UM CALOR DE GELAR OS OSSOS
Só? Não: o PT e os partidos que sempre o apoiaram pediram ao STF o exame do celular do presidente. Não deve dar em nada: o ministro Celso de Mello enviou o pedido ao procurador-geral Augusto Aras, que dificilmente o aceitará. Mas o general Augusto Heleno já se manifestou, e disse, em outras palavras, que presidente é presidente, e um pedido "inconcebível" como este "poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional". Pois é: Bill Clinton precisou depor sobre um caso ruim e os EUA ficaram estáveis. O presidente, lá, não está acima da Constituição nem das ordens judiciais.
A Paraná Pesquisas informa que, para 35% do povo, Bolsonaro é culpado pelas mais de 20 mil mortes por Covid 19. A China é culpada para 4%.
E daí?
Bolsonaro fez piada: "Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda toma tubaína". Lula também foi mal: "Ainda bem que a Natureza criou esse monstro". Queria dizer que é preciso que o Estado seja forte para agir.
Nos dois extremos da política, ninguém tinha algo melhor para dizer?
Nos dois extremos da política, ninguém tinha algo melhor para dizer?
Os homens do presidente 1
O general da Saúde se cercou de militares. Um é o major Angelo Martins Denicoli, novo diretor do Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS, muito ativo em redes sociais. Saúde? Defende a cloroquina, e só.
1 – Em 8 de abril, disse que a FDA (Federal Drugs Administration), dos Estados Unidos, tinha aprovado a hidroxicloroquina, e que a Novartis, uma das maiores indústrias farmacêuticas do mundo, iria doar 130 milhões de doses. Tudo falso: o site da Novartis informa que as pesquisas da empresa são favoráveis à hidroxicloroquina e que, com base nelas, pediria à FDA e à Comissão Europeia de Medicamentos que a aprovassem. Nesse caso, iria doar 120 milhões de doses. A notícia foi copiada de um site bolsonarista (que publicou o número errado). Era fácil apurar a verdade: bastaria procurar em www.novartis.com. Informou o Ministério da Saúde que o major não sabia que a notícia era falsa e que, quando soube, imediatamente a apagou. Não era bem assim: até 19 de maio, quando a Folha o procurou, estava no ar.
2 – Disse Denicoli, sobre o Supremo, que Ricardo Lewandowski é amigo de traficantes, Celso de Mello apoia pedófilos, Rosa Weber é a garantia dos estupradores, Marco Aurélio dos assassinos e que corrupto só precisa ligar para Gilmar Mendes. Havia fotos de cada ministro, com nome e legenda com a informação falsa: "Votou a favor de corruptos (ou assassinos, ou pedófilos, ou estupradores) nunca serem presos". Denicoli cuida hoje de Saúde.
1 – Em 8 de abril, disse que a FDA (Federal Drugs Administration), dos Estados Unidos, tinha aprovado a hidroxicloroquina, e que a Novartis, uma das maiores indústrias farmacêuticas do mundo, iria doar 130 milhões de doses. Tudo falso: o site da Novartis informa que as pesquisas da empresa são favoráveis à hidroxicloroquina e que, com base nelas, pediria à FDA e à Comissão Europeia de Medicamentos que a aprovassem. Nesse caso, iria doar 120 milhões de doses. A notícia foi copiada de um site bolsonarista (que publicou o número errado). Era fácil apurar a verdade: bastaria procurar em www.novartis.com. Informou o Ministério da Saúde que o major não sabia que a notícia era falsa e que, quando soube, imediatamente a apagou. Não era bem assim: até 19 de maio, quando a Folha o procurou, estava no ar.
2 – Disse Denicoli, sobre o Supremo, que Ricardo Lewandowski é amigo de traficantes, Celso de Mello apoia pedófilos, Rosa Weber é a garantia dos estupradores, Marco Aurélio dos assassinos e que corrupto só precisa ligar para Gilmar Mendes. Havia fotos de cada ministro, com nome e legenda com a informação falsa: "Votou a favor de corruptos (ou assassinos, ou pedófilos, ou estupradores) nunca serem presos". Denicoli cuida hoje de Saúde.
Os homens do presidente 2
Responda depressa: por que, entre os integrantes da equipe de apoio do general que está na Saúde, foi contratado um advogado criminalista?
Lembrando o tempo petista
Um caso explosivo: o bilionário Beny Steinmetz, empresário do setor de diamantes, briga nos EUA para não pagar à Vale a multa de US$ 2 bilhões a que foi condenado pela Corte Arbitral Internacional de Londres. A Vale diz ter sido enganada por Steinmetz, seu sócio no projeto da mina de Simandou, na Guiné, uma das maiores do mundo. Steinmetz teria informado à Vale que a concessão da mina tinha sido obtida legalmente. Steinmetz não é uma pessoa comum: já foi condenado por corrupção pela Justiça de Israel, Suíça, EUA e Guiné. E continua lutando: seus detetives gravaram conversas com diretores da Vale da época do presidente Lula, e ele as apresentou no dia 19 à Justiça de Nova York. Um áudio é atribuído ao ex-diretor de Minério de Ferro da Vale, José Carlos Martins, que diz que o Conselho de Administração da empresa tinha conhecimento de tudo, mas concordou em correr o risco pela importância estratégica da mina. Na época, havia também o interesse do Governo Lula de estreitar laços com a África (nos processos do Mensalão, revela-se que o interesse era também dos governantes).
Dinheiro não tem cheiro
Atribui-se a Martins a recomendação de fechar o acordo "de nariz fechado pois cheira mal, para não deixar o negócio com os competidores". Roger Agnelli, presidente da Vale, teria dito "tem algo errado". Mas, no final, o Conselho decidiu: "OK, vamos nessa. Não digam mais nada. Vamos fechar".
* Carlos Brickmann é Escritor, Jornalista e Consultor, diretor da Brickmann & Associados Comunicação.
Leia o Chumbo Gordo, informação com humor, precisão e bom.
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