quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

COMUNICAÇÃO 360.
Por Marco Piquini*

IDEIAS COMO PONTES GERACIONAIS.

As empresas vivem uma situação de conflito em suas fileiras de empregados. Trata-se de um choque geracional. A pressão por resultados coloca as pessoas mais antigas em uma situação paralisante diante da incompreensão dessas exigências e a resposta que elas requerem: esse pessoal simplesmente não sabe o que deve fazer e se sente sem energia para reagir. A turma do meio, turbinada pela promessa de uma carreira de sucesso e de mais grana e poder, se esfalfa até o limite da sanidade em jornadas de trabalho desumanas e recursos insuficientes: é uma turma que faz muito, dentro de suas capacidades, mas as empresas sempre acham que podem tirar mais e aumentam a pressão. E tem a meninada que está entrando agora no mercado de trabalho, uma turma globalizada e conectada que acha o atual modelo de trabalho banal, desinteressante e sem valor. A empresa quase não consegue conversar com esse grupo.

As empresas, na verdade, não conseguem se comunicar com nenhum desses grupos de forma construtiva. Não há uma forma de diálogo comum entre todos e a única maneira que elas encontram de tocar a coisa para frente é por meio da antiga e testada fórmula da “recompensa e da punição”. Trabalhou bem, muito bem; não entregou o que deveria entregar, pressão. Falar em “vestir a camisa” nesse ambiente confuso e tenso. É algo que não faz muito sentido. 

Pois é exatamente “sentido” que faz falta ao trabalho, ou seja: as pessoas não estão vendo propósito no que fazem. O que pode unir estas gerações?

Uma saída é desenvolver uma ideia comum a respeito da empresa, do trabalho que realizam e de metas que possam compartilhar, independente das diferenças de idade e de formação. Um “sonho” que todos entendam e compreendam. E abracem. As empresas que não conseguem idealizar esse “sonho comum”, não conseguem desenhar um projeto de desenvolvimento, um objetivo envolvente e interessante. Essas empresas não conseguirão construir as narrativas de envolvimento necessárias para a promoção do engajamento.

Saber aonde a empresa quer chegar, quais seus valores a respeito do trabalho, qual sua forma de ver e se relacionar com o mundo, como trata seus clientes... Essas são definições básicas que deveriam ser transmitidas de forma clara, top down, de maneira a permitir aos empregados de qualquer geração encontrar as coerências entre sua vida e seu trabalho. Essa ideia da empresa, que deve ser real e praticada no dia-a-dia, é a ponte geracional possível para promover o engajamento. A união promovida desta maneira tende a ser real e de longo prazo. Esse é um trabalho da Comunicação. Que desafio, hein moçada?







* Marco Piquini - piquini@piquini.com.br - é jornalista, consultor e palestrante. Fundador da Piquini Comunicação Estratégica, trabalha com comunicação para a gestão de mudança. Foi durante 20 anos executivo do Grupo Fiat e entre 2007 e 2012 diretor de Comunicação da Iveco para a América Latina, com responsabilidade sobre comunicação interna, externa, publicidade, eventos e sustentabilidade. 
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