sexta-feira, 29 de março de 2024

MAIS UM DIA MUITO DIVERTIDO NA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA! Por Luiz Carlos Secco*

Os programas de test-drives agradam quem recebe o carro, mas, muitas vezes, exigem sacrifício, tolerância e muito bom humor de quem os administram.

As fábricas de automóveis sempre se destacaram na promoção de programas especiais de test-drives em ocasiões de lançamento de veículos. Até hoje, o objetivo sempre foi dar a VIPs ou a influenciadores, como são conhecidos atualmente, o privilégio de serem os primeiros a conhecer e ter contato com os novos produtos e, naturalmente, divulgar entre os seus seguidores e aumentar o interesse do público em geral.

As empresas consideram que essa exposição, hoje nas redes sociais, mas no passado simplesmente circulando pelas ruas e avenidas com essas personalidades, ampliavam o interesse e valorizavam o modelo.

Reconhecer ao volante de um novo modelo de veículo um ator ou atriz, atleta famoso, empresário importante, piloto campeão ou profissional de sucesso desperta surpresa e o impulso em conhecer ou experimentar o automóvel também.

Apesar de hoje não funcionar mais assim, até bem pouco tempo atrás, exibir as novas atrações de mercado junto a famosos aumentava o desejo dos que os viam de possuir um automóvel igual.

A Ford realizou programas VIPs no lançamento do Corcel II, Galaxie e Del Rey, e a Volkswagen, por ocasião do Gol GTI, e também do Santana, reforçaram os atrativos dos automóveis. Esses programas, obtiveram êxito externo, junto ao público, e também, internamente, porque os funcionários tiveram a oportunidade de conhecer, conversar e até receber autógrafos em programa que proporcionou alegria e entusiasmo aos que tiveram contato com os convidados famosos.

O personagem que mais se destacou nesses programas foi o ator Raul Cortez, pela elegância, simpatia e gentileza com os funcionários, além de, pessoalmente, ter ido à sede da Autolatina para a devolução do automóvel, transmitindo suas opiniões à avaliação do Volkswagen Santana que teve a oportunidade de utilizar pelo período de duas semanas.

Raul Cortez era considerado um dos galãs do final do século passado, ao lado de Tarcísio Meira e outros que os sucederam. Em sua visita à Autolatina, provocou entusiasmo nas pessoas que o conheceram pela postura e comportamento exemplares. Segundo muitas mulheres da companhia, nem mesmo a sua calvície diminuía o charme do ator.

Além de Raul Cortez, quase nenhum famoso compareceu à empresa a cada programa para a devolução dos carros e recorreram a funcionários para essa providência.

No programa do Ford Galaxie, o motorista de um deles estacionou o automóvel em frente à sede da Ford, no conhecido Centro de Pesquisas, próximo à Via Anchieta, entregando as chaves e os documentos ao engenheiro José Augusto Barbosa de Souza, responsável pela manutenção dos veículos.

Minutos depois, o engenheiro da Ford surgiu em minha sala para informar que o carro parou próximo ao local em que estava estacionado por falta de combustível e que fora a um posto comprar alguns litros de gasolina que o permitisse chegar à bomba da Ford, no interior da fábrica.

Em outra ocasião, também no programa do Galaxie, o mesmo José Augusto enfrentou uma situação mais complicada. Bem no final do expediente, recebeu o automóvel e, ao tentar levá-lo à oficina, também ficou sem combustível em plena Via Anchieta, mas com uma agravante: chovia torrencialmente.

Sem telefone, por ainda não existir o celular para pedir ajuda e com um compromisso familiar marcado, caminhou sob a chuva forte em busca de um posto e voltou ao carro com gasolina num saco plástico que o permitiu chegar à bomba de reabastecimento da Ford.

Completamente encharcado, entrou em seu carro e, por sorte, residia em São Bernardo do Campo, próximo à Ford.

Antes de se dirigir para o compromisso, passou pela minha sala e, apesar dos problemas, demonstrando um amplo savoir-faire, com um sorriso que disfarçava a expressão de cansaço e desânimo, comentou simplesmente: hoje foi um dia muito divertido.

Foto: Divulgação Ford.

>> Esta e outras histórias vividas e narradas pelo jornalista Luiz Carlos Secco você pode ouvir no podcast Muito Além de Rodas e Motores
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*Luiz Carlos Secco trabalhou, a partir de 1961 até 1974, na empresa S.A. O Estado de São Paulo e Jornal da Tarde, além da revista AutoEsporte. Posteriormente, transferiu-se para a Ford, onde foi responsável pela comunicação da empresa. Com a criação da Autolatina, passou a gerir o novo departamento de Comunicação da Ford e da Volkswagen. Em 1993, assumiu a direção da Secco Consultoria de Comunicação.

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