MÁQUINA DO TEMPO, O
ALFA ROMEO 4C.
Ele
é instigante, reativo, feito quase artesanalmente e, melhor dos
mundos, produzido agora já é considerado um futuro Clássico. Claro, tal
rótulo não em proveniência nacional, de repórteres mal informados ou
comerciantes descompromissados, assim chamando qualquer lata velha cuja
característica maior é o peso dos anos.
Clássico,
para quem do ramo, é produto com projeto individual reunido a melhor mão
de obra, os melhores processos e materiais, caro e de produção contida. Quer um exemplo? Os
mito-marquetados Ferraris candidatam-se a tal rótulo, apenas se com motor
12 cilindros. Automóvel criado de supetão, em
poucos dias, produção extra Fiat e limitada pela pequena capacidade da
empresa fornecedora do monocoque em fibra de carbono. Construção típica de
carros de corrida, congrega resistência com baixo peso, um dos segredos de
sua performance. Com pequeno motor, de produção igualmente especial, porém
base para futura família, 4 cilindros em linha, construção em alumínio, 16
válvulas, gasolina injetada diretamente e turbo compressor. Seus
1,75 litros produzem 240 cv de potência. O baixo peso, 895 kg, permite ótimo
rendimento, um comportamento arisco. A colocação entre eixos traseira ajuda
muito na estabilidade.
O
Alfa Romeo 4C, no caso aqui relatado, é a recente versão Spyder,
conversível – já dirigira, contidamente, a versão Coupé, inaugurando a
família. Baixo, relativamente confortável para entrar e sair, oferece a sensação de
vestir os ocupantes.
Não
há espaço de sobra e, pela ambiência, a proximidade do solo, o nervosismo
na reatividade, lembram os Lotus dos tempos de Colin Chapman.
Não
é automóvel para ser o único da família; não serve para levar meninos
ao colégio; sequer para fazer compras no mercado. Também não o é para
moças, exceto para as que efetivamente gostam de conduzir e entendem do
produto, até porque, a noção de rodagem confortável é-lhe antagônica.
Como passageiras, reclamarão. O ar condicionado é atravessado sob o painel
em couro pespontado em vermelho e, no espaço exíguo, disputa com o joelho
esquerdo da, do acompanhante. Para manter-se no solo tem a suspensão endurecida,
e a direção é mecânica, exigindo braços e
músculos peitorais dispostos. Para os de boa memória, o rodar de um Puma
VW, perto do 4C, é de Rolls-Royce.
Acomodado
– ou vestindo o automóvel -, pedaleira esportiva, sem alavanca de marchas,
apenas botões no console. A alavanca de marchas e seu
engatar, característica Alfa, inexistem. Mudanças automáticas no câmbio de
seis velocidades e dupla embreagem. No console, botão rotativo em alumínio
recartilhado, permite quatro tipos de
regulagens para motor, faixa de mudança de marchas, reatividade da suspensão.
Ronco
másculo, elaborado – a Alfa Romeo tem se especializado em manter
sua assinatura sonora – avisa logo de sua personalidade. Anda como quiser
o freguês. Desde mudar marchas em baixas rotações, como fazê-lo em seu
limite, com o motor viril troando pouco atrás de seus ouvidos, e com a
música física do turbilhonamento da transformação da queima de ar e
gasolina, em energia e ruído. Há artifício eletrônico típico do câmbio –
um ruído de aceleração do motor, como se fosse automóvel com caixa de
marchas sem sincronização, exigindo ao motorista uma acelerada para
compatibilizar velocidade, rotação do motor e do câmbio. Quem ouve tributa
homenagens.
Freia
muito, e o ABS só opera no limite da irresponsabilidade, curva muito bem, mas lembra a toda
hora ser um brinquedo a exigir identidade. Bobeou, ele tende a sair de traseira, demandando contra esterço e
cautela para acelerar na correção. É daqueles automóveis que resgatam a
exigência de cumplicidade para conduzi-lo. Pista de Balocco, a grande
fazenda ex Alfa, ex Fiat e agora FCA nas proximidades de Milão, e
pomposamente chamada FCA Prooving Ground, com emaranhado de pistas para avaliação, incluindo o
circuito escolhido, reproduzindo curvas famosas de autódromos da Fórmula
1. Meu guia na pista, piloto de testes, estava em casa. Andava rápido,
contido – limitava a 200 km/h a velocidade máxima -, mas desenhava o
circuito invejavelmente, instigava segui-lo. Um professor. Você se sentia como
ele – mas sabia, o limite do mestre estava muitíssimo acima dos seus
esforços.
É um
carro de marketing, como o antecessor 8C, dirigido no mesmo
circuito.
Feitos
para manter vivos, instigantes, tema de assuntos e dúvidas, a imagem e
o interesse pela marca no deserto de produtos quase ao final. Produção limitada pela
pequena capacidade industrial do produtor do monocoque, embora
sempre aumentada pois a demanda superou a capacidade de entrega. E não
virá para o Brasil. À Argentina, onde não se exige adaptações para
funcionar com a mistura de gasálcool, prometem-se três unidades. Alfa Romeo 4C: custa médios E 63.000.
Como
eram o MiTo e a Giulietta 1.4 turbo também à disposição no circuito?
Não sei. Em dia de caviar você não deve misturá-lo com sardinhas...
Roda-a-Roda
Cruze – Apresentado nos EUA, previsto para início de 2016.
Aqui, Salão do Automóvel do mesmo ano, e vendas como modelo 2017.
Relativamente às unidades atuais, cresceu 7,5 cm, baixou 2,5 cm, adelgaçou
110 kg, tornou-se mais fluído e o mais aerodinâmico dos sedãs GM.
Trilha - Segue caminho de mudança de gosto do consumidor,
automóveis menores, com menor consumo. Motor dianteiro, transversal, em
alumínio, quatro cilindros e modesta cilindrada, 1,4 litro, 16 válvulas,
abertura variável, injeção direta, turbo alimentado. Potência
imaginada para o Brasil circa 150 cv. Motor e Cruze serão
argentinos.
Surpresa - Cruze é fenômeno nos EUA. Em 2014, dentre os
compactos foi o terceiro mais vendido, 273 mil unidades, atrás de Toyota
Corolla, 340 mil, e Honda Civic, 326 mil. Curiosidade é ser projeto
coreano, herdeiro da Daewoo.
Mudança – No limbo gerado pelo pedido de demissão de Ferdinand
Pïech, ex CEO do VW Group, e a posse de novo membro da mesa diretora,
Martin Winterkorn, há clima de fim de festa – o encerrar do atual projeto
de gestão -, e o início da proposta do novo diretor e novo condutor.
Foco – No caminho das obviedades está sacudir a estrutura e
fazer crescer vendas nos EUA e no Brasil, onde a marca caiu; cortar custos
para aumentar lucros; retomar velocidade de crescimento para assumir a
liderança mundial.
Fofoca – Jornalistas europeus e norte-americanos insuflam
tese de remoção de Christian Kingler, chefe de vendas do grupo, nomeador
dos diretores de vendas, incluindo EUA e Brasil, mercados em queda. Na
prática presidentes locais convivem com subordinado hierárquico, porém
autônomo no acatar ordens diretas do diretor alemão.
Aqui – Atribui-se a Klinger a substituição de executivos
brasileiros por alemães sem conhecimento do mercado nacional, e as quedas
de vendas e participação.
Idem – Localmente a recente nomeação do argentino Jorge
Portugal como no 1 em vendas foi exigência de David Powels, novo
presidente da VW Brasil, batendo com algum instrumento poderoso na
mesa, dizendo, se mandassem outro alemão para
vendas, que fossem dois – outro para substituí-lo na presidência.
Questão – Mundo globalizado, competitivo, dispensar gente não
é problema, exceto em feudos familiares, como no caso do controle de VW AG
e de sua controladora a holding Porsche SE. Ele é chairman da
Porsche Salzburg, maior rede de concessionários na Europa, criada por
Louise, mãe do demissionário Pïech – e filha do professor Porsche. E
casado com sobrinha da família.
Festa – Um ano de mercado, e o pequeno picape chinês Lifan
Foison, em vendas supera a soma dos concorrentes. Razão, ter motor com 1,3
litro de deslocamento, 85 cv e maior caçamba da categoria.
Prévia – Na Internet fotos do novo picape Fiat na linha de
produção da FCA em Goiana, Pe. E desenho do produto. O nome, Toro, é de
sonoridade e imagem aos visados mercados latino americanos – confirmado
por fonte acreditada.
Caminho – VW iniciou produzir o motor 1.0 TSI – o up! turbo.
Três cilindros, 101 cv a gasálcool e 105 a etanol – sem turbo 75 e 82cv.
Torque saltou de 95 para 165 Nm. Disponível a partir da versão Move up!
Tratamento - Você
anda triste, sem graça? A Volkswagen pensou em você. O up!, muda conceito
sobre tamanho, performance e agradabilidade de dirigir, será lançado em dias.
Mais –
Anunciou investir R$ 460M na fábrica de São Carlos, SP, para produzir nova família TSI, os motores com injeção
direta, abertura variada de válvulas e turbo. Moverão VWs, como up!,
Jetta, Golf, e Audis, como A3 e Q3.
Aqui,
não - O LatiNCAP entidade aferidora de
segurança em veículos, cancelou os pontos dados ao Renault Clio montado na
Colômbia com partes brasileiras e argentinas. Motivo, num primeiro teste
caiu em exigência e a marca prometeu compor o veículo, não o fazendo.
Renault brasileira explicita, a versão aqui vendida tem legalmente o ABS e
almofadas de ar. Lá, não.
Inverno – Carro a álcool dependente do jurássico tanquinho não
gosta de partida no inverno. Ao combustível vegetal falta
capacidade energética para ignitar em baixa temperatura,
daí o auxílio do gasálcool para iniciar funcionar.
Preparação - Para melhorar o processo, gasolina nova no tanquinho
– use Petrobras Podium ou Shell Racing, mais duráveis; bateria em bom
estado com bornes e terminais limpos; velas em boa operação, eletrodos
regulados; cabos de velas limpos e com boa conectividade. E, conselho de
mecânico velho, coloque 15% de gasolina no álcool. Mistura não é
chocolate, mas é uma alegria.
Volta – Nelson Ângelo Piquet, o segundo na atual geração da
família, venceu o Campeonato FIA de Fórmula E – uma espécie de fórmula 1
com motor elétrico. Seu carro utilizava motorização Renault, então padrão
na categoria. Bom retorno. Nelson havia deixado a Fórmula 1.
Categoria – É uma incógnita. Neste ano cada prova foi ganha por
piloto diferente. Na próxima temporada, com a liberação de fornecedor, a
disputa terá mais uma variável: motores e eletrônica, além de chassis e
piloto.
Mais – DS, marca de luxo da Citroën, associou-se à inglesa
Virgin Racing Engineering na Fórmula E FIA. Apostam na vitrine de
tecnologia e na atração pelas disputas. Desenvolvimento e a imagem da
tecnologia de vanguarda muito interessam aos fabricantes de automóveis na
transição de matriz energética.
Negócio –
Atual mercado automobilístico não vende preferências, fidelidade, agrado:
compras são por condições de pagamento. Ágil, o Banco Rodobens estimulou
vendas das concessionárias do grupo, com proposta atrativa.
E? –Trocar semi novo por O Km, refinanciando com parcelas
iguais ou menores ao contrato original. Em dois meses, com negócios em
casa, gerou mais de R$ 1M em vendas e metade deste valor em financiamento.
Cuidado – Veículos de transporte escolar serão obrigados a
utilizar cadeira de bebê para crianças até 7 anos e meio. São três
modelos: “bebe conforto” entre
1 e 4 anos; daí aos 7, cadeiras com acento de elevação, encosto e cinto
próprio. Descumprimento gerará multa de R$ 191,54 e 7 pontos na CNH. A partir de fevereiro
de 2016.
História – Quatro de julho marca a operação que transformou a
franco-italiana Simca em dono das operações Ford na França, e segunda
maior fabricante do país. Também, o início do fim da marca.
Afinação – Legisladores
de Portugal criaram conta ao contrário: em vez de perder pontos por
infrações de trânsito, motoristas podem ganhá-los assistindo aulas sobre o
Código e procedimentos, e poderão abate-los de outras penalidades. Negócio
objetiva reduzir elevada acidentalidade.
Negócio – Enquanto os
aficionados veem a Fórmula 1 como disputa esportiva, a bilionária
movimentação não passa de atividade comercial bem explorada pela detentora
de seus direitos, incluindo transmissão.
Interesse - Empresário
norte-americano, Stephen Ross, 75, investidor e dono do time de futebol
Miami Dolphins, associado à Quatar Sports, querem assumir o negócio,
comprando 35,5% das cotas da CVC Capital Partners, e os 5% detidos por
Bernie Ecclestone, 84, mandão da Fórmula 1. Valor da proposta, 6,2B Euros.
Gente – Domingos
Boragina, 57, advogado, especialização em marketing e finanças, mudança. OOOO
Saiu da mesa da Citröen onde comandou a expansão da rede concessionária e
mudou de sala para assumir a direção comercial da Peugeot. OOOO Substitui Abelardo Pinto, agora do outro
lado do balcão, diretor comercial do Group 1 Automotive OOOO
Osamu Suzuki, 85, Presidente e CEO na
marca, indicou sucessor. OOOO Toshihiro Suzuki, 56, filho. OOOO Não assume
agora os cargos do pai, apenas quando do afastamento do mais longevo condutor
de indústria automobilística. OOOO Olimpio Jayme, 86,
antigomobilista, passou. OOOO Ativo, movimentado, advogado estelar,
foi referência e base para a criação do antigomobilismo em Goiás, e a
solidificação de relações com o movimento brasiliense. OOOO Do
ramo, mesmo antes do movimento, preservou o Ford Modelo A, de 1929, com o qual,
à falta de estradas, atendia à clientela no Goiás. OOOO
* Roberto Nasser, edita@rnasser.com.br, é advogado especializado em indústria automobilística, atua em Brasília (DF) onde redige há ininterruptos 42 anos a coluna De Carro por Aí. Na Capital Federal dirige o Museu do Automóvel, dedicado à preservação da história da indústria automobilística brasileira.
* Roberto Nasser, edita@rnasser.com.br, é advogado especializado em indústria automobilística, atua em Brasília (DF) onde redige há ininterruptos 42 anos a coluna De Carro por Aí. Na Capital Federal dirige o Museu do Automóvel, dedicado à preservação da história da indústria automobilística brasileira.
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