2016. Sem saudades, porém educativo.
Quais tenham sido suas experiências no cruzar dos dias de 2016, boas,
sofríveis, más, com ganhos, a sensação de tempo apenas passado, ou perdas
aferíveis, a todos nós terá ficado a certeza de termos vivido período único. O
processo politico/econômico recheado pelo impedimento da ex-Presidente; sua
pífia lembrança; o fim do ciclo polularesco, trocando a esperança pela
estrutura de assalto ao país, a surpresa do deficit público; os processos de
punição transformando-se na questão do dia pela variedade e agentes; as
condenações e prisões; a teatralidade exibida por réus ou por condutores do
processo; o patinar pela busca de terreno firme para a retomada do
desenvolvimento; a desarmonia dos poderes, tudo ficará marcado em nossas
experiências.
Tomara a massa dos pagantes de imposto de renda, os leitores de jornais,
formem consciência de mudanças, passando tratar política e seus agentes como
coisas de seu universo, com preocupação de participar, desde o saber passado
dos candidatos, ligações, interesses, até ficha penal e folha corrida. E pós
voto assumir postura de cobrança de ética no comportamento, a começar por rever
e dar ao país estrutura proporcional para impedir o mal feito. E isto só
ocorrerá se o mecanismo de educação da sociedade, a punição aos desvios de
comportamento, tiver estrutura para funcionar e atender ao universo da população.
Polícia e Judiciário precisam ter volume proporcional às demandas. Policia que
não apura e Justiça que não julga, não geram estabilidade social.
Sem mudar a base apenas estaremos pagando cada vez mais para recompor as
contas dos cíclicos métodos de assalto ao país – que vão do descontrole dos
super salários, ao varejo dos gastos desmesurados dos Legislativos e do
Judiciário, à indicação do assessor sem qualificação, das compras públicas
superfaturadas e sem qualidade, tantas mazelas.
O país não pode continuar esquecendo o escândalo de ontem pela novidade
do escândalo de hoje. Esta farra que vai do pequeno município aos palácios
brasilienses, tem que acabar - ou nosso futuro sempre será o de país do
inatingível futuro. Exemplo pode se iniciar com a revogação das inexplicáveis
vantagens concedidas à ex-presidente varrida do poder. Meu imposto seria mais
útil com escolas, hospital e polícia que pagando as contas da defenestrada dona
Dilma. RN
Sobre rodas, como foi 2016.
Teve de tudo, mas com certeza a maior referência setorial terá sido o
insólito: executivos da indústria automobilística processados, presos e
condenados pela busca de vantagens oficiais por caminhos espúrios. Fora do
registro a merecer estudo de risco para explicar tal noção de superioridade à
lei, no geral e numericamente o ano não foi bom. Ao contrário, ante previsão de
estabilização aos maus níveis de 2015, o país piorou 19% em consumo de veículos.
Mal indicador, veículos de trabalho como caminhões e ônibus tiveram queda de 50
e 70%, mesmos índices de ociosidade industrial. Setor de auto peças com
resultado semelhante, e a rede revendedora se desmilinguiu – investiu para
vender 5M de veículos e o volume caiu abaixo da metade, inviabilizando
operações. Expansão apenas nas placas de Vende-se, Aluga-se, Passa-se o ponto,
e distribuição de currículos… Indústria manobrou rápido e desvalorização da moeda fez crescer
exportações, mandando 500.000 veículos portos a fora.
Negócio
Investimentos mantiveram-se aplicados e novos foram anunciados, ante a
certeza de bons dias e da estratégia de ter produtos novos para surfar quando a
onda aparecer. Fábricas com olhos puxados, sempre imunes a crises, proceder diferente:
chinesa JAC não levantou paredes para fábrica, em meio a intensas mudanças, de
sociedade a projeto. Deixa a dúvida se terá operação industrial, ou
limitar-se-á às importações. Chery, primeira a se instalar, tem operação
mercurial, traçada pelo humor do sindicato de metalúrgicos de Jacareí, SP.
No tema dificuldades de relacionamento com representação sindical, a HPE, ex-Mitsubishi, enfrentou greve. Sindicato ainda não entendeu ser para valer o aviso dado ao estado de Goiás no princípio do ano: empresa ameaçou mudar-se e governo tremeu. Fábrica é o esteio do pequeno município de Catalão, e a responsabilidade pelo desemprego de 4.500 pessoas periclitará para o lado dos líderes sindicalistas.
No tema dificuldades de relacionamento com representação sindical, a HPE, ex-Mitsubishi, enfrentou greve. Sindicato ainda não entendeu ser para valer o aviso dado ao estado de Goiás no princípio do ano: empresa ameaçou mudar-se e governo tremeu. Fábrica é o esteio do pequeno município de Catalão, e a responsabilidade pelo desemprego de 4.500 pessoas periclitará para o lado dos líderes sindicalistas.
Em situação assemelhada porém de origem diferente, o Grupo Volkswagen
enfrentou mundialmente problemas com fornecedor de bancos. De pensamento
soviético o fabricante de tal componente resumiu e sustou o fornecimento,
forçando parar a produção.
Fornecedor tem filiais no Brasil, problema se repetiu, e Volkswagen daqui
patrocinou surgimento de novos fornecedores para reatar a produção após de
enormes prejuízos pela fabricação suprimida.
Crença
Honda mantém instalações 0 Km fechadas em Itarapina, SP, à espera do
aumento de demanda no mercado, e Toyota investe para aumentar capacidade de
fazer motores na também paulista Porto Feliz. Hyundai surpreendeu apresentando
o SAV Creta; Mercedes-Benz e Jaguar Land Rover inauguraram fábricas para
cumprir os acordos com o programa Inovar-Auto.
Regra oficial foi responsável por investimentos para tornar motores antigos mais econômicos, lançar nova geração marcada por engenhos 1,0 e três cilindros, e o uso do turbo como novo caminho para motores mais leves e menores. Balanço do programa ao final de 2017 dirá se o caminho furcado entre investimento e punição aos importados mais baratos, valeu a pena ou apenas favoreceu algumas marcas.
Assuntos liderados pelo então ministro e hoje indiciado governador mineiro Fernando Pimentel exigem cautelas e cuidados. Dentre montadoras CAOA está envolvida em processo com o citado.
Regra oficial foi responsável por investimentos para tornar motores antigos mais econômicos, lançar nova geração marcada por engenhos 1,0 e três cilindros, e o uso do turbo como novo caminho para motores mais leves e menores. Balanço do programa ao final de 2017 dirá se o caminho furcado entre investimento e punição aos importados mais baratos, valeu a pena ou apenas favoreceu algumas marcas.
Assuntos liderados pelo então ministro e hoje indiciado governador mineiro Fernando Pimentel exigem cautelas e cuidados. Dentre montadoras CAOA está envolvida em processo com o citado.
Varejo
No varejo país experimentou mais de 100 lançamentos de produtos e
versões, incluindo produtos importados, com utilitários esportivos definindo a
pauta de investimentos. Tal morfologia é a queridinha do mercado, e novidades
não faltam: Renault capitaneia o negócio com lançamento de três SAV neste ano.
Do pequeno Kwid, ao médio Captur – apresentação 17 de janeiro -, e o importado
Koleos como mais luxuoso da linha.
Como definição para os próximos anos carro híbrido, endotérmico/elétrico
mostra o futuro próximo, e BMW, Ford e Toyota buscam ampliar presença de seus
modelos no mercado. Primeira leva de Prius surpreendeu e a marca aumentou
volume de importação com novo modelo.
Grande festa setorial, Salão Internacional do Automóvel deixou as
desrespeitosas instalações do Anhembi e ocupou área particular. Foi para o São Paulo Expo -Rodovia
dos Imigrantes Disposição mais racional e o conforto do ar condicionado, do
restaurante respeitável, das vagas cobertas para estacionamento.
Política da gasolina tornou-se mais clara, como exibida ficou posição
dos operadores de postos sem repassar redução de preço no combustível.
Em torno
Na atividade de imprensa especializada surgimento de sem números de
blogs e portais, muitos sem vocação ou conhecimento, entretanto festejados por
fabricantes, montadoras e importadores. Incentivam grandemente a
superficialidade, desconsideram o conteúdo. Lado oposto, foi-se antes do
combinado o culto, bem humorado e polêmico JR Mahar. Liderança sensível, seu
blog permanece.
No cenário dos veículos antigos, preços subiram, negócios caíram. No
panorama, hobby antigomobilístico em expansão, surgimento de
clubes, realização de eventos, mas o negócio continua sem a filosofia básica da
originalidade, contrariando o restante do mundo, onde ser original é a base
definidora de qualidade e valor. Praticamos o Antigomobilismo do B. Coerente,
Federação Brasileira de Veículos Antigos exibe o retrato dos colecionadores
brasileiros: diretoria foi re eleita sem cumprir projeto de gestão.
Automóvel como tema cultural, mal ano. O acervo do antigo Museu Paulista
de Antiguidades Mecânicas transferido ao município de Caçapava, SP, teve
cuidados desacelerados. Não foi prioridade da Prefeitura. Espera-se, novo
Alcaide tenha cabeça mais aberta. Ao final do ano, duas notícias em direções
opostas. Patrícia Matarazzo, gestora do Museu Eduardo Matarazzo, em Bebedouro,
reabriu após obras e notificou Prefeito e Câmara de Vereadores: ou a Prefeitura
cumpre o prometido, assumindo manutenção do prédio oficial, ou o acervo será
transferido para fazenda da família, e o Museu, fechado após 49 anos.
Sem museu de automóveis em Caçapava e Bebedouro cidades se restringem aos seus limites geográficos. Museu as coloca no mundo. Processo eletivo necessita ser mudado. Prefeitos devem ter curso de gestão governamental para entender-se com as exigências da administração municipal, onde Cultura, bem preservado na Constituição, deve ser respeitada.
Sem museu de automóveis em Caçapava e Bebedouro cidades se restringem aos seus limites geográficos. Museu as coloca no mundo. Processo eletivo necessita ser mudado. Prefeitos devem ter curso de gestão governamental para entender-se com as exigências da administração municipal, onde Cultura, bem preservado na Constituição, deve ser respeitada.
Lado oposto, em Brasília, fim do ano para salvar o Museu Nacional do Automóvel, surgiram três propostas oficiais para
viabilizar o único espaço museal no mundo dedicado à história da indústria
automobilística de um país.
Exceção em más notícias, o filme Nutz, por Dino Dragone, a respeito do colecionismo.
Exceção em más notícias, o filme Nutz, por Dino Dragone, a respeito do colecionismo.
Esperança
2017 será melhor. Prevem-se mínimos 10% de crescimento mensurável a
partir do segundo trimestre. O país tem um Norte e o ministro da Fazenda não é
um enganador posando de intelectual.
Compass começou bem
Com auxílio do Compass em soma com os resultados do Renegade, marca Jeep
superou registro de vendas de 50 mil unidades em 2016, assinalando situação
difícil de imaginar há pouco tempo: há três meses assumiu a liderança de vendas
no segmento dos utilitários esportivos.
Compass vendeu mais de 2.500 unidades em novembro – cinco vezes mais
ante concorrente mais próximo -, e mostra boa fórmula: liderança tecnológica
pelo uso de motores Tigershark 2,0 flex, e a exclusividade da opção Multijet
II, 2,0, diesel transmissão automática com nove marchas, permitindo rapidez e
economia. O DNA Jeep e a pré disposição do sistema de tração 4x4 para o uso em
terrenos ruins o diferencia. Outros itens exclusivos em tecnologia fazem parte do
pacote: o ACC, controle adaptativo de velocidade; alerta de colisão;
monitoramento de mudança de faixa; assistente para estacionamento, o Park
Assist.
Embora para o Compass o mês de novembro tenha tido 25 dias, resultado já
o colocou como um dos 20 mais vendidos. Volume de vendas quase iguala a soma de
todos os concorrentes, e surpreendeu projeções da Jeep para comercialização de
2.000 unidades/mês. No varejo de balcão proporções de vendas coincidiram com
projeção da marca: 70% com versão Flex, e 30% diesel com tração nas 4 rodas.
Compass e Renegade estão entre os três primeiros SUV mais vendidos do
mercado doméstico, mas há reflexos institucionais fora do país. Marca Jeep,
ausente do Brasil desde 1968 lidera segmento. Renegade e Compass são produtos
globais e foram lançados pioneiramente no Brasil. No mercado dos EUA Compass
substitui dois produtos: a geração anterior do Compass e o Patriot.
* Roberto Nasser, edita@rnasser.com.br, é advogado especializado em indústria automobilística, atua em Brasília (DF) onde redige há ininterruptos 42 anos a coluna De Carro por Aí. Na Capital Federal dirige o Museu do Automóvel, dedicado à preservação da história da indústria automobilística brasileira.
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