sexta-feira, 12 de maio de 2017

FRENAGEM OU CONTROLE DE MOVIMENTO?
Por César Augusto Ferreira*

A indústria automotiva global vivencia uma profunda transformação na engenharia do produto, frente à velocidade do desenvolvimento de veículos híbridos, elétricos e autônomos, que apresentam tecnologias cada vez mais avançadas em busca de segurança, eficiência energética e conforto. Essa revolução já mexe com os alicerces da indústria no mundo.  

Com o avanço das plataformas globais, o Brasil se prepara para este novo horizonte, que em médio prazo terá desdobramentos em diferentes elos da indústria. Em países europeus, por exemplo, acordos já estão sendo assinados por grandes montadoras, que planejam encerrar ou, pelo menos, reduzir drasticamente a fabricação de veículos à combustão.

Neste cenário de transformações, a indústria da fricção precisa observar com olhos bem atentos os impactos das tendências tecnológicas nos sistemas de frenagem, que já são alvos de inovações como novas soluções em frenagem regenerativa, que permitem funções adicionais a reduzir a velocidade e parar o veículo, a exemplo de estender a autonomia, aumentar a potência e reduzir o consumo. A regeneração dos veículos elétricos, associada à predição dos autônomos, poderá mudar drasticamente o que hoje entendermos por sistema de frenagem e controle de movimento.

O sistema de freio está deixando de exercer a simples função de frenagem para assumir um papel ainda mais relevante, o que podemos chamar de controle de movimento. Muitos dos sistemas tecnológicos, que estão cada vez mais presentes em nossos veículos, como sistema de antitravamento de rodas (ABS), controle eletrônico de instabilidade (ESC) e sistema anticolisão, baseiam-se no sistema de freio para realizar suas funções.

Além de investir em pesquisa e desenvolvimento para produzir tecnologias inovadoras, que acompanhem as tendências mercadológicas, a indústria também necessita dirigir recursos para atender exigências legais, impulsionadas por programas como o Inovar-Auto, que provocou grandes avanços em eficiência energética e outros desafios ainda a serem superados pela indústria automobilística brasileira.

Exemplo mais recente disso é a controversa regulamentação anunciada no fim de 2016 pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que torna obrigatório, a partir de 2024, o uso do ESC em algumas categorias de veículos comerciais e implementos rodoviários. Para antes disso, porém, 2022, já está prevista a primeira etapa de implementação da tecnologia, destinada a lançamentos.

Embora tenha a vantagem de contar com desenvolvimentos externos, a indústria nacional enfrentará grande desafio técnico para desenvolver o ESC nos prazos que foram dados porque os veículos brasileiros possuem especificidades que requerem ajustes técnicos complexos. O nosso portfólio de produtos dispõe dos mais variados tipos de implementos e conta com peculiares condições de carregamento.

Montadoras e empresas fornecedoras de sistemas veiculares precisam agora encontrar as melhores maneiras de transpor as barreiras técnicas para a implementação do ESC nos veículos comerciais brasileiros, além de se preparar para novas demandas tecnológicas. Os times de engenharia e interessados no assunto estão convidados a participar deste debate no 13º Colloquium Internacional SAE BRASIL de Freios & Mostra de Engenharia, que será realizado nos dias 24 e 25 de maio, no Hotel Intercity Premium, em Caxias do Sul, RS.








* César Augusto Ferreira é gerente de Engenharia & Inovação e Vendas à Montadora da Fras-le e chairperson do 13º Colloquium Internacional SAE BRASIL de Freios & Mostra de Engenharia.


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