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quinta-feira, 18 de maio de 2017

ALTA RODA.
Por Fernando Calmon*

SENSACIONALISMO BARATO

Fica difícil de acreditar que o Latin NCAP continue a ignorar a diferença entre apontar falhas de segurança em testes de colisões e lançar confusão e dúvida em razão de protocolos de testes malfeitos. O objetivo da organização parece ser o confronto, em busca de fama, sem construir base propositiva adequada à realidade da região.

São incomparáveis os esquemas técnicos montados pelo Euro NCAP e sua improvisada contraparte latino-americana. A União Europeia (EU) sem fronteiras obrigou a unificação de exigências de segurança, apesar de diferenças de padrão de riqueza entre seus membros, que antes resultavam em carros ocidentais muito mais seguros que os orientais. Foi um longo caminho de adaptação e conflitos resolvidos pelo diálogo.

O Brasil não tem fronteiras livres com todos os seus vizinhos, nem moeda única e nem livre mercado como na UE. Mas o Latin NCAP escolheu a picape Ford Ranger básica, vendida na Colômbia, para “punir” o fabricante que nem comercializa aquela versão no Brasil. Os Nissan March fabricados aqui e no México são iguais, mas a confusão formada por protocolos mudados, sob escassa discussão prévia com fabricantes, provoca dúvidas no consumidor e a perda de “estrelas”. Simplificando: a temperatura é a mesma, mas o termômetro, diferente.

Como se faz na EU? Simplesmente não se submete a testes o mesmo carro com protocolos diferentes antes de seis anos. Em abril do ano passado, o Euro NCAP criou um mecanismo chamado Dual Rating (em português, Dupla Classificação). Lá continuam colisões de modelos básicos de cada marca. Mas o fabricante pode patrocinar outra rodada de testes com equipamentos de segurança adicionais e conseguir galgar uma ou duas estrelas extras.

Segundo a própria entidade europeia “esse sistema permite gradualidade nas opções de compra, mantendo carros a preços acessíveis (grifo da Coluna), mas ao mesmo tempo dando oportunidade aos consumidores de obter importantes tecnologias de segurança”. Isso ocorre porque o custo alto da proteção adicional é insuportável para todos os consumidores. E ocorre em zona econômica de alto poder aquisitivo frente ao Brasil e vizinhos.

Essa possibilidade, pelas regras da Latin NCAP, não melhoraria a nota zero do Onix na proteção do passageiro adulto, mas talvez mudasse as três estrelas para passageiro infantil. Em outros casos, como do Peugeot 208, poderia fazer diferença, pois 90% dos modelos são comercializados com airbags laterais. O Euro NCAP, por exemplo, faz testes de bancos infantis à parte, diferentemente da forma mal executada nesta região.

Latin NCAP costuma dramatizar seus relatórios com frases apelativas como “grande desilusão” ou “ficamos decepcionados”. Sua associada local, Proteste, propõe recall para retirar de circulação modelos reprovados no teste de colisão em laboratório. Trata-se apenas de sensacionalismo barato e sem previsão em qualquer legislação no mundo.

O Brasil, no entanto, avança apesar de piruetas técnicas daquela “brilhante” entidade. A norma NBR 16204 regulamenta teste de colisão lateral nos veículos e entra em vigor em 16 de agosto de 2018. Entretanto, exigirá ainda regulamentação pelo Contran.

RODA VIVA

ENQUANTO em países centrais 95% dos carros ao final de vida são reciclados, aqui mal chegam a 1,5%. Pensando que um dia esse cenário pode mudar, a siderúrgica Gerdau criou sete estações móveis de reciclagem para automóveis, motos e caminhões. Antes de encaminhar as estruturas metálicas para o triturador, há completa descontaminação ambiental das carcaças.
RECÉM-APOSENTADO Ed Welburn, um dos mais famosos chefes de estilo da GM, recebeu algumas condecorações. Em entrevista à Car and Driver destacou o Cadillac CTS-V Coupé como seu favorito. Sem identificar o modelo, apontou um em que frente, laterais e traseira pouco se entendiam e grade frontal parecia com a cara do Darth Vader. Desconfia-se do Pontiac Aztec.
COROLLA ALTIS se destaca pelo acabamento, espaço interno, solidez e um câmbio CVT que simula troca de 7 marchas ao apertar firme o acelerador. Faltou modernizar o painel. Sistema de projeção de velocidade no para-brisa tem aspecto improvisado. Versão esportivada XRS merecia, pelo menos, rodas de aro 18, embora as de aro 17 tenham bonito desenho.
RESSALVA: Na coluna da semana passada, vendas de veículos acumulados no primeiro quadrimestre de 2017 sobre igual período de 2016 tiveram queda de apenas 2,4%. O recuo de 17% se deu na comparação entre abril e março deste ano em razão de menos dias úteis do mês passado. Provavelmente em maio a base comparativa acumulada seja zerada.
SEGUNDO a Procondutor, especializada no mercado de educação de trânsito e cursos de educação digital, são alarmantes os números de flagrantes em todo o País de motoristas dirigindo sem carteira de habilitação. Isso aliado à má formação teórica e prática colabora para o quadro péssimo de acidentes em 90% das vezes causados por imperícia, imprudência e negligência.



Fernando Calmon - fernando@calmon.jor.br - é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no Coisas de Agora, WebMotors, Gazeta Mercantil e também em uma rede nacional de 52 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente para a América do Sul do site Just-auto (Inglaterra). Siga: www.twitter.com/fernandocalmon.


sexta-feira, 12 de maio de 2017

ALTA RODA.
Por Fernando Calmon*

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DIA DE COMEMORAR

Hoje é um dia especial para essa coluna, a de número 940, que completa 18 anos de publicação contínua nas 52 semanas do ano. Em primeiro lugar um agradecimento aos leitores e aos mais de 80 parceiros que reproduzem Alta Roda. As abordagens nesse espaço costumam ser bem focadas nos assuntos e o estilo, formal. Nessa edição segue invertido um meme das redes sociais. Divirta-se um pouco com nove mentiras e uma verdade, fruto de lendas urbanas e termos incorretos.

1) Transmissão mecânica – Usado incorretamente no Brasil para designar câmbio ou caixa de mudanças. Transmissão é todo o mecanismo que leva potência do motor às rodas – embreagem, câmbio, cardã, diferencial, semiárvores. Essa designação vem da língua inglesa. Algum “gênio” deve ter achado que M/G (manual gearbox ou caixa de câmbio manual) poderia ser confundido com a marca inglesa MG. E aí “criou” as siglas M/T e A/T reproduzidas aqui sem pudor. Todo câmbio é mecânico, manual ou automático. 

2) Eletrônica embarcada – Toda eletrônica é de bordo já que não pode ser desembarcada como passageiro de avião. Se todos falam computador de bordo ou telefone de bordo por que só eletrônica ou tecnologia é “embarcada”?

3) Piloto automático – Má tradução do controle de velocidade de cruzeiro. “Piloto” automático só quando chegar direção totalmente autônoma.

4) Abastecer motor flex com gasolina a cada 10.000 km – Além de recomendação que poucos vão lembrar, não tem respaldo técnico. Teste de longa duração da revista 4 Rodas deste mês indicou o Audi A3 sedã turboflex, abastecido apenas com etanol, como o motor mais “limpo” de todos os tempos após ser desmontado.

5) Trocar amortecedor (40.000 km) e catalisador (80.000 km) – No primeiro caso basta simples inspeção. Troca de amortecedor depende das condições de uso. Mesmo caso do catalisador, sendo 80.000 km ou cinco anos a garantia. Esta peça pode durar menos ou até o que durar o motor (250.000 km ou mais).

6) Só existe um tipo de álcool – Negativo. Além do etanol, como deve ser adequadamente chamado, há metanol, propanol e butanol. Em todos os outros países, inclusive no Brasil, etanol é a denominação oficial.

7) Motor de 1.000 cilindradas – Cilindrada é grandeza e não unidade de volume. Então, 1.000 cm³ de cilindrada. Não existe dizer que um prédio tem 10 alturas ou um tanque de combustível comporta 40 volumes.

8) Pedaleiras e brake light – Só motocicletas possuem pedaleiras, a do piloto e a do garupa. Em automóveis há apenas uma pedaleira (conjunto de pedais). Brake light, em inglês, significa luz de freio, simplesmente. Falsa referência à luz auxiliar de freio.

9) Países europeus marcaram data para exigir apenas carros elétricos nas ruas – Bobagem. Há apenas desejos ou metas informais. Não é possível saber quando isso ocorrerá. Incentivos poderão ser oferecidos aos elétricos ou taxar mais os motores a combustão. Mas transição será definida por quem compra o veículo, não um burocrata qualquer.

10) Se decidir trocar apenas dois pneus, os novos devem sempre ir nas rodas traseiras – Isso é pura verdade. Dois pneus novos não devem ser montados nas rodas dianteiras e sim nas traseiras, para evitar uma derrapagem muito mais perigosa com a qual um motorista comum não lida bem.


RODA VIVA

EMBORA os números acumulados de vendas no primeiro quadrimestre de 2017 frente a 2016 continuem negativos (menos 17%), a média diária – aquela que realmente importa – subiu. Em abril 8,7 mil veículos foram comercializados por dia, crescimento de 7% sobre abril de 2016 e de 6% comparada a março último. Falta pouco para reversão de números negativos.

ENQUANTO isso, exportações continuam a crescer: 64% em relação ao primeiro quadrimestre do ano passado. A indústria exportou um terço de sua produção, melhor resultado até hoje. E não apenas veículos montados. Volkswagen fechou contrato para exportar 250.000 motores 1,4 TSI turbo para o México até 2020, vencendo concorrência interna da marca.

FORD revelou características do novo motor tricilindro flex de 1.5 litro, a ser fabricado em Taubaté (SP). Ao utilizar etanol atinge 137 cv (maior potência específica de um motor aspirado feito aqui) e 15,8 kgfm de torque. Nível de vibração é consideravelmente baixo para número ímpar de cilindros. Primeira aplicação mundial será no novo EcoSport, em agosto próximo.

NISSAN trouxe ao Brasil seu minivan elétrico NV 200 para demonstração inédita. Grande diferença é utilização de pilha a hidrogênio do tipo óxido sólido com reformador a bordo abastecido a etanol. Bastam apenas 30 litros do biocombustível para alcançar autonomia de 600 km. Custo/km é um terço do mesmo veículo abastecido a gasolina. Oferta comercial só em 2021.

CARTEIRA Nacional de Habilitação (CNH) ganha em segurança, sem aumento de custos. Novas CNH terão impressas no verso um código de barras do tipo QR (sigla em inglês para resposta rápida). Será o fim de falsificações, pois dados verdadeiros poderão ser lidos em telefones inteligentes com aplicativo compatível. Em cinco anos estará em todas as CNH do País.



Fernando Calmon - fernando@calmon.jor.br - é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no Coisas de Agora, WebMotors, Gazeta Mercantil e também em uma rede nacional de 52 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente para a América do Sul do site Just-auto (Inglaterra). Siga: www.twitter.com/fernandocalmon.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

ALTA RODA.
Por Fernando Calmon*

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BALANÇO OTIMISTA

Se existe segmento do setor de veículos que sentiu menos o enorme tranco da recessão brasileira foi o de reparação e de peças de reposição. Sem recursos, financiamentos e medo de perder emprego, os motoristas cuidaram melhor de seus carros. Fabricantes que tradicionalmente têm forte atuação nesse mercado não estão reclamando da vida graças a um salto no faturamento.

Os reparadores espalhados por todo o País tiveram procura maior por seus serviços. Estima-se em mais de 120.000 as oficinas de mecânica, funilaria, pintura e elétrica. Mão de obra bem treinada que perdeu emprego na indústria pôde reforçar os quadros técnicos dessas oficinas, o que está sendo bom para os clientes.

Nesse ambiente positivo a 13ª Automec – Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços – organizada de terça a sábado da semana passada pela Reed Alcântara, no São Paulo Expo, superou expectativas. O número de cerca de 1.000 expositores cresceu quase 40% em relação à edição de 2015. O público passou de 74.000 visitantes do Brasil e de mais 60 países, ótimo para uma feira técnica com acesso apenas por convite. Estiveram em exposição aproximadamente 1.500 marcas.

Um dos temas recorrentes durante aquela feira bienal foi a inspeção técnica veicular. Prevista no Código de Trânsito Brasileiro de 1997, espera-se há 20 anos sua regulamentação. A previsão era de que fosse estadualizada, mas agora se comenta que talvez ocorra a federalização. Em outros termos, as discussões ainda não terminaram, embora o consenso aponte para o modelo descentralizado por Estado como o melhor pela experiência de outros países.

Algumas novidades bem interessantes se destacaram. A Bosch apresentou o E-call Retrofit, dispositivo para serviço de chamada de emergência. Trata-se de concorrente para o OnStar, da GM. Semelhante a um plugue de recarga para celulares, mas com chip próprio, é conectado na tomada do carro. Um sensor de aceleração detecta a colisão e ativa a chamada de emergência. Por meio de aplicativo de smartphone, posição do carro e gravidade do impacto chegam à central de monitoramento.

A Delphi exibiu dispositivos para carros autônomos. Câmeras, sensores, radares e programas compatíveis com o conceito V2E (veículo se conecta com tudo em volta). A empresa banca sozinha as pesquisas e tem interessados que ainda não pode revelar. Também decidiu entrar no segmento de velas de ignição com um, dois e três eletrodos, mercado altamente competitivo.

Primeira pastilha de freio com tecnologia cerâmica produzida no Brasil foi apresentada pela Federal Mogul. Batizada de Ferodo Top Premium, suporta temperaturas mais altas e tem vida útil até 30% maior que as convencionais. A catarinense Zen, que atua com grande desenvoltura no mercado externo, disse estar pronta para acompanhar a evolução dos componentes de motores a combustão. Fornece polias, tensores e impulsores de partidas entre outros.

A Philips apresentou lâmpadas de LED para os faróis principais. Apesar do preço bastante elevado, o aumento da potência iluminante, sem risco de ofuscamento, significa grande avanço na segurança das viagens noturnas.

RODA VIVA

AINDA sem cronograma exato de lançamentos – começa este ano e termina em 2019 – a renovação de modelos da VW começa em setembro próximo com o Polo. Pode ocorrer de o Virtus (Polo sedã maior e estilo próprio) ser apresentado ainda este ano, porém vendas só em 2018. Depois virão SUV T-Cross (segundo semestre) e picape (primeiro semestre de 2019).

CAPTUR tem desempenho bom na versão de 1,6 litro. Além de suavidade no funcionamento (mais que no motor de 2 litros), não deixa impressão de falta de potência para o seu porte. Câmbio manual, agora, é de fácil manuseio (automático CVT chegará em pouco mais de um mês). Já o motor mais potente casa bem com o câmbio automático, mesmo de quatro marchas.

MOVIMENTO Maio Amarelo, ação coordenada entre Poder Público e sociedade civil em prol da segurança de trânsito, este ano tem como tema “Minha escolha faz a diferença”. Alerta para todos estarem muito atentos a atitudes corretas (inclusive pedestres e ciclistas). Cerca de 90% dos acidentes no país ligam-se a falhas humanas (imperícia, imprudência, entre outros).

FEBRE de aplicativos para serviços em tempo real, como Uber e outros, ganhou nova opção. Ituran, fabricantes de rastreadores, criou o Guincho 55 para localização de reboques, troca de pneus, carga de bateria e chaveiro. Implantado na Grande São Paulo e planejado para se expandir no Estado e no País em etapas. Disponível na loja para aplicativos Android.

ALGO realmente irritante é serviço de recapeamento que deixa tampas de bueiros desniveladas. Além de ser comum uso de asfalto de menor qualidade, cria-se uma armadilha. Satisfeito em rodar por pavimentação sem buracos ou piso irregular, o motorista se surpreende com depressões inesperadas. Muitas vezes sem tempo de desviar. Pneus, rodas e suspensão sofrem.




Fernando Calmon - fernando@calmon.jor.br - é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no Coisas de Agora, WebMotors, Gazeta Mercantil e também em uma rede nacional de 52 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente para a América do Sul do site Just-auto (Inglaterra). Siga: www.twitter.com/fernandocalmon.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

ALTA RODA.
Por Fernando Calmon*

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ÊNFASE EM EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

O encerramento do Inovar-Auto, no final deste ano, abre oportunidades de debates sobre a sua evolução. O programa causou polêmicas por envolver medidas consideradas protecionistas pela União Europeia e Japão. Projetado para um período de cinco anos (2012-2017), incluiu muitas exigências burocráticas e teve saldo final discutível. Tudo agravado pela severa recessão econômica que atingiu indústria automobilística e fornecedores.

Introduziu, porém, com sucesso, metas de diminuição de consumo de combustível. Foi responsável direto pela boa evolução dos motores produzidos no País. Tornou conhecido o conceito de eficiência energética com etanol e gasolina, embora referências em MJ/km não sejam bem compreendidas pelos motoristas. Mas todos sentiram uma evolução dos consumos, tanto de gasolina (E27) quanto de etanol (E100), na tradicional medição em km/l.

Agora surge uma boa notícia. O governo federal prepara para agosto um novo programa batizado de Rota 2030. Diretrizes de longo prazo são tudo o que executivos de empresas e engenheiros precisam para desenvolver tecnologias. A cilindrada dos motores deixaria de balizar unicamente a carga fiscal sobre automóveis. Ainda não se sabem pormenores, mas a taxação poderia considerar emissões de CO2, um gás de efeito estufa (GEE) ligado umbilicalmente ao consumo de combustível. Traria liberdade para soluções avançadas e específicas. 

Outra ideia seria introduzir o conceito de emissão total de GEE desde a sua produção até o que sai pelo escapamento dos veículos (no jargão técnico, do poço à roda). Forma justa e tecnicamente correta de estimular o uso de biocombustíveis como etanol. Há de se valorizar as externalidades dessa alternativa de baixo carbono total, quando continuam as preocupações mundiais com CO2 e possíveis mudanças climáticas. Não se trata de subsidiar o biocombustível, mas de revisar a taxação sobre os de origem fóssil a fim de encontrar um equilíbrio para atrair o consumidor e incentivar o produtor.

Embora ainda sem repercussão fora da comunidade técnica, chegou a hora de explicar ao governo e aos consumidores as vantagens de introdução de um novo tipo de etanol com menor teor de água, meio-termo entre anidro e hidratado. Seria utilizável puro ou misturado à gasolina sem qualquer problema técnico, considerando-se a temperatura ambiente média do País.

Essa mudança poderia ser gradual e identificada de início como etanol premium. Haveria aumento de autonomia nos motores flex ao utilizar o combustível renovável, além de ganhos pela melhor adequação às novas tecnologias. O custo para desidratar o etanol tem caído com a introdução da técnica de peneira molecular.

Outra solução de médio prazo contemplaria estímulos ao veículo híbrido com a combinação de motor elétrico e motor a combustão flex otimizado para etanol. O Brasil teria vantagem competitiva quanto ao GEE, pois um carro médio nacional emitiria apenas 20 g/km de CO2. Já um modelo equivalente puramente elétrico, cuja geração de energia para recarregar as baterias dependesse de usinas térmicas a combustível fóssil (como ocorre na maioria dos países), se situa hoje entre 30 e 40 g/km de CO2 ou até 100% a mais.

RODA VIVA

PRIMEIRAS unidades do Argo saem da linha de montagem da Fiat, em Betim (MG) para lançamento no próximo mês. Esse novo compacto anabolizado sucede ao Punto. A Coluna antecipa: serão três versões (Attractive, Essence e Sporting) e sete variações. Motores Firefly 1,0 e 1,3 L e 1,8 L EtorQ. Opções de câmbio automatizado no motor menor e automático no maior.

CHEVROLET S10 com motor flex (2,5L/206cv/27,3kgfm) passa a oferecer câmbio automático de seis marchas. Disponível apenas para as versões de cabine dupla LT e LTZ. Apesar de seu porte e peso pode acelerar de 0 a 100 km/h em surpreendentes 9,5 s. Recebeu classificação A em consumo no Programa de Etiquetagem do Inmetro: etanol 6,4 km/l na estrada e 5,3 km/l na cidade; gasolina 9,4 km/l e 7,9 km/l, respectivamente. Preços: R$107.990 a 129.990.

DEPOIS de chegar ao Chile, Peugeot 301 importado da Espanha agora está disponível na Argentina. Este sedã tem dimensões próximas a de um médio a preço de compacto como Logan, Cobalt, Versa e City. Marca francesa afirmou que o carro não viria para o Brasil, mas com o fim da sobretaxa do IPI quem sabe? No país vizinho, preços entre R$ 65.000 e 77.000.

QUEM já circulou em estacionamentos com aquelas luzes vermelhas e verdes indicando vagas disponíveis sabe que é mão na roda. Sistema foi criado pela  SmartMotion, do engenheiro eletrônico português Paulo Lourador, radicado no Brasil. Depois de implantado em Portugal, México, Colômbia e Equador, ele planeja entrar no gigantesco mercado americano.

RESSALVAS novo BMW Série 5 está em sua sétima geração e não sexta, como publicado na coluna da semana passada. Quanto ao Mercedes-Benz Classe S, apresentado no Salão de Xangai, trata-se de uma reestilização de meia vida da atual sexta geração.




Fernando Calmon - fernando@calmon.jor.br - é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no Coisas de Agora, WebMotors, Gazeta Mercantil e também em uma rede nacional de 52 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente para a América do Sul do site Just-auto (Inglaterra). Siga: www.twitter.com/fernandocalmon.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

ALTA RODA.
Por Fernando Calmon*

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RECUPERAR SEM ARTIFICIALISMO

Esse agitado ano de 2017 no âmbito político, que ameaça atrapalhar a fundamental agenda de reformas econômicas do País, pode explicar certa dispersão entre apresentações e conclusões dos palestrantes do VIII Fórum da Indústria Automobilística, organizado pela Automotive Business no último dia 17 em São Paulo. Deve-se reconhecer que fazer previsões de curto e médio prazo, em meio a tantas incertezas, é exercício difícil e sujeito a erros. Mas não deixou de atrair uma plateia maior que a do ano passado, ávida por saber se vai demorar a aparecer pelo menos uma luz no fim do túnel. Mesmo tênue.

Para quem quer comprar um carro agora, persiste a dúvida se chegou a hora. Resta a esperança de a classe política decidir trabalhar e aprovar uma agenda reformista de que o País tanto necessita. Se acontecer, a capacidade de reação do mercado pode ser maior do que se espera.

Guido Vildozo, da IHS Markit, pensa diferente. Indicou crescimento quase simbólico de vendas no mercado interno de veículos este ano: apenas 0,4%, ou seja, alinhado ao crescimento previsto do PIB do País pela pesquisa Focus entre cerca de 100 analistas de mercado. Está muito distante das previsões da Anfavea: em janeiro último esperava crescimento de 4% em 2017 ante 2016. Quanto à produção, que inclui exportações, há também visões diferentes. Enquanto a associação dos fabricantes de veículos prevê alta de quase 12%, o Sindipeças acredita numa alta de apenas 3%.

Outro complicador é o fim do programa Inovar-Auto em 31 de dezembro próximo. Novas diretrizes terão que ser implantadas pelo Governo Federal. Três premissas corretas, pelo que se sabe até o momento, estariam confirmadas: programa mudará de nome, perderá viés protecionista e lançará bases para 2030.

Sempre com visão crítica sobre a política quinquenal vigente, Letícia Costa, da Prada Assessoria, destacou dois importantes vetores em que o País ainda não se posicionou: carro elétrico e condução autônoma. “Definitivamente, precisa existir uma abertura para o mundo. É impossível o Brasil ser bom em tudo o que produz. Necessitamos de uma integração bem feita com foco sobre o que podemos fazer de forma competitiva e aquilo que não dá mesmo”, enfatizou.

Antônio Megale, Presidente da Anfavea, foi mais longe: “Vamos produzir para 3,6 milhões de consumidores do mercado interno quando nos recuperarmos ou devemos atentar também para os 90 milhões que compram automóveis no mundo todos os anos?”

Entre os problemas de curto prazo terá de se encontrar uma solução para os fabricantes de modelos de maior preço e baixa produção que investiram em instalações industriais em território brasileiro. Será que vale a pena importar componentes e montá-los aqui sem agregar outras operações fabris? Com a escala atual de produção a conta não fecha.

E, no final, o economista Octavio de Barros, do Instituto República, reafirmou sua visão construtiva. Não arriscou números de recuperação mais rápida do mercado de veículos, porém chamou atenção para a queda da inflação, já evidenciada, e da taxa básica de juros (Selic) em patamares inéditos de baixa, sem artificialismo, até o final do ano. Bonança perfeita.

RODA VIVA

COMPARAR preços de veículos agora com os de 2013 obriga a considerar três variáveis. Valor médio do dólar em torno de R$ 2,00 (agora 50% mais), IPI rebaixado naquele período e, claro, a inflação acumulada. Há ainda um fator adicional: queda de produção e perda de escala. Na ponta do lápis houve aumento real, sem contar bônus atuais, inferior ao esperado.

VOLKSWAGEN alinhou o up! 2018 ao modelo alemão e acrescentou equipamentos. Novos para-choques aumentaram comprimento em 8,4 cm. Interior ganhou novo volante, instrumentos e, em versões mais caras, até filete de LEDs. Smartphone pode ter funções de computador de bordo. Para identidade frontal, TSI ganhou friso vermelho na grade e para-choque preto. Preços: R$ 37.900 a 57.100.

SEXTA geração do BMW Série 5 avançou nos recursos de direção semiautônoma, herdados do topo de linha Série 7. Alívio de 100 kg de peso, novo motor de 4 cilindros turbo (2 L/252 cv), além do 6-cilindros (3 L/340 cv) e aerodinâmica refinada (Cx 0,22) corroboram o lema da marca: prazer ao dirigir. Agora há estepe temporário. Preços entre R$ 314.950 e 399.950.

APESAR de mecânica e dimensionalmente não se afastar do Fit, Honda WR-V proporciona sensações parecidas às de um SUV compacto pela altura de rodagem e estilo próprio. Quase não toma conhecimento de buracos, quebra-molas e valetas. Aumento de peso impactou pouco no desempenho. Oferece alternativa ao HR-V, maior e mais refinado, em segmento importante.

MERCADO chinês é tão relevante para marcas premium, como a Mercedes-Benz, que o Salão do Automóvel de Xangai (18 a 27 de abril) marcará não apenas a estreia mundial do novo Classe S, topo de linha da marca alemã. Também está lá o sucessor do atual Classe A sedã ainda na forma de conceito, mas com linhas – bem ousadas – praticamente definidas.




Fernando Calmon - fernando@calmon.jor.br - é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no Coisas de Agora, WebMotors, Gazeta Mercantil e também em uma rede nacional de 52 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente para a América do Sul do site Just-auto (Inglaterra). Siga: www.twitter.com/fernandocalmon.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

ALTA RODA.
Por Fernando Calmon*

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DEVAGAR COM O ANDOR


Um desafiador mundo novo se aproxima com a possibilidade de os automóveis receberem equipamentos que permitirão direção semiautônoma, de início, e completamente autônoma em etapa mais distante. Existem muitas facetas positivas entre elas o aumento de segurança no tráfego, principalmente quando aumentar o número de veículos conectados entre si e com a infraestrutura urbana e rodoviária adequada. Isso se dará porque os humanos erram, ficam cansados, se distraem e avaliam mal as situações de risco.

Pesquisas nos EUA indicam que em média um motorista americano passa 290 horas atrás do volante a cada ano. Segundo Leandro Laporta, da Orange, empresa especializada em tecnologia de automóveis conectados, o uso de câmeras, lasers, radares, sensores ultrassônicos e lidar (tecnologia óptica de detecção remota de imagem e distância) podem coletar e programar dados continuamente e liberar o condutor para outras funções como trabalho ou lazer, sem qualquer estresse. Inteligência artificial ainda terá que ser bastante desenvolvida.

Mas há obstáculos que ainda precisam ser superados quanto à vulnerabilidade de dispositivos e, principalmente, de veículos conectados. Levantamento recente feito pela resseguradora Munich Re apontou a segurança cibernética como a principal preocupação nos veículos autônomos. Os carros têm que ser à prova de invasão de hackers do mal e isso exigirá bilhões de dólares em estudos e testes.

Os fabricantes investem somas vultosas no desenvolvimento de veículos autônomos, mas ninguém tem resposta final sobre esses riscos, segundo Clarence Hempfield, vice-presidente de Inteligência de Localização da Pitney Bowes, empresa especializada em transações comerciais físicas e digitais.

Hoje há cinco graus de automação de veículos estabelecidos nos EUA pela SAE (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade, no significado atual). No quarto grau um motorista terá que ficar atrás do volante, embora o carro se autoconduza em estradas e avenidas específicas para esse uso. No quinto grau nenhuma supervisão será necessária: pode-se girar o banco e esquecer de tudo. Mas há fabricantes, como a Toyota, que não pretendem em um futuro próximo passar do nível 3 – interferência do motorista a intervalos regulares (maiores até que os 10 segundos atuais) – para a decisão final continuar em suas mãos e pés.

A empresa, de forma pragmática, afirma que a sociedade até admite acidentes fatais provocados por erros humanos, mas seria intolerante se mortes acontecessem por falhas de computadores e sistemas autônomos. “Nenhuma empresa automobilística ou de tecnologia da informação está perto do nível 5. Levará ainda muitos anos para se alcançar a perfeição requerida”, afirmou Gill Pratt, presidente do instituto de pesquisas da marca japonesa, durante a Feira de Eletrônica de Consumo, em Las Vegas (EUA), no começo do ano.

A Ford, agora em abril, também procurou ser mais conservadora. Um motorista comum nos EUA só poderá adquirir um carro completamente autônomo entre 2026 e 2031. Assim, a espera será longa mesmo que experiências em ambientes limitados possam ocorrer antes. No dito popular, devagar com o andor que o santo é de barro...

RODA VIVA

CONFORME antecipado em abril de 2015, fonte da Coluna confirma: PSA Peugeot Citroën passa a equipar em junho próximo modelos das duas marcas com câmbio automático de seis marchas (da japonesa Aisin) em substituição ao de quatro marchas de origem francesa. Falta desse câmbio mais moderno prejudicou, em especial, vendas do Peugeot 2008 THP Flex.

APESAR de as vendas para o mercado interno terem demonstrado uma primeira reação, é das exportações que vêm as boas notícias. Primeiro trimestre deste ano foi o melhor da série histórica com 172.693 unidades de automóveis, comerciais leves e pesados, no valor de US$ 2,799 bilhões. São números 70% e 58% maiores que no mesmo período de 2016.

OCIOSIDADE média da indústria automobilística continua elevada e próxima a 50%. Precisaria ocorrer uma aceleração maior da comercialização interna para estabilizar o nível de emprego, que continua a cair: menos 8,7%. São 103.635 funcionários, mas nem todos ativos e com jornadas de trabalho menores. Estoques subiram de 33 dias (fevereiro) para 35 (março).

FORD EDGE ficou mais tecnológico, sem perder característica de amplo espaço interno e porta-malas acima da média (1.110 litros de volume útil). Motor V-6, 3,5 litros, de 284 cv e 34,6 kgfm é apenas suficiente. Como versão turbo não está disponível aqui, consumo alto de gasolina diminui autonomia. Muito boa a direção de relação mais direta em manobras de baixa velocidade.

WEBASTO vê perspectivas de ampliação do mercado de teto solar no Brasil. Em modelos de topo de linha faz parte de equipamentos de série ou opcionais na maioria das marcas à venda no País, em particular as importadas. A empresa alemã tem opções mais acessíveis do equipamento para séries especiais de carros compactos. Na outra ponta versões com células fotocrômicas.




Fernando Calmonfernando@calmon.jor.br - é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no Coisas de Agora, WebMotors, Gazeta Mercantil e também em uma rede nacional de 52 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente para a América do Sul do site Just-auto (Inglaterra). Siga: www.twitter.com/fernandocalmon.

quinta-feira, 6 de abril de 2017

ALTA RODA.
Por Fernando Calmon*

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JOGO ESTÁ DADO

Espera foi bem longa – nada menos de 26 meses ininterruptos – para finalmente o mercado brasileiro alcançar um número positivo na comparação mensal com o mesmo mês do ano anterior. Isso aconteceu agora em março. As 183.850 unidades de automóveis e comerciais leves em 2017, que representam 95% das vendas totais de veículos, subiram 6,1% em relação a março de 2016. No primeiro trimestre, entretanto, o acumulado este ano ainda é 1,1% inferior ao ano passado.

Pode-se contrapor que compradores individuais ainda estão retraídos, pois o crescimento de março foi puxado por frotistas e pessoas jurídicas. Mas os estoques aumentaram em relação a fevereiro. A boa notícia é a média de vendas diárias, indicador mais preciso por compensar distorções sazonais, ter subido 8,3% de fevereiro para março e atingido 8.000 unidades. Trata-se de importante ponto de inflexão e deve marcar o início da recuperação este ano. Pode ser um avanço tênue ou firme, a depender mais de fatores políticos do que econômicos.

Que o cenário será de recuperação gradativa – em ritmo ainda incerto – nos próximos anos não existem mais dúvidas. Interessante avaliar como as marcas reagirão aos novos tempos, depois de a Chevrolet ter subido do terceiro para o primeiro lugar em 2016 e, tudo indica, o manterá em 2017.

Fiat deve perder protagonismo, embora a FCA (ao incluir em especial as vendas da Jeep) continue na expectativa de liderar o mercado como grupo. A Volkswagen, porém, fará uma ofensiva de quatro lançamentos até 2019 na faixa de preço em que se decide, atualmente, o vencedor, se não em vendas, pelo menos em rentabilidade: R$ 45.000 a R$ 90.000.

Havia temor de que os maus resultados da economia brasileira refletissem na atualização dos produtos. A marca alemã, porém, optou por produzir a mais moderna de suas plataformas, iniciando pelo Polo em meados do segundo semestre, apenas quatro meses depois da Alemanha.

Esse carro será seguido em 2018 por um sedã, já batizado de Virtus, previsivelmente maior que o Polo, e de um SUV compacto ainda não confirmado pela empresa, bem como uma picape. Hoje a VW vende aqui a primeira geração do Tiguan, porém o de 2ª geração, avaliado pela Coluna na Alemanha semana passada na versão cinco-lugares, revelou-se um produto mais refinado em estilo e acabamento. Tem 6 cm a mais de comprimento, espaço interno e porta-malas maiores. Motor de 2 litros, 220 cv e 35,7 kgfm até sobra no conjunto.

Apesar de dividir plataforma com o Golf 7 produzido no Paraná, a VW descartou sua fabricação aqui. Continuará com o atual modelo até o final do ano, quando trará do México o novo Tiguan Allspace de sete lugares, SUV médio de dimensões maiores e preço competitivo por ser isento de imposto de importação (II). Versão de cinco lugares do Tiguan de segunda geração está fora dos planos de importação da Alemanha em 2018 em razão da sobrecarga fiscal.

Utilizar arquiteturas alinhadas ao que existe de mais atual no exterior deixa concorrentes na obrigação de seguir essa estratégia ou perder espaço no mercado brasileiro. O jogo está dado. E não será fácil vencer, quem optar por produtos defasados.

RODA VIVA

Toyota não confirma os fortes rumores sobre importação do México do sedã Yaris e produção de sua versão hatch no Brasil. Este compacto foi desenvolvido, inicialmente, para o mercado europeu. Mas, o hatch já é fabricado na Tailândia e a marca japonesa precisa de um modelo intermediário, mais atualizado, entre Etios e Corolla. Especulações apontam para 2019.

Segunda geração do MINI Countryman, que chega agora ao País, está cada vez menos mini em termos de dimensões e proposta, além de visual ainda mais próximo de um SUV urbano. Nova arquitetura é bem maior: 20 cm mais longo (4,29 m de comprimento) e 7,5 cm extras de entre-eixos (2,67 m). Porta-malas oferece 450 litros. Há três versões, de R$ 144.950 a R$ 189.950.

Relação custo-benefício é destaque no Chevrolet Cruze Sport6 LTZ. Seu motor turboflex tem respostas vigorosas e suavidade. Um hatch de bom espaço interno, mas de porta-malas limitado a 300 litros, como outros do segmento. Pacote eletrônico de segurança, muito bom. Faltam botão de inibir start-stop e borboletas para troca manual de marchas junto ao volante.

Exemplo de seguir a moda aventureira, sem exageros e penduricalhos excessivos, vem do Ka Trail. Parte de R$ 47.690 e chega a R$ 51.990. Em 2003 esse subsegmento representava 4% das vendas de todos os tipos de compactos e no ano passado saltou para 16%. Ford seguiu fórmula tradicional de aumentar altura de rodagem em 3,1 cm e utilizar pneus de uso misto.


Fiat completa a gama do subcompacto Mobi ao oferecer câmbio automatizado de uma embreagem acoplado ao motor de 1 litro, 3-cilindros, batizando-o de Drive GSR. Ao contrário da sugestiva sigla, o câmbio foi desenvolvido para atingir o menor consumo de combustível no critério de medição Inmetro, mas seu acerto também evoluiu. Preço competitivo: R$ 44.780.




Fernando Calmon - fernando@calmon.jor.br - é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no Coisas de Agora, WebMotors, Gazeta Mercantil e também em uma rede nacional de 52 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente para a América do Sul do site Just-auto (Inglaterra). Siga: www.twitter.com/fernandocalmon.

quinta-feira, 30 de março de 2017

ALTA RODA.
Por Fernando Calmon*

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CARONA TERÁ SUA VEZ

Mobilidade é um tema quase onipresente nos debates sobre presente e futuro das cidades depois que o mundo acelerou a migração do campo para as megaconcentrações urbanas e seu entorno. Entre as diversas facetas discutidas, pelo menos duas têm chamado atenção. Uma em razão do potencial de diminuir emissões de gases sob regulamentação e de efeito estufa e a outra, por melhorar as condições de trânsito.

A primeira centra-se na eletrificação parcial (hibridização) ou total. Os planos ousados divulgados pela maioria das marcas apontam 50% de todos os carros novos classificados como híbridos e até 20% elétricos, à altura da metade da próxima década. Essa previsão está mais próxima de modelos de preço médio a alto, porém o equilíbrio do negócio ainda continua um pouco turvo.

Relatório recente da J.D. Powers aponta proprietários de Tesla não tão satisfeitos com a qualidade de seus carros. A badalada empresa californiana só produz automóveis elétricos na faixa de US$ 80.000 a US$ 100.000 (com impostos brasileiros algo em torno de R$ 600.000). Prepara-se para lançar em 2018 modelos de US$ 35.000 e a consultoria lembra que os donos de veículos nessa faixa de preço poderiam ser menos indulgentes por terem suas casas menos recheadas de carros à disposição.

Sistemas de condução autônoma também aparecem em destaque quando se almejam racionalização do uso do automóvel e diminuição do número deles nas ruas. As coisas, porém, não são tão fáceis. Google e Apple desistiram de planos velados para produção de carros autônomos, preferindo se concentrar apenas na tecnologia e parcerias. Nesta 2ª feira a Uber anunciou ter suspendido os seus testes com um Volvo XC90 autônomo de sua frota em ruas do estado americano do Arizona, depois de um abalroamento de por carro que não respeitou uma parada obrigatória. Antes a empresa tinha sido proibida de continuar seus testes em vias públicas da Califórnia.

Solução mais simples e facilitada pela conectividade dos veículos chega até o final do ano em São Paulo. O aplicativo de rotas alternativas Waze, propriedade do Google, oferecerá nova opção de um programa de caronas já testado em outros países. Anunciado na semana passada, sem data exata de implantação, lança mão de quatro milhões de usuários de roteiros adaptativos que tornaram a cidade de maior adesão a esse recurso no mundo.

Pelo cruzamento de dados de origem e destino um algoritmo descobre pessoas que poderiam estar num mesmo veículo e na mesma rota. A ideia é realmente oferecer carona em troca de pagamento mínimo para partilhar despesas, mas não foram anunciados pormenores de como se fará esse controle e como se enquadrará na regulamentação desses serviços na capital paulista. Não se trataria, portanto, de mais um concorrente aos serviços de transporte alternativo a exemplo de Uber, Cabify e outros já presentes em várias cidades brasileiras.

O gigante da informática entende que o verdadeiro vilão é o trânsito e não os carros. Tirar automóveis das ruas e ainda economizar dinheiro por meio de um serviço confiável de caronas poderiam mitigar um dos principais problemas de São Paulo e outras grandes cidades brasileiras. Que assim seja.

RODA VIVA

ENTRE os quatro modelos que a VW lançará com sua arquitetura mais moderna (MQB), depois do Polo, do sedã derivado Virtus e do SUV compacto, surgirá uma picape compacta. Esta será maior do que a atual Saveiro, com quatro portas, próxima às dimensões da Renault Duster Oroch, porém menor que a Fiat Toro e sua carga útil de uma tonelada. 

ARGENTINA, aos poucos, conquista mais produtos. Além de fabricar cinco das seis picapes médias da região (e mais duas em breve), receberá investimentos de Renault e Grupo PSA. De 2018 em diante os furgões (MPV) Kangoo e Peugeot Partner/Citroën Berlingo, respectivamente, todos de nova geração. PSA tem planos ousados com nova arquitetura CMP de modelos compactos e médios.

ACONTECEU o esperado. Jeep Compass está vendendo mais que o Renegade por atributos superiores e diferença de preço pequena. O primeiro, de maior porte, tem espaço interno e porta-malas convincentes, além de melhor isolamento do conjunto motor-câmbio automático de 9 marchas (igual ao do Renegade). Mas visibilidade traseira do Compass poderia ser melhor.

CARRO FÁCIL, da seguradora Porto Seguro, inova como assinatura de veículos. Aposta na mudança do ´ter´ para o ‘usar’. Trata-se de uma espécie de leasing agregado a serviços de negociação, documentação, manutenção e o próprio seguro mediante uma mensalidade. Por enquanto apenas no Estado de São Paulo e algumas regiões do Rio de Janeiro.

PREFERÊNCIA de passagem em rotatórias é sempre de quem já a adentrou. Mas boa parte dos motoristas desconhece essa norma, lembrando-se apenas da regra da via preferencial em cruzamentos. Esse erro, além de irritante, pode causar acidentes. Por isso seria muito bom o Denatran providenciar uma campanha nacional de esclarecimento em nome da segurança no trânsito.




Fernando Calmon - fernando@calmon.jor.br - é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no Coisas de Agora, WebMotors, Gazeta Mercantil e também em uma rede nacional de 52 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente para a América do Sul do site Just-auto (Inglaterra). Siga: www.twitter.com/fernandocalmon.

quinta-feira, 23 de março de 2017

ALTA RODA.
Por Fernando Calmon*

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SEMANA JAPONESA

Fabricantes até tentam evitar lançamentos muito próximos aos dos concorrentes para não dividir a atenção dos consumidores e da mídia, mas com tantas novidades, nem sempre é possível. Às vezes a coincidência é proposital para embaçar a superexposição de um modelo muito aguardado. No entanto, sem combinação, surgiu a “Semana Japonesa no Brasil”: de segunda a sexta-feira passadas estrearam Honda WR-V, Toyota Corolla 2018 e Nissan Frontier.

Embora um observador mais atento encontre muito pontos em comum com o Fit, objetivo do projeto do WR-V foi pegar uma base bem conhecida e transformá-la em um crossover-SUV urbano, desejado segundo pesquisas. A faixa de preços apertada entre o Fit EXL e o HR-V LX pode levar a alguma canibalização. O novo produto – de R$ 79.400 a 83.400 – custa em média cerca de 8% abaixo do HR-V. Este é 29 cm mais longo e tem porta-malas maior (437 x 363 litros).

A frente do WR-V ficou bem resolvida. Já as lanternas traseiras parecem de certa forma exageradas. Com 20,7 cm de altura livre do solo, o fabricante foi competente na reformulação da suspensão. O carro apresenta boa relação conforto-dirigibilidade. Seu diâmetro de giro de 10,6 m facilita as manobras. De série há bolsas de ar frontais e laterais (mais duas do tipo cortina na versão de topo), além de luzes diurnas em LED. O interior é praticamente igual ao do Fit com 2,5 cm extras de entre-eixos, mudando apenas forração dos bancos e apliques no painel frontal. Motor e câmbio CVT são os mesmos, lidando bem com um aumento de massa marginal (mais 22 kg).

O Corolla atual completou três anos e apesar de liderança folgada entre os sedãs médios-compactos chegou a hora de fazer os retoques de praxe, principalmente na parte frontal que ficou, de fato, melhor. Linha de cintura está levemente mais alta. O carro ganhou itens de segurança de série antes inexistentes como sistema de controles de trajetória, tração e subida de rampa, além de sete bolsas de ar (uma para joelho do motorista). Manteve motor de 2 litros, 154 cv, 20,5 kgfm e câmbio CVT de sete “marchas” (virtuais). Única mudança mecânica está nas suspensões em razão de rodas altas (17 pol), pneus de perfil baixo (215/50) e 0,5 cm de elevação na altura de rodagem. Esta ficou ligeiramente mais áspera em pisos irregulares, sem chegar a incomodar.

Por dentro não houve grandes modificações, mas a versão de topo Altis finalmente ganhou controle bizona do ar-condicionado. Foi acrescentada a versão esportivada XRS, sem nenhuma alteração do trem de força (nem opção de câmbio manual, como no Civic Sport), porém o pacote visual ficou agradável. Os preços vão de R$ 90.990 a 114.990. A Toyota absorveu os custos de alguns dos equipamentos extras na linha 2018. A nova geração do modelo só chega em 2019.

A Nissan não quis perder tempo e começou a importar a nova Frontier do México, em versão única e completa ao preço de R$ 166.700. No próximo ano essa picape média de cabine dupla e quatro portas virá da Argentina. Carroceria, chassi, motor (2,3 litros biturbo; 190 cv; 45,9 kgfm) e câmbio automático (sete marchas, antes apenas cinco) são todos novos. Além de uma curva de torque favorável, o desempenho melhorou porque o peso em ordem de marcha diminuiu de 2.066 kg para 1.985 kg.

Em estradas de terra o conforto de marcha evoluiu bastante em razão da substituição das tradicionais molas semielípticas traseiras por helicoidais, mantendo o eixo rígido. No asfalto, fazem falta rodas de 17 pol. de diâmetro (são de 16 pol.) para melhorar a estabilidade direcional. O motorista ganhou posição de dirigir melhor graças às novas regulagens elétricas do banco. Ar-condicionado tem duas zonas de atuação, muito útil em um veículo com interior deste porte. Atrás há bastante espaço, mas o assoalho em posição alta prejudica o conforto, como em todas as picapes que utilizam chassi tipo escada ao qual a cabine é aparafusada.

RODA VIVA

AGORA que a GM iniciou, em São Caetano do Sul, o processo de modernização total de sua primeira fábrica inaugurada em 1930, abre-se a possibilidade de produção de um SUV (novo Tracker) e uma picape compacta de nova geração (Montana). Projetos não serão mais executados aqui, mas nos EUA e China. Brasil perdeu seu centro de desenvolvimento.

TOYOTA decidiu lançar na Argentina o Innova, monovolume médio-grande importado da Indonésia. Utiliza a mesma base mecânica da Hilux e do SW4 fabricados no país vizinho. Se tiver boa aceitação lá e pesquisas indicarem algum interesse do mercado brasileiro e sul-americano, é possível a marca japonesa decidir produzi-lo em Zarate, a 90 km de Buenos Aires.

LAND ROVER começa a entregar novo Discovery (5ª geração) no final de junho, apenas três meses depois da Europa. SUV de grande porte – sete passageiros – perdeu 480 kg ao ampliar estrutura de alumínio. Melhorou também em aerodinâmica (Cx 0,33, antes 0,40). Interior inclui rebatimento elétrico de cinco bancos. Rodas até 22 pol. Preços: R$ 363.000 a 429.000.




Fernando Calmon - fernando@calmon.jor.br - é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no Coisas de Agora, WebMotors, Gazeta Mercantil e também em uma rede nacional de 52 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente para a América do Sul do site Just-auto (Inglaterra). Siga: www.twitter.com/fernandocalmon.