Nissan automatiza March e Versa
Leitor atento, como
os da coluna De Carro por Aí, devem
ter-se perguntado o porquê de dedicar espaço desmesurado a uma simples caixa de
transmissão, coisa simples, uns 5% do valor de um automóvel barato. Questão
pertinente. Uma das grandes dificuldades nesta escultura semanal não está no
levantar informações, conferir fatos e fontes, entender razões e consequências,
coisas usuais à função dos jornalistas, mas no filtrar a enorme massa de
informações, de acordo com o variado interesse dos leitores – e faze-las caber
neste espaço.
Mas justifico.
Caixas automáticas – sejam automatizadas, hidráulicas ou por polias variáveis
-, são os equipamentos de maior demanda pela clientela brasileira,
independentemente de renda ou tamanho dos veículos. Acredite, no maior segmento
do mercado nacional, o de carros compactos, 40% de seus proprietários declaram,
no próximo terão tal adjutório. Em números tal exigência se sedimenta,
triplicando nos últimos 4 anos. Hoje 1/5 dos compactos vendidos portam tal
facilidade. Vox Populi, Vox Dei. Automaticus sera tamem.
Preste atenção na
Nissan. Marca japonesa aliada à Renault vem-se preparando para deixar os erros
do passado, a mudança sem freios de produtos e executivos, para oferecer
novidades e crescer de participação no mercado doméstico. Aplicar a transmissão
continuamente variável, dita CVT, cria diferença e versões, questão de
logística e acertos. Equipamento é japonês, de associada da Nissan, a Jatco.
Leva o charmoso nome de Xtronic
CVT, sugerindo monitoramento eletrônico. Foi ajustada ao
uso no Brasil, incluindo o cuidado cálculo de preços – o limite máximo a ser
pago pelo cliente antes de comparar o total com o preço dos concorrentes.
Como é
Não utiliza
engrenagens, ou pressão hidráulica, mas princípio secular – sistema foi
desenhado pelo gênio Leonardo Da Vinci – e viabilizado em veículos pela DAF,
marca holandesa assumida pela Renault. Existiu no Brasil, com patente em nome
do Dr. Gurgel – o eng. João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, fabricante de
veículos com seu nome.
É coisa prática. A
grosso modo, dois cones ligados por uma correia. A abertura ou fechamento do
espaço entre eles muda a relação de transmissão. Coisa boa pelo funcionamento
não consumir energia – nem combustível, e oferecer relações de marcha em
abertura muito maior ante as outras transmissões. Arranca com relação muito
reduzida, 4,006:1 e se encerra com enorme multiplicação, 0,458:1. Carro
lançado, o motor gira em baixas rotações – 120 km/h e 2.000 rpm - e, com ótimos
níveis de consumo.
O câmbio porta
curioso Overdrive – as marchas
inferiores a 1:1. Mas funciona ao contrário. Em outros veículos ao se premer o
botão para tal função, ele alonga a transmissão. Nos Nissan, ao contrário,
reduzem. Um Underdrive.
Para carros 1,6
andam no padrão: 0 a 100 km/h em 10,6s – e mecânico 9,3s.
E?
Opção custa caro:
R$ 4.800, empurra o preço do March 1.6 CVT a R$ 53 mil e propele o do Versa com
a mesma motorização e decoração aprimorada a R$ 66 mil.
No pacote Nissan
aplicou mantas fono absorventes elevando o conforto de marcha, com mais
silêncio e sensação de distanciamento do meio ambiente equivalendo a veículos
de maior preço e distinção. A mim a aplicação parece ligada à necessidade de
reduzir a rumorosidade do motor e a sensação classificada como estranha por
motoristas sem preocupações mecânicas. Nos veículos com CVT o motor parece
desconectado da transmissão e com isto não tem picos de aceleração e queda de
rotações para engatar marchas. Ele gira e a transmissão que corra atrás para
acompanhá-lo. Como diz Josias Silveira no sítio Autoentusiastas: “a sensação
é que o motor vai, e o carro fica”.
Entretanto
reduzidos usuários capazes de perceber tal mudança ou reclamar do limitado
freio motor não influenciarão vendas. No conjunto o March – e o Versa igual ao
usar a mesma arquitetura mecânica – agradam pela andadura confortável, o clima
de silêncio interpretado como qualidade - e serão poucos os usuários incomodados
com a operação motor/câmbio; o freio motor radical; ou as eventuais passarinhadas da direção elétrica. Passarinhar é termo antigo, do tempo de
muares e equinos como condução. Volta e meia, por razões aparentemente
desconhecidas, talvez por instinto alheio aos cavaleiros, os animais mudavam de
trilha, alteravam o passo. Cavaleiros experientes deixavam os animais resolver
como andar. Outros, corrigiam o curso com rédeas e/ou esporas. A direção
elétrica do March tem um pouco deste comportamento aleatório.
Indústria de carros no Brasil começou há 60 anos
16 de junho, data importante no cenário industrial
e econômico brasileiro. Nele publicou-se o Decreto 39.412 instituindo o Grupo
Executivo para Implantação da Indústria Automobilística Brasileira. Abria o
país a novos fabricantes, traçava caminhos, prazos, concedia facilidades como
utilizar máquinas como capital, e adquirir dólares pelo câmbio oficial nas importações
de componentes. Moeda no mercado paralelo custava 4 vezes mais.
O Brasil montava veículos – caminhões Ford, GM,
International, FNM, Jeep Willys. Automóveis, poucos na Ford, GM e representação
Chrysler, e Volkswagens. Coisa pouca e com baixo índice de nacionalização. O
GEIA visava trocar montagem por produção.
O governo JK aproveitava as ideias do Comandante
Lúcio Meira. Servindo no Gabinete Militar do Presidente Getúlio Vargas, havia
traçado conceitos e realizado uma primeira viagem de co optação de indústrias
à, como vista, aventura tropical. Mas Getúlio se suicidou, o sucessor Café
Filho exportou o Comandante Meira para uma base marítima baiana, e a ideia de
fazer veículos dormitou. Voltou com JK e sua capacidade de envolver tudo em
charme no programa mundial de melhores resultados até os anos 1990.
Em seis décadas anos produziu pouco mais de 79,2
milhões de veículos e desenvolveu invejável capacidade de adaptá-los às
condições nacionais, formando uma engenharia e áreas de estilo com prêmios e
reconhecimento mundiais. De tudo o feito, há situação insólita: não tem única
marca ou modelo nacional.
O primeiro
Controvérsias. Algumas pessoas argumentam ter sido
a camioneta Universal Auto Union, construída pela Vemag em novembro de 1956 o
primeiro veículo nacional. A Vemag portava a autorização número 1 do Geia.
Outros apostam no Romi-Isetta, micro carro lançado dois meses antes, entretanto
inviável por não se enquadrar no gabarito do órgão normativo.
O Curador do Museu Nacional do Automóvel tem outra
visão: seria o Jeep Willys. Gozava do maior índice de nacionalização, e
produção superior aos demais. E era construído aqui anteriormente às regras do
GEIA.
Roda-a-Roda
BM – Com missão de
transformar-se em ícone e patamar de desejo, BMW importa o BMW M2 Coupé.
Combinação do motor forte, L6, 3,0 litros, bi turbo, 370 cv, com suspensão de
alumínio e aperfeiçoamentos pró performance, permitem ágil acelerar de O a 100
km/h em 4,3s. A R$ 379.950,00.
Mais um – Após Mitsubishi
admitir mascarar consumo de seus carros pequenos – os Kei Cars, abaixo de 600
cm3 -, fato se repete com outro fabricante destes carrinhos, a Suzuki.
Outros – Problema na
Mitsubishi fez cair valor das ações. Lucrativa, Nissan agiu rápido comprando
34% delas, assumindo seu comando.
Problemas – Na Suzuki,
problemas pessoais maiores. Osamu Suzuki, 86, CEO, com a marca tão impregnada,
adotou-a como sobrenome. A treta mecânica
deve apeá-lo e a outros diretores do poder – e mudar o desenho societário.
FAC – Evento pode repetir o caso
Mitsubishi, mantida a oferta de tomada acionária pela FCA, interessada em
aumentar parcerias. Suzuki parece pequena no Japão, mas é líder no atrativo e
peculiar mercado indiano.
De Fora – Sobre a notícia da Coluna passada, da nota Zero atribuída
ao Kia Picanto, em avaliação por impacto pela LatinNCAP, representação nacional
da marca informa não vender tal versão pelada no Brasil.
Aquecimento – Entre idas e vindas FCA iniciará produzir em julho pré série do
Projeto 551, o Compass. Processo afina máquinas, montagem, encontra erros e
sana-os antes da produção seriada. Sobre a plataforma de Renegade e Toro.
Olimpíada – 5 de julho Nissan iniciará vender o Kicks,
seu sav. Está entusiasmada. Com a pré
apresentação acompanhando o percurso da Tocha Olímpica, patrocinado pela marca,
há interessados em comprar, pagar, dar sinal – e não há valor definido. Começa
com série especial, 1.000 unidades.
Correção – Após conjuntura desfavorável –
lançamento trocou jornalistas por blogueiros, selfie boys and girls, retorno gracioso pífio, e vendas baixas -,
Fiat foi ao Plano B: cria novidade com versão Way do Mobi.
E, ... – Maior altura livre do solo, amplia
aplicação em pisos ruins e clientes. E gera notícia para lembrar ao consumidor
a existência do produto. Agiu rápido.
Prensa – Revendedores
Troller afiam argumentos para cobrar à Ford, dona da marca, cumprir promessas
de lançamento de três versões do jipe – luxuosa Limited; com transmissão
automática de 6 velocidades aplicada ao picape Ranger -, e opção mais simples,
para trabalho. Ficou nos acenos.
Costumes – Moradores do Lago Sul e condomínios sabem quando a Presidente
afastada Dilma Roussef está em Brasília. Por travar o trânsito. Manda fechar
acesso às vias antes e após saída do Palácio da Alvorada – e gera monumental
engarrafamento a quem lhe paga a cara ociosidade.
Lula – Sabe quantos veículos utilizava o antecessor Lula? Não
cinco como o fazia José Sarney – havia um Landau de reserva pois a frota era
inconfiável – ou quatro como Fernando Henrique. Mas onze.
Sem Noção – Ambulância ... fechava o desfile. Governos evocam Democracia,
povo, trato republicano, mas o Poder os distancia. Marechal Castelo Branco,
primeiro governante militar, era econômico com as benesses do poder: movia-se
em solitário Aero-Willys.
Democratas – É o jeito petista de ser. Motociclistas do ex poderoso ministro
da Casa Civil José Dirceu fechavam a Esplanada dos Ministérios, para desfilar,
solitário como comissário supremo do proletariado desorientado, em seu negro
automóvel, longe, distante do povo – detinha o trânsito apenas por vaidade.
P’ra que – Art. 29 do Código de Trânsito Brasileiro prioriza
deslocamentos com batedores. Mas não os caracteriza ou lista quem tem direito
ao uso.
Trato – Também curioso é o posto de ministro da Casa Civil, desempenhado
pelo ora preso Dirceu. No tempo do Imperador Pedro II, pagando as próprias
viagens e tocava o país com educação, cultura, higidez em administração e
sobriedade, tal atividade era do mordomo do Palácio.
Inversão – O vesgo exercício do poder muda, até, significado das palavras.
No corrente, Mordomia significa confortos como ter um mordomo.
Mas aos usufrutuários do poder, são os confortos para o Mordomo...
Aliás - Ao encerrar o
ciclo petista, exceto Jaques Wagner, opções aos ex-ocupantes dos cargos de
neo-mordomos tem sido processo e/ou prisão.
Mundo muda – Após o Uber
Taxi, o UberCOPTER. Empresa testa por um mês em S Paulo, junção de automóvel
com helicóptero em cinco helipontos na cidade e quatro aeroportos. Preço? Hotel
Blue Tree Faria Lima/Guarulhos, R$ 271; Hotel Transamerica/Blue Tree Faria
Lima, RS$ 80. Valor por assento.
Força Bruta – MWM fabricante
de motores diesel, lança produto destinado ao segmento de energia. É o série
12, L6, 7,2 litros de deslocamento, potencias entre 330 e 415 cv a baixas 1.800
rpm. Manutenção simplificada por cabeçotes individuais e camisas úmidas –
permite reparar apenas o cilindro defeituoso.
Kombi – Conhecido
utilitário passou inúmeros usos em 63 anos de produção no Brasil, e ser carro
de corridas será mais recente façanha no King-Kombi,
2 e 3 de julho, Kartódromo de Barra Bonita, SP. Organizadores do Pé na Tábua,
corrida para carros antigos, querem juntar maior quantidade de anos, modelos e
versões. A fim? www.penatabua.com
Antigos – Mais uma edição, a
XV, do Encontro AVA de veículos antigos. Juiz de Fora, MG, 02 e 03 de julho.
Previsão de 800 participantes. Marca característica, ser grande arrecadadora de
alimentos para entidades beneficentes. Mais? avahotstreet@yahoo.com.br
Gente – David Powels, sul africano, presidente da VW
do Brasil, missão: liderar a marca regionalmente. OOOO Assumiu o controle para América Latina e Caribe, seguindo novo
modelo gestor da matriz. OOOO Thomas
Owsianki, diretor da Skoda e de vendas na China será seu vice presidente. OOOO Jorge Pontual, VP de vendas no Brasil
chegou a ser cogitado ao posto, mas os bons resultados de relacionamento com a
rede de revendedores mantiveram seu foco. OOOO Projeto de Powels, em equipe incluindo Portugal, é reassumir liderança
de mercado até 2018. OOOO
Mercedes
vende peças para antigos
Itens de reposição, kits, reparos, acessórios,
enfim, partes para veículos leves da Mercedes estão sendo vendidos pelo sítio www.peçasclassicasmercedes.com.br.
Integra ação da empresa em manter a frota usada operando com segurança,
oferecendo peças de estoque com até 75% de desconto sobre preço, possibilidades
de financiamento em até 10 vezes, frete grátis até o concessionário indicado para
retirada. As linhas consideradas clássicas englobam
caminhões antigos e as linhas MB 180D e Sprinter. Brevemente incluirá os
ônibus.
Negócio atende a necessidades da fábrica, dos
concessionários e de clientes, a parte de garantia de fábrica não foi esquecida
e os componentes, e a operação montada pela Mercedes oferece peças originais
aos preços praticados para componentes usados.
Na parceria a Mercedes-Benz administra o sítio
e fornece as peças. A rede de concessionários faz as vendas, entregas e busca
resultado paralelo, fazer voltar aos seus espaços os clientes afastados pelo
envelhecimento dos veículos, fim da garantia. Será oportunidade para novos
contatos e negócios.
A iniciativa de dar atenção a veículos antigos
integra os esforços da Mercedes em se aproximar da clientela. Num programa
rotulado “As estradas falam, a Mercedes
ouve”, indica a preocupação, até, em modificar os produtos de acordo com as
opiniões e demandas dos usuários. Caso do sítio para peças a veículos antigos,
se inclui na mesma pauta: ter solução para todas as necessidades dos clientes
Mercedes.
* Roberto Nasser, edita@rnasser.com.br, é advogado especializado em indústria automobilística, atua em Brasília (DF) onde redige há ininterruptos 42 anos a coluna De Carro por Aí. Na Capital Federal dirige o Museu do Automóvel, dedicado à preservação da história da indústria automobilística brasileira.
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