segunda-feira, 27 de outubro de 2025

FANATISMO. Por Ben Franz*

O fanatismo religioso, político, étnico, ou simplesmente competitivo, contabiliza, desde sempre, centenas de milhões de vítimas – o resultado de duelos entre indivíduos ou de conflitos entre grupos, culminando em guerras, genocídios, extermínios, expurgos e disputas de toda ordem, ainda que manifestados em mera briga de torcidas esportivas.

O fanático (fã extremado) é um narcisista, que busca escapar de sua solidão psíquica elegendo uma causa por objetivo, à qual possa se dedicar radicalmente. Quando consegue socializar na busca dessa causa, integra-se às legiões de fanáticos em movimentos sociais como o nazismo, o comunismo, os combatentes do Estado Islâmico, as agremiações políticas, ou tornando-se um guerreiro, e, às vezes, um mártir em alguma guerra santa.

O fanático é teimoso, obstinado, dogmático. Despreza a tolerância e a divergência de opinião, que vê como fraqueza, resignação ou submissão. Respeitar uma opinião antagônica é inaceitável para o fanático. Não sabe negociar um compromisso. Para ele, tudo é branco ou preto, desgraça ou dádiva, amigo ou inimigo. O fanático é imune a dúvidas e não sofre de hesitação. Nunca se depara com problemas difíceis porque a solução é um decreto governamental ou a bala de uma arma de fogo. O fanático se impõe pela força. Paga qualquer preço para atingir o seu objetivo, embora prefira que “os outros” paguem esse preço.

À sociedade cabe defender-se dos fanáticos, mas só existe uma maneira de fazê-lo: combatendo a costumeira indiferença diante das ações empreendidas pelos fanáticos. Isso se consegue através da Educação, do esclarecimento, do exercício pleno da cidadania em regime democrático, e do senso crítico, recorrendo à memória para aprender as lições que a História nos ensina. Tarefa árdua, permanente e de sucesso duvidoso, infelizmente.

> Fanatismo é parte integrante do livro "33 crônicas de um psicanalista", editado e distribuído pela Editora Viseu, à venda pela Amazon. Ilustração: Marília Cechini Simões.

*Benno Franz Kialka, que assina "33 crônicas de um psicanalista" como Ben Franz, é integrante da Academia Itajubense de Letras. Além de escritor, é psicanalista e professor. Nascido em 1948 em Stuttgart, Alemanha, é cidadão brasileiro que conta em seu currículo profissional com passagens e atividades representativas pelo segmento industrial brasileiro, ocupando cargos de assessoria, gerenciais e executivos, em conhecidas empresas multinacionais instaladas no Brasil como a alemã Mannesmann e a americana General Motors, além da Embraer.

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