sexta-feira, 7 de março de 2025

“APÓS A CHEGADA”, NOVA EXPOSIÇÃO DA CASA FIAT DE CULTURA, REVELA UM TERRITÓRIO AFROFUTURISTA A PARTIR DAS OBRAS DO ARTISTA WILL.

Com pinturas geométricas e retratos, a mostra abre um portal para que passado e futuro coexistam.

Inspirado pelo provérbio iorubá "Esú matou um pássaro ontem com a pedra que atirou só hoje", o artista belo-horizontino Will constrói narrativas visuais que transcendem o tempo. Na exposição "Após a chegada", que será inaugurada em 11 de março na Casa Fiat de Cultura, suas 21 obras se tornam um manifesto de ressignificação de territórios. Os retratos e as pinturas geométricas trazem à memória os territórios afro-indígenas, Kemet, no antigo Egito, a Bahia – espaços onde pessoas foram apagadas ou expulsas, e os quilombos brasileiros – locais de luta e resistência. Para marcar o início da exposição, no dia 11 de março, às 19h30, será realizada uma visita mediada com Will. A mostra ficará em cartaz até 27 de abril de 2025, com entrada gratuita.

Will é autodidata e expressa-se através do desenho desde a infância. Por muito tempo, seu olhar esteve voltado para o que estava ao redor, até perceber a necessidade de uma investigação mais profunda sobre a sociedade, sobre si mesmo e o que estava “dentro”. Durante uma viagem à Bahia, há cerca de três anos, esse movimento interno ganhou forma, dando origem a uma das séries que compõe a exposição “Após a Chegada”.

As obras criadas pelo artista, em sua maioria geométricas, são uma proposição de retomada de territórios. Com pinceladas bem marcadas e tons terrosos, elas fazem referência ao deserto e às pirâmides do Egito, mas também aos centros urbanos e ao que o artista pesquisou, viu e viveu na Bahia. Will as define como afrofuturistas. “Repenso e reconstruo esses locais por meio da pintura, possibilitando que pessoas negras possam ocupá-los e serem protagonistas desses espaços. É como se eu estivesse construindo um novo imagético, numa nova possibilidade de futuro”, explica.

A geometria que compõe as telas da exposição não é apenas estética, mas um gesto político. Em sua cidade natal, Belo Horizonte, Will volta seu olhar sobre o Largo do Rosário, território negro que abrigava a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e que já não existe mais. O artista resgata essas histórias e propõe um novo imaginário em que a ancestralidade não é apenas viva, mas lidera sua própria narrativa. “Nesta exposição, conto uma história ressignificada em arte, mas de uma forma poética”, reflete Will. Como Esú, o orixá do movimento, da comunicação e dos caminhos, o artista se move em um tempo espiralar, abrindo caminhos e oferecendo um convite: enxergar a história para recriar um novo começo.

A exposição “Após a chegada” é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com o patrocínio da Stellantis, da Fiat, copatrocínio da Stellantis Financiamento, do Banco Stellantis, do Banco Safra e da Sada. O evento tem apoio institucional do Circuito Liberdade, além do apoio do Governo de Minas e do Programa Amigos da Casa.

Lista de obras
·       Esú Rei (2022)
·       Catimbó (2022)
·       Catimbó (2022)
·       A ancestralidade é viva (2025)
·       Diáspora (2023)
·       Kemet (2023)
·       Reverso (2023)
·       Atlântico (2025)
·       Berço da humanidade (2025)
·       Pirâmide de Gizé (2024)
·       Piscina do Sertão (2024)
·       Faces de lá até o arraial (2024)
·       Largo do Rosário (2024)
·       De Kemet a quebrada (2023)
·       Maria Filipa (2025)
·       Nem tudo é o que é (2024)
·       Miragem (2023)
·       Vestígios de origem (2025)
·       Sobre observação (2025)
·       Deserto da Namíbia (2025)
·       Apenas miragem (2025)

Abertura

Para marcar a abertura da exposição, no dia 11 de março, terça-feira, às 19h30, Will convida o público para uma visita mediada à exposição. Durante a visita, o artista vai aproveitar para compartilhar sobre o seu processo criativo, suas inspirações e curiosidades sobre a sua trajetória na arte. Ele também vai apresentar suas investigações e objetos de estudo tanto na Bahia, quanto na própria capital mineira. Os interessados em participar podem se inscrever gratuitamente pela Sympla.

Will

Graduando em artes visuais, o artista, autodidata, mineiro de BH, cria um universo particular em suas pinturas. Suas imagens urbanas carregam mensagens políticas, onde nada é tão óbvio quanto parece ser, mas ainda assim é possível decifrar as quase verdades nas quais as pessoas tentam se apoiar. A figuração de pessoas racializadas é uma marca forte do artista. Assim, ele representa a si mesmo e a toda população negra, colocando essas pessoas em locais normalmente aceitáveis em uma sociedade estruturalmente racista. Seus trabalhos já foram exibidos no SESC Palladium, no Palácio das Artes, no Museu de Quilombos e Favelas Urbanos, no Viaduto das Artes e na ArteFasam Galeria. Com a exposição coletiva “Um defeito de cor”, passou pelo Museu de Arte do Rio, Muncab Salvador, Sesc Pinheiros SP e Memorial Minas Gerais Vale. Com a mostra “Encruzilhadas da arte afrobrasileira”, passou pelo CCBB SP, CCBB BH e CCBB RJ.

Piccola Galleria

O espaço é destinado a artistas da cena contemporânea e foi criado em 2016, com o intuito de incentivar a produção nacional e internacional. Os artistas são selecionados por uma comissão de especialistas, que, na 7ª edição, contou com o curador, pesquisador e educador Bitu Cassundé; a professora, artista e pesquisadora Telma Martins; e a artista e professora Leonora Weissmann. O processo se realizou 100% online, de modo a facilitar a inscrição de pessoas de todo o Brasil. No total, mais de 200 trabalhos foram enviados, e a avaliação dos jurados também se deu no formato virtual.

A proposta é apresentar e destacar trabalhos inéditos – pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, fotografias, instalações, performances e/ou videoarte – de artistas locais, brasileiros ou estrangeiros. Além de Will, outros cinco artistas foram selecionados na 7ª edição.

Nas seis edições já realizadas, o Programa de Seleção da Piccola Galleria apresentou o trabalho de 35 artistas, abrigou mais de 400 obras e recebeu um público de 500 mil pessoas. A sala expositiva é um ambiente dedicado às artes visuais e sua criação marcou os 10 anos da Casa Fiat de Cultura. Situada ao lado do painel “Civilização Mineira”, de Candido Portinari, no hall principal da Casa Fiat de Cultura, o pequeno recinto é destinado a exposições de curta duração, mas com toda a visibilidade que a instituição enseja. Local intimista e com grande circulação de público, conta com a chancela da Casa Fiat de Cultura e do Circuito Liberdade, um dos mais importantes corredores culturais do país.

Casa Fiat de Cultura

A Casa Fiat de Cultura cumpre importante papel na transformação do cenário cultural brasileiro, ao realizar prestigiadas exposições. A programação estimula a reflexão e interação do público com várias linguagens e movimentos artísticos, desde a arte clássica até a arte digital e contemporânea. Por meio do Programa Educativo, a instituição articula ações para ampliar a acessibilidade às exposições, desenvolvendo réplicas de obras de arte em 3D, materiais em braille e atendimento em libras. Mais de 90 mostras, de consagrados artistas brasileiros e internacionais, já foram expostas na Casa Fiat de Cultura, entre os quais Caravaggio, Rodin, Chagall, Tarsila, Portinari entre outros. Há 19 anos, o espaço apresenta uma programação diversificada, com música, palestras, residência artística, além do Ateliê Aberto – espaço de experimentação artística – e de programas de visitas com abordagem voltada para a valorização do patrimônio cultural e artístico. A Casa Fiat de Cultura é situada no histórico edifício do Palácio dos Despachos e apresenta, em caráter permanente, o painel de Portinari, Civilização Mineira, de 1959. O espaço integra um dos mais expressivos corredores culturais do país, o Circuito Liberdade, em Belo Horizonte. Mais de 4 milhões de pessoas já visitaram suas exposições e 700 mil participaram de suas atividades educativas.

Serviço  
Exposição “Após a chegada” na Casa Fiat de Cultura  
Período expositivo: 11 de março a 27 de abril de 2025
Visitação presencial: terça-feira a sexta-feira das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h (exceto segundas-feiras)
Tour virtual no site (www.casafiatdecultura.com.br)

Visita mediada pelo artista Will
11 de março, às 19h30, na Casa Fiat de Cultura
Inscrição gratuita pela Sympla

Toda programação da Casa Fiat de Cultura é gratuita
Casa Fiat de Cultura   
Praça da Liberdade, 10 – Funcionários – BH/MG 
Circuito Liberdade

Horário de Funcionamento
Terça-feira a sexta-feira, das 10h às 21h  
Sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h
  
Informações  
Pelo site Casa Fiat de Cultura    
casafiatdecultura@stellantis.com  
facebook.com.br/casafiatdecultura  
Instagram: @casafiatdecultura  
X: @casafiat  
YouTube: Casa Fiat de Cultura

Casa Fiat de Cultura
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