letras em cor abóbora na banda lateral), médio (brancas) e macio (amarelas). Segundo o australiano a escolha da fábrica italiana “não deixou ninguém contente”.  Toto Wolff, o devotado líder da operação F-1 da Mercedes, tem explicações mais claras e didáticas sobre o que esperar dos tempos que serão registrados este fim de semana em Barcelona em relação a aqueles obtidos nos treinos de pré-temporada:

Apesar do progresso após quatro corridas, Toto Wolff prevê tempos mais lentos. Foto: Mercedes.

“Pelos nossos nossos cálculos a pole position para essa corrida será 1’19”681, o que é bem menos que a melhor marca registrada em marco, 1’18”635, por Kimi Räikkönen. Isso se explica porque o tempo estava mais frio, Kimi usou pneus mais macios que os que serão disponibilizados para o GP e ninguém sabe a carga de combustível que ele levava a bordo do seu carro.”

Os três compostos escolhidos pela Pirelli para o GP da Espanha deste fim de semana. Foto: Pirelli.

Para embasar a análise de Wolff cabe lembrar que nos treinos de pré-temporada de 2015 a melhor marca obtida foi de 1’22”792, quase dois segundos melhor que a pole position da corrida daquele ano...

O meio do pelotão

Force India lidera o segundo pelotão e se mantém em quarto entre os Construtores. Foto: Sahara Force India.

Analisando as outras equipes o destaque é para a Sahara-Force India, seja pelo conceito bola na rede, seja pela relação preço-qualidade: com um dos menores orçamentos da categoria o time baseado em Silverstone soma 31 pontos contra 18 da Williams, 13 da Toro Rosso, 8 da Haas e 6 da Renault, todas financiadas por capitais mais vitaminados. Este ano a Force India teve um reforço financeiro importante – a chegada da alemã BTW, do ramo de filtros de água -, e da presença do franco-catalão Estebán Ocón, nome que em breve vai superar o companheiro de equipe Sérgio Perez, bem mais experiente. No lado técnico, o time liderado pelo magnata indiano Vijay Mallya prima por conseguir resultados criativos, simples e, o mais importante, funcionais.

Após terminar o GP da Russia o canadense Lance Stroll começa a aparecer melhor no cenário da F1. Foto: Williams.

Em uma situação quase oposta, a Williams se esmera em surpreender, nem sempre com sucesso. Aceitar o jovem milionário Lance Stroll deixou sobre os ombros de Felipe Massa toda a responsabilidade de marcar pontos e garantir pontos suficientes para os bônus oferecidos pela FOM. Se o Caminho de Santiago passa longe da capital da Catalunha, o décimo-primeiro ligar do canadense em Sochi serviu para aumentar as esperanças que está mais perto o momento em que ele poderá contribuir com algo mais que muitos milhões de dólares ao balanço da Williams.

Daniil Kvyat (E) e Carlos Sainz Jr: misturam rpidez com performances irregulares. Foto: Getty Images/RBCP.

Equipe júnior do planeta Red Bull, a Toro Rosso tem como principal desvantagem a performance ainda errática dos seus dois pilotos, Carlos Sainz e Daniil Kvyat. Quando conseguem terminar as corridas os dois marcam presença, situação que deverá ser alterada pelo menos por parte da Renault, que navega nas mesmas águas que a Williams. No time francês é o alemão Nico Hulkenberg quem faz as vezes de Felipe Massa, enquanto o inglês Jolyon Palmer se esmera em se envolver em situações pouco produtivas tanto para sua equipe quanto para o seu futuro na categoria. Mesmo assim pode-se olhar para a Renault como a equipe que terá a melhor evolução ao longo do campeonato.

Nico Hulkenberg e Renault pintam como o possivel destaque da temporada. Foto: Renault.

Ainda dois pontos à frente da Renault (8x6), a norte-americana Haas parece envolta em um verdadeiro clima de inferno astral: o time ainda não conseguiu resolver um crônico problema de freios que atazana a vida de Romain Grosjean desde a temporada passada e que este ano parece contemplar seu companheiro de equipe Kevin Magnussen. Equipamento que funciona numa faixa de temperatura extremamente elevada, não seria surpresa se em breve os técnicos da Haas descubram que problema que afeta o funcionamento dos freios está na circulação de ar no conjunto formado pelo disco de freio, roda e os recuperadores de energia instalados em seu interior.

A equipe Haas ainda não descobriu o problema que afeta o funcionamento dos freios do chassi VF-17-Ferrari. Foto: Haas.

O traumático ressurgimento da associação entre McLaren e Honda conseguiu ser pior que a recente e frustrada tentativa do fabricante japonês em se estabelecer como concorrente, anos atrás. Na esperança de apagar os péssimos resultados conseguidos desde 2015, Fernando Alonso aceitou até mesmo trocar o GP de Mônaco por uma experiência inédita em Indy a bordo de um Dallara Honda. As poucas chances de uma melhora substancial no desempenho deste time podem ser a salvação da Sauber, ironicamente anunciada como equipe cliente dos japonese para 2018. Essa associação atrasa a possível chegada da Audi/grupo VW, que ao liberar vários técnicos de seu departamento de competição para a organização suíça instigou uma associação mais profunda com a casa de Hinwill. Para reforçar o sabor de wiener schnitzel de tal cenário, o alemão Pascal Wehrlein é quem está pintando como o melhor piloto da equipe nesta temporada.






* Wagner Gonzalez é jornalista especializado em automobilismo de competição, acompanhou mais de 350 grandes prêmios de F-1 em quase duas décadas vivendo na Europa. Lá, trabalhou para a BBC World Service, O Estado de S. Paulo, Sport Nippon, Telefe TV, Zero Hora, além de ter atuado na Comissão de Imprensa da FIA. Atualmente é diretor de redação do site www.motoresclassicos.com.brTwitter: @motclassicosFale com o Wagner Gonzalez: wagner@beepress.com.br. 

terça-feira, 2 de maio de 2017

CONVERSA DE PISTA.
Por Wagner Gonzalez*

DTM COMEÇA DOMINGO

Foto: DTM

Campeonato reúne equipes da Audi, BMW e Mercedes
Temporada começa e termina em Hockenheim
Berger é o chefão

Nascido em 1984 como Campeonato Alemão de Turismo, o DTM segue muito popular na Europa. Foto: DTM.

Principal campeonato europeu de turismo, o DTM reúne a nata de experientes pilotos de turismo, equipes oficiais de fábrica, uma estrutura logística das mais completas e traz para 2017 modificações nos regulamentos técnico e desportivo. As principais novidades para as nove rodadas deste ano dizem respeito ao formato das provas e à redução do apoio aerodinâmico dos carros, todos eles equipados com motores que superam 500 CV de potência. A competição teve origem em 1984 como Campeonato Alemão de Turismo e desse então passou por diversas fases e teve vários concorrentes, incluindo a Alfa Romeo e a Opel. A evolução técnica e o inevitável aumento do investimento necessário para disputar o título foi moldando o destino da categoria e há algum tempo está concentrada nas tries maiores fabricantes alemãs de sedans de luxo: Audi, BMW e Mercedes. O brasileiro Augusto Farfus Jr é um dos nomes mais tradicionais da categoria, há anos ligado à BMW, marca que continuará defendendo este ano.

Augusto Farfus vai pilotar um modelo BMW como este. Foto: BMW.

Para este ano o calendário prevê corridas na Alemanha, Áustria, Holanda, Hungria e Rússia. Cada uma das nove etapas da temporada terá duas corridas com a duração de 55 minutos mais uma volta, ou seja, dez minutos a mais em relação ao ano passado. Segundo o comitê organizador do DTM, isso vai “permitir às equipes explorar novas estratégias e oferecerá mais emoção para o público”. A estratégia vem do fato que será proibido usar aquecedores de pneus e existe a obrigatoriedade de uma troca de pneus durante cada prova, sendo que o pit stop pode acontecer a qualquer momento entre a segunda e a penúltima volta.

O novo Audi para a temporada 2017. Foto: Audi.

Cada piloto recebe oito jogos de pneus Hankook por fim de semana e durante a apenas dois mecânicos, um em cada lado do carro, podem usar as pistolas hidropneumáticas para soltar e reinstalar as porcas do cubo rápido. É fato consumado que os pit stops serão significativamente mais longos em relação aos registrados no ano passado.

Nos pit stops é permitido o uso de uma pistola pneumática em cada lado do carro. Foto: Mercedes.

As novidades para o público não param por aí e trazem algumas atividades já conhecidas em outras categorias, inclusive no Brasil. Os espectadores que tiverem acesso ao paddock terão acesso à três boxes especiais, situados entre o espaço de duas equipes de cada marca, e acompanhar de perto o trabalho das equipes. Do mesmo local também será possível acompanhar o trabalho na frente de box, o pit lane. Food trucks, visitação aos boxes a programação matinal de sábado e domingo e durante uma hora ao final da programação de sábado. Quem conseguir ingressos especiais poderá acompanhar a competição do terraço de box e durante o fim de semana o site dtm.com anunciará promoções especiais.

A Mercedes começou a desenvolver o modelo 2017 no final de 2015. Foto: Mercedes.

A disputa entre as três marcas tem nível dos mais altos, algo que fica mais claro ao notar-se que a Mercedes completou mais de 7.000 km de teste para desenvolver o modelo 63 DTM deste ano, trabalho iniciado no final da temporada de 2015. Cerca de 2.100 km dessa preparação aconteceram no autódromo de Vallelunga.

Este ano o austríaco Gerhard Berger assumiu a presidência da ITR (Internationalen Tourenwagen Rennen e.V), empresa que explora o DTM e suas categorias de apoio. O ex-companheiro de equipe de Ayrton Senna é um dos raros pilotos de F-1 a ter iniciado carreira com carros de turismo, mais precisamente com um Alfasud. Berger explicou seu plano de trabalho: “Minha proposta básica é desenvolver parcerias internacionais, o que inclui outros fabricantes, e fomentar um ambiente de entretenimento e esporte.”

Gerhard Berger, raro piloto da F-1 moderna que começou carreira nos carros de Turismo. Foto: DTM.

Os inscritos

Augusto Farfus Jr, Brasil, BMW
Bruno Spengler, Canadá, BMW
Edoardo Mortara, Suíça, Mercedes-AMG
Gary Paffett, Grã-Bretanha, Mercedes-AMG
Jamie Green, Grã-Bretanha, Audi
Loic Duval, França, Audi
Lucas Auer, Áustria, Mercedes-AMG
Marco Wittmann, Alemanha, BMW
Maro Engel, Alemanha, Mercedes-AMG
Matthias Ekström, Suécia, Audi
Maxime Martin, Bélgica, BMW
Mike Rockenfeller, Alemanha, Audi
Nico Müller, Suíça, Audi
Paul Di Resta, Grã-Bretanha, Mercedes-AMG
René Rast, Alemanha, Audi
Robert Wickens, Canadá, Mercedes-AMG
Timo Glock, Alemanha, BMW
Tom Blomqvist, Grã-Bretanha, BMW

Calendário

7/5       - Hockenheimring Baden-Württemberg
21/5     - Lausitzring
18/6     - Hungaroring (Hungria)
2/7       - Norisring
23/7     - Moscou (Rússia)
20/8     - Zandvoort (Holanda)
10/9     - Nürburgring
24/9     - Red Bull Ring (Áustria)
15/10    - Hockenheimring Baden-Württemberg







* Wagner Gonzalez é jornalista especializado em automobilismo de competição, acompanhou mais de 350 grandes prêmios de F-1 em quase duas décadas vivendo na Europa. Lá, trabalhou para a BBC World Service, O Estado de S. Paulo, Sport Nippon, Telefe TV, Zero Hora, além de ter atuado na Comissão de Imprensa da FIA. Atualmente é diretor de redação do site www.motoresclassicos.com.brTwitter: @motclassicosFale com o Wagner Gonzalez: wagner@beepress.com.br. 

terça-feira, 25 de abril de 2017

CONVERSA DE PISTA.
Por Wagner Gonzalez*

ASFALTO RUSSO POUPA PNEUS

Getty Images/Red Bull Content Pool.

Semelhança com Bahrain faz prever carros mais rápidos
Temperatura ambiente baixa pode afetar Ferrari
Honda promete novo MGU térmico

Circuito com características peculiares e com demandas de acerto de chassi similares às usadas na pista de Sakhir, Sochi poderá marcar o início de uma nova fase na temporada 2017 da F-1. Quarta etapa do Campeonato Mundial, o GP da Rússia terá em seu grid carros mais acertados e desenvolvidos graças a três corridas e dois dias de testes realizados no circuito barenita nas terça e quarta-feiras passadas. Fatores como o asfalto com um dos níveis mais baixos de desgaste de pneus, a temperatura média ambiente baixa e ausência de retas demasiadamente longas colaboram para uma disputa mais equilibrada.

Nico Rosberg, vencedor em 2016 e atual recordista do circuito, contornando a curva 3. Foto: Mercedes.

Ainda que o terceiro trecho do circuito de 5.848 metros seja bastante travado graças às suas seis curvas consecutivas em ângulo quase reto e bastante próximas, a média horária local é relativamente alta. Na corrida de 2016 a melhor volta da prova foi em 1’39”094, atual recorde oficial, média horária de 212,452 km/h, autoria do vencedor Nico Rosberg. Vale registrar que a equipe Mercedes está invicta nessa pista inaugurada em 2014, ano em que Lewis Hamilton conseguiu a primeira de suas vitórias no traçado situado entre o Mar Negro e as montanhas do Cáucaso.

O traçado de Sochi e suas referências básicas. Foto: F1.Com.

Voltando ao traçado: a reta de largada termina em uma curva de 90o e antecede uma longa curva de raio constante à esquerda, principal causa de desgaste dos pneus, em particular o dianteiro direito. Será interessante comparar os tempos parciais de cada piloto nesse trecho ao longo da corrida: o desenho da curva será um duro teste de resistência para o pescoço. Curvas de raio constante são raras na F-1 atual; o circuito sueco de Anderstoorp, construído em torno do aeroporto local, era famoso por essa característica.

Anderstoorp, palco do GP da Suécia entre 1973 e 1978, e suas curvas de raio constante. Foto: Arquivo pessoal.

O trecho seguinte tem uma série de curvas de média e alta velocidades. Segundo Mario Isola, responsável pelo departamento de corridas de automóveis da Pirelli, a pista russa não apresenta maiores problemas para os pneus, sendo que os pontos críticos são as curvas 2 e 13, final de retas. Nesses pontos as freadas podem terminar em travamento de rodas e consequente desgaste localizado na banda de rodagem, o chamdo "flat spot" no jargão da categoria.

A Pirelli selecionou seu três compostos mais macios para o GP da Russia. Foto: Pirelli.

O desgaste de pneus poderá ser um dos mais baixos da temporada: se no ano passado houve apenas uma troca desse equipamento durante a corrida. Assim, os três compostos oferecidos para Sochi incluem o ultramacio (letras roxas na banda lateral),  supermacio (vermelhas) e macio (amarelo). Pode-se esperar por estratégias mirabolantes de duas paradas para largar e terminar com os pneus mais aderentes e manter um ritmo de corrida mais elevado.

Entre as equipes a expectativa maior gera em torno do desempenho da Ferrari em temperaturas mais baixas (Vettel venceu em corridas disputadas em ambientes mais quentes: Melbourne e Bahrain) e a evolução da Mercedes em termos de estratégia e disputa entre seus dois pilotos. Nos demais times a McLaren (onde se aposta na evolução do motor Honda, equipado com um novo gerador térmico de energia, o MGU-H) e mais um passo à frente nos carros da Red Bull, que sempre andam bem em pistas lisas.

Mais pistas a caminho

Nelson Piquet venceu pela primeira vez na F-1 no circuito de Long Beach, na Califórnia. Foto: Pinterest.

Esta semana voltou-se a falar na inclusão de novas pitas no calendário da F-1. O local que tem marcado os melhores tempos nessa disputa parece ser Long Beach, na área metropolitana de Los Angeles, traçado surgido para corridas de F-1 entre 1976 e 1983 e palco da primeira vitória de Nelson Piquet na categoria, em 1980. A administração da cidade estuda investir no retorno da F-1, o que vai de encontro aos planos da FOM (Formula One Management), atualmente controlada pelo grupo americano Liberty Media.

Outras praças que disputa vaga são um terceiro circuito na Alemanha e Londres, onde o parlamento inglês recentemente aprovou leis que atenuam os inconvenientes de fechar vias urbanas para a realização de competições automobilistíscas. Roma também foi mencionada em alguns comentários na imprensa especializada europeia, mas é mais provável que a capital italiana receba uma etapa da F-E, categoria reservada a carros movidos a energia elétrica.






* Wagner Gonzalez é jornalista especializado em automobilismo de competição, acompanhou mais de 350 grandes prêmios de F-1 em quase duas décadas vivendo na Europa. Lá, trabalhou para a BBC World Service, O Estado de S. Paulo, Sport Nippon, Telefe TV, Zero Hora, além de ter atuado na Comissão de Imprensa da FIA. Atualmente é diretor de redação do site www.motoresclassicos.com.brTwitter: @motclassicosFale com o Wagner Gonzalez: wagner@beepress.com.br. 

terça-feira, 18 de abril de 2017

CONVERSA DE PISTA.
Por Wagner Gonzalez*

Ferrari comanda o show após 3 atos.


Red Bull promete carro redesenhado para GP da Espanha.
Force India é a terceira equipe mais regular.
Massa leva Williams sózinho.

Ferrari, Mercedes e Red Bull são as principais protagonistas da temporada. WIlliams tenta acompanhar. Foto: Mercedes.

Após três atos de uma história que se prolongará por mais 17, três equipes e seis pilotos já sobressaem pela regularidade com que marcaram presença nas 30 posições pontuáveis que aconteceram até agora. Entre os grandes, a Ferrari mostra o caminho à Mercedes – é líder tanto com Pilotos quanto entre os Construtores -, enquanto a mediana Force India brilha no meio do pelotão graças ao bom trabalho de Sérgio Pérez e do novato Estebán Ocón. Os dois pontuaram na Austrália, China e Bahrein, algo que somente Sebastian Vettel, Lewis Hamilton, Valtteri Bottas e Kimi Räikkönen (os quatro primeiros na tabela de pontos) conseguiram. Se sobra espaço para mais alguém o nome a ocupar a vaga é o alemão Pascal Wehrlein, que estreou na temporada obtendo um inesperado 11º no circuito de Sakhir. O resultado do piloto da Sauber ganha destaque por ele ter sido o único a fazer uma única troca de pneus entre os 4 que se classificaram na terceira etapa do ano.

Christian Horner está otimista com as mudanças que seus carros terão no GP da Espanha. Foto: Getty Images/RBCP.

Ainda que algumas pequenas alterações e aerodinâmica tenham sido notadas no GP do Bahrein espera-se um número maior de novidades para as próximas etapas na Rússia e na Espanha, particularmente na última. Christian Horner, líder da Red Bull, informou ontem que um problema de calibragem nos sensores do túnel de vento usado por sua equipe afetou o projeto do RB13. Por causa disso o desempenho de Daniel Ricciardo e Max Verstappen até agora ficou distante dos pilotos da Ferrari e da Mercedes. As alterações serão vistas no circuito de Barcelona, onde a F-1 se apresenta dia 14 de maio.

Max Verstappen critcou brasileiros no sábado. Na segunda se retratou nas redes sociais. Foto: Getty Images/RBCP.

De qualquer forma, em um circuito conhecido pelo piso extremamente plano – habitat das criações de Adrian Newey -, tanto o australiano (terceiro no grid e quarto na corrida) quanto Verstappen (que viveu um fim de semana infeliz dentro e fora da pista) andaram mais próximos dos carros alemães e italianos. Verstappen viveu um fim de semana para esquecer: no sábado deu uma declaração infeliz sobre os brasileiros, da qual se retratou ontem, na corrida bateu quando seu carro teve problemas de freios e no domingo viuviu seu companheiro de equipe terminar em quarto.

Pressão sobre Kimi Räikkönen por melhores resultados continua aumentando. Foto: Ferrari.

No balanço parcial da temporada não há dúvidas que a Ferrari foi melhor que a Mercedes, ainda que o quarto posto de Kimi Räikkönen no Mundial de Pilotos contraste com a liderança do seu companheiro de equipe Sebastian Vettel. A continuar nesse patamar de desempenho a lista de substitutos do finlandês para 2018 não tardará a aparecer. Se é praticamente impensável que Räikkönen assuma um papel de segundo piloto antes do GP de Cingapura, o maior adversário dos italianos pode resolver o assunto muito antes disso.

Definição de primeiro piloto na Mercedes vai afetar relação entre Lewis Hamilton e Valtteri Bottas. Foto: Mercedes.

A julgar pelo que aconteceu no GP do Bahrein o período de lua de mel entre Lewis Hamilton e Valtteri Bottas está próximo do fim. Não bastasse a expressão do finlandês no terceiro degrau do pódio os acontecimentos que levaram o autor da pole position a perder duas posições ao final da corrida não amenizam esse quadro. No grid de largada o compressor de ar utilizado para garantir a calibragem correta dos pneus teve problemas e Bottas alinhou com pneus que superaqueceram e perderam aderência; com seu segundo jogo de pneus o problema se repetiu.

Já com o terceiro, Bottas mantinha um ritmo mais forte que Lewis Hamilton, que instalou pneus novos na 40ª volta, dez voltas mais tarde que o finlandês. Nesse momento, Bottas era cerca de um segundo por volta mais rápido que o inglês. Coincidentemente, após o pit stop de Hamilton os tempos por volta do carro 77 caíram cerca de dois segundos e os do carro 44 melhoraram em igual proporção; dessa forma em apenas cinco voltas o inglês descontou cerca de 10 segundos e passou a ocupar a vice-liderança da prova. Para quem estava fora do box da Mercedes ficou a clara impressão de que ordens dali emanadas box definiram a situação.

Vettel, duas vitórias em três provas e liderança no campeonato em excelente início de temporada. Foto: Ferrari.

Vettel lidera a temporada mas o problema na casa italiana é semelhante mas parece existir uma situação mais clara:  e se Bottas marcou 12,7 pontos por corrida, Räikkönen mostra a média de 11,3 e parece não estar à vontade com o carro de 2017. A integração do finlandês mais jovem com seu novo time deve ajudar a melhorar a média nas próximas corridas.

Estebán Ocón mostra excelente regularidade para um piloto com pouca experiência Foto: Sahara Force India.

Num planeta à parte, a equipe Force India vai fazendo uma temporada na base de comer pelas beiradas e, novamente, supera equipes com mais recursos técnicos e financeiros, particularmente Williams e Renault. O espírito de equipe no time ainda liderado por Vijay Mallya compensa essas e outras desvantagens, como um carro entre os mais pesados do grid e um piloto, Estebán Ocón, que ainda não completou uma temporada inteira na F-1 e outro, Sérgio Pérez, conhecido por sua velocidade. Apesar da pouca experiência, o franco-catalão terminou as três corridas em décimo lugar e deu mostras de sua capacidade ao garantir seus resultados com ultrapassagens e disputas leais e arrojadas.

Felipe Massa mostrou maior competitividade no Bahrein e marcou mais 8 pontos. Foto: Williams/Zak Maurer.

Tal cenário valoriza indiretamente o desempenho de Felipe Massa, responsável pelos 16 pontos conquistados pela Williams até agora, um a menos que a Force India. Até agora o canadense Lance Stroll não completou nenhuma prova e, mesmo que no Bahrein seu abandono tenha sido consequência de uma atitude condenável de Carlos Sainz Jr, o horizonte de 2017 para o pessoal de Grove é terminar o ano atrás de seus colegas de Silverstone.

Carlos Sainz teve um fim de semana pouco produtivo no circuito de Sakhir. Foto: Getty Images/RBCP.

Red Bull, Haas e Renault seguem nessa ordem na tabela de pontos. A primeira parece envolta em uma fase menos produtiva dos seus pilotos – o espanhol Sainz vem de duas corridas com atuação abaixo do seu normal -, e se ele e Daniil Kvyat continuarem nesse ritmo vagas se abrirão na F-1 2018. Ainda sofrendo problemas de freios no carro de Romain Grosjean e de regularidade por parte de Magnussen, a Haas vem de dois oitavos lugares consecutivos e tem dado ao franco-suíço um caro rápido o suficiente para ele ter chegado ao Q3 – quando são definidos os dez primeiros lugares do grid de largada – em duas ocasiões.

Resultados de Jolyon Palmer misturam altos e baixos nas provas de classificação e nas corridas. Foto: Renault.

Mescla dessa situação com a vivida pela Williams, a Renault marcou no circuito de Sakhir seus primeiros pontos da temporada, graças a Nico Hulkenberg. Se o chassi RS17 parece melhorar sensivelmente, o mesmo não acontece com o inglês Jolyon Palmer: suas performances erráticas não contribuem para que ele consolide seu espaço na categoria: mesmo largando em surpreendente décimo lugar terminou a prova atrás de Pascal Werhlein e Daniil Kvyat.

Pascal Wehrlein, destaque da corrida, foi o único piloto a usar apenas dois jogos de pneus durante a prova. Foto: Sauber.

Após duas etapas em que optou por não disputar para recuperar sua condição física o alemão Pascal Wehrlein finalmente estreou na equipe Sauber e marcou presença. O décimo-primeiro lugar conquistado no final de semana é uma contribuição importante ao time suíço, que pelo menos temporariamente está à frente da McLaren no Mundial de Construtores, ainda que ambas estejam empatadas com zero ponto. Pelo andar da carruagem – nenhuma menção indelicada, por favor -, a Sauber tem boas chances de terminar o ano como penúltima colocada. O lado irônico é que a Honda poderá ser a sua fornecedora de motores no ano que vem.

McLaren ainda não vê luz no fim do túnel: somente Fernando Alonso conseguiu largar no Bahrein. Foto: McLaren.

A F-1 permanece no Bahrein por mais dois dias para testar protótipos dos pneus que serão usados no ano que vem, sessão de treinos na qual algumas equipes darão oportunidade de teste para vários novatos. O resultado do GP e a classificação consolidada do campeonato você encontra neste link.







* Wagner Gonzalez é jornalista especializado em automobilismo de competição, acompanhou mais de 350 grandes prêmios de F-1 em quase duas décadas vivendo na Europa. Lá, trabalhou para a BBC World Service, O Estado de S. Paulo, Sport Nippon, Telefe TV, Zero Hora, além de ter atuado na Comissão de Imprensa da FIA. Atualmente é diretor de redação do site www.motoresclassicos.com.brTwitter: @motclassicosFale com o Wagner Gonzalez: wagner@beepress.com.br. 

quarta-feira, 12 de abril de 2017

CONVERSA DE PISTA.
Por Wagner Gonzalez*

Foto: Mercedes.

Ferrari e Mercedes, meio-cheias e meio-vazias

Resultado de Xangai questiona Räikkönen e Bottas
F-1 se apresenta domingo no Bahrain
Massa decepcionou na corrida

Os top 3 no campeonato: Vettel e Hamilton, co-líderes com 43 pontos, e Verstappen, terceiro com 25. Foto: Mercedes.

O resultado do Grande Prêmio da China no último domingo deixou claro que os dois finlandeses que disputam a atual temporada de F-1 estão com um pé na escada, talvez dois, rumo ao telhado. Enquanto Lewis Hamilton e Sebastian Vettel novamente dominaram os dois primeiros lugares do pódio e Max Verstappen mais uma vez brilhou em pista molhada ao terminar a corrida de Xangai em terceiro lugar, Kimi Räikkönen e Valtteri Bottas não conseguiram apresentar competitividade similar a seus dois companheiros de equipe, os atuais líderes empatados no Campeonato Mundial de Pilotos. Para os brasileiros, o desempenho errático de Felipe Massa fez com que o clima instável que reinou durante o GP chinês resultasse numa ducha de água fria sobre os promissores resultados que piloto da Williams conseguiu desde os treinos de pré-temporada até a prova de classificação no sábado.

Valtteri Bottas ainda não está à vontade com a estrutura da equipe Mercedes e sabe que precisa melhorar. Foto: Mercedes.

Tanto para Ferrari quanto para a Mercedes o título do Campeonato Mundial de Construtores é tão importante quanto o de Pilotos: a Scuderia faz raríssimos investimentos em mídia tradicional para anunciar seus produtos e a Haus Bau von Silberpfeile explora tão bem sua presença na F-1 que obtém lucros tanto institucionais quanto financeiros dessa operação. Se os multicampeões  mundiais Vettel e Hamilton não são os primeiros a serem cobrados quando o resultado não acontece como esperado, o título de 2007 já não avaliza altos e baixos de Räikkönen e seu compatriota Bottas ainda tem que provar seu valor.

Entre os dois, ironicamente, é o novato que pode ser considerado o mais seguro entre os dois: seu contrato é de apenas um ano e a Mercedes não tem antecedentes ou valores que sugiram uma substituição inesperada. Além de o fato de Valtteri ainda estar num período de adaptação, o próprio piloto já deixou claro que aceita a condição de segundo piloto, quem sabe para acalmar as sempre agitadas águas da relação entre dois companheiros de equipe ou para trabalhar com mais tranquilidade. Conhecido por sua maneira extremamente fria, e nem sempre calculista, de encarar a vida Kimi acusou a Ferrari de tê-lo prejudicado ao optar por uma estratégia errada. 

Kimi Räikkönen culpou a estratégia errada da Ferrari pelo seu desempenho na pista. A equipe não gostou. Foto: Ferrari.

Sergio Marcchione, o bam-bam-bam da Scuderia e de todo o grupo FCA não gostou e determinou uma conversa direta e reta entre o piloto e Maurizio Arrivabene, diretor esportivo de Maranello. Neste caso não surpreenderá que o companheiro de equipe de Vettel seja substituído durante a temporada. O livro de ponto de Maranello mostra que dois campeões mundiais, John Surtees e Alain Prost, já passaram por situação similar em diferentes períodos da casa modenense. Certamente ainda é cedo para esperar que tais mudanças aconteçam nas próximas largadas, mas o sinal de alerta já foi aceso e num ambiente onde as contratações e renovações de peso acontecem cada vez mais cedo em relação ao final da temporada, o aquecimento global não poderá sequer ser acusado de ter causado o fim do segundo matrimônio entre o “Iceman” e os sempre efervescentes latinos da península em forma de bota.

Jos Verstappen será presença regular nos pódios desta temporada. Foto: Getty Images/RBCP.

De bate pronto quem ganha com tudo isso é Max Verstappen cuja habilidade de guiar forte na chuva começa a ser cada vez mais comparada com uma das principais características do estilo de Ayrton Senna. Consequência de problemas técnicos na unidade de potência do seu carro, Verstappen alinhou em 16º e na primeira volta já estava em sétimo lugar, algo bem melhor que a experiência dos novatos Lance Stroll e Antonio Giovinazzi. O canadense não se entendeu com Sérgio Perez ao negociar a entrada da curva 10 e acabou por parar na brita.

Quando o pelotão completava essa volta o sueco Marcus Ericsson saiu da pista da entrada da reta dos boxes e, em vez de seguir pelo pit lane (o que seria uma solução bem mais sensata e segura) voltou ao asfalto de qualquer jeito e bem à frente de seu companheiro de equipe. No movimento de reduzir a velocidade e acelerar novamente, o Sauber de Giovinazzi ficou fora de controle e o italiano bateu forte contra o muro do box. O pior de tudo foi a declaração de Ericsson no comunicado da Sauber após a corrida: ”Eu larguei bem e fiz uma primeira volta muito decente...”

Um triste fim de semana para ele e para a equipe Sauber, que segue sem grandes patrocinadores.

Massa não conseguiu manter-se à frente de adversários como Pérez e Magnussen Foto: Williams/Glenn Dunbar.

A Williams viu um piloto ser o primeiro a abandonar a prova e outro como o penúltimo a receber a bandeirada de chegada. Felipe Massa jamais esteve em condições de acompanhar o ritmo dos carros da Red Bull ou da Force India, seus concorrentes mais diretos, nem com pneus macios nem com os supermacios, sinal que o acerto instalado no FW40-Mercedes do brasileiro para a corrida não foi adequado. O resultado desse erro tirou de Massa a possibilidade de marcar pontos importantes numa briga onde a Williams já foi superada pela Force India; pior, mostrou que o time inglês não consegue reagir com rapidez e acuidade às mudanças de clima e condições de pista. 

Fernando Alonso conseguiu ficar na zona de pontos até a quebra do semi-eixo traseiro esquerdo. Foto: McLaren.

Se tal situação esfria as esperanças de voltar a ver Massa regularmente entre os top 10, as atuações de Fernando Alonso mostram que o espanhol ainda não perdeu a majestade e conseguiu manter seu McLaren MCL32-Honda em sexto lugar por muitas voltas. A quebra de um semi-eixo, porém, impediu a conquista dos primeiros pontos da sua equipe, situação que também envolve a Sauber e a Renault. A Haas marcou seus primeiros pontos do ano, com Kevin Magnussen e os dois Force India VJ10-Mercedes de Sérgio Pérez e Estebán Ocón andaram juntos praticamente durante toda a prova.  O campeonato prossegue neste fim de semana com a disputa do GP do Bahrain. 

O resultado completo do GP da China e a situação do Campeonato Mundial de F-1 você encontra neste link. Você também pode assistir a um resumo da competição clicando aqui.








* Wagner Gonzalez é jornalista especializado em automobilismo de competição, acompanhou mais de 350 grandes prêmios de F-1 em quase duas décadas vivendo na Europa. Lá, trabalhou para a BBC World Service, O Estado de S. Paulo, Sport Nippon, Telefe TV, Zero Hora, além de ter atuado na Comissão de Imprensa da FIA. Atualmente é diretor de redação do site www.motoresclassicos.com.br. Fale com o Wagner Gonzalez: wagner@beepress.com.br.