quarta-feira, 24 de setembro de 2014

INSTITUTO SÉRIO NÃO FRAUDA PESQUISA.
por Milton Saldanha*

Os mais recentes resultados das pesquisas eleitorais, feitas pelos principais institutos especializados, começaram a gerar em redes sociais uma enxurrada de ataques aos... candidatos? Não. Aos institutos. Isso me lembra a manjada piada do marido traído, que culpa o sofá onde aconteceu o ato.

Existem duas categorias de institutos: os de aluguel, a serviço de alguém, com entrevistas induzidas e resultados manipulados; e os sérios, que trabalham com técnicas apuradas e consagradas.

Os institutos picaretas são manjados e não desfrutam da menor credibilidade. Só servem aos candidatos que os contratam, para uso publicitário, mas sem acreditar em seus dados. Já organizações como Datafolha e Ibope, por exemplo, são sérios e acima de qualquer suspeita.

O que precisa ficar claro é que um instituto de pesquisa sério não tem compromissos com ninguém. A ele só interessam os resultados reais, e quanto mais próximos da realidade, melhor. Por quê? Simples: a credibilidade nesse ramo é vital. Se errar, ou se manipular resultados, só terá um caminho: fechar as portas. Simplesmente porque ninguém mais contrataria seus serviços.

Quando estourou no Rio de Janeiro o famoso escândalo de fraude eleitoral contra Leonel Brizola, que “perdia” a eleição para governador, contra as previsões de todas as pesquisas, a primeira atitude do diretor do instituto, o Sanchez, foi ligar a Brizola para alertá-lo sobre a fraude. Brizola perguntou: “O que você acha que devo fazer” Ele: “Coloca já a boca no trombone!” Brizola chamou uma entrevista coletiva e entrou com medida judicial pedindo a recontagem.

A atitude do diretor do instituto não foi política. Foi comercial. Ele sabia que se a fraude tivesse êxito, tanto quanto Brizola, ele estaria ferrado. Sua carreira de pesquisador terminaria ali.

Pois bem, fizeram a recontagem, agora sem fraude, e deu Brizola, exatamente nos patamares indicados pelas pesquisas. Na investigação, descobriu-se a fraude: os pilantras alteravam os mapas com os resultados finais.

Paixões e frustrações são normais em eleições e fazem parte do jogo democrático. Mas se as explicações acima ainda não contentarem os mais exaltados, deixo a seguinte pergunta: Apontem uma única eleição anterior em que as pesquisas dos institutos sérios tenham errado.


Milton Saldanha, 68 anos, gaúcho, é jornalista desde os 17 anos. Trabalhou na imprensa de Santa Maria (RS) e Porto Alegre. Vive em São Paulo há mais de 40 anos. Passou por muitos empregos, entre eles Rede Globo, Estadão, TV Manchete, Diário do Grande ABC, Jovem Pan, revista Motor3, Ford Brasil, IPT, Conselho de Economia e vários outros, inclusive na Ultima Hora. Ao se aposentar, criou o jornal Dance, já com 19 anos. É autor dos livros “As 3 Vidas de Jaime Arôxa” (Editora Senac Rio); “Maria Antonietta, a Dama da Gafieira” (Phorte Editora) e “O País Transtornado” (Editora Movimento, RS) onde conta 60 anos da recente História brasileira. Participou da antologia de escritores gaúchos “Porto Alegre, Ontem e Hoje” (Editora Movimento) 

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