quarta-feira, 11 de maio de 2016

CONVERSA DE PISTA
Por Wagner Gonzalez*

AUTOMOBILISMO TAMBÉM VIVE INSTABILIDADE.

Kvyat e Verstappen pagam o preço do programa Red Bull. Foto: Red Bull/Getty Images.

O clima de instabilidade que impera no cenário político brasileiro é vivido de maneira semelhante no automobilismo europeu, da F-1 ao DTM, passando pelo Europeu de F-3. No Mundial de Resistência (WEC), Lucas Di Grassi conseguiu finalmente sua primeira vitória ao conquistar a 6 Horas de Spa, prova marcada por acidentes e mais uma apresentação destacada de Pipo Derani, que ficou em segundo na categoria LMP2 e mantém um excelente índice de aproveitamento na temporada.

A recente reestruturação que envolveu as equipes Red Bull e Toro Rosso — onde Daniil Kvyat foi rebaixado da primeira para a segunda e Max Verstappen fez o caminho inverso —, segue reverberando no ambiente da categoria. Muitos consideraram a decisão bastante severa, caso de Jenson Button, para quem “o pódio conquistado por Daniil na China foi sumariamente esquecido”, enquanto para um número muito maior de críticos especializados a mudança foi apenas manter o jovem holandês contente e protegido do assédio de outras equipes. O automobilismo russo sofreu outro revés nos últimos dias com o cancelamento da etapa do Campeonato Mundial de F-E, previsto para se realizar em Moscou no dia 4 de junho.

Para a família Verstappen, o importante é que a equipe Red Bull está ciente que Max precisa de um tempo para se adaptar ao novo carro e aos métodos de trabalho da nova equipe. Jos Verstappen, pai do piloto e que também já correu na F-1, salientou que é importante honrar os compromissos passados e presentes: “A Red Bull deu ao Max a chance de estrear na F-1 e acredito que isso algo que se deve honrar com lealdade. Além disso, ele está pilotando para uma das três equipes de ponta, o que mais você pode querer?”


Quando se sabe que a equipe que o holandês defende é famosa por santificar ou esmigalhar reputações, essa lealdade deve estar calcada em um contrato sólido e muito lucrativo… Ainda no rebanho dos touros, crescem os rumores que a Toro Rosso está negociando o fornecimento de motores Honda para a próxima temporada. A Toro Rosso insiste, a Honda diz que gosta da ideia e que tem condições de suprir uma segunda equipe, mas a McLaren insiste em fazer valer o acordo de exclusividade com o fabricante japonês.

Além de motores, outra busca que ganha intensidade é por pilotos jovens: a exemplo do que aconteceu na primeira sessão de treinos para o GP da China (quando Sergei Sirotkin andou com o carro de Kevin Magnussen), a Renault vai avaliar mais um novato na abertura dos trabalhos para o GP da Espanha. No caso de Catalunha, o candidato da vez é Esteban Ocon, que no último fim de semana estreou de forma atribulada no DTM. O francês vai andar no lugar de Jolyon Palmer em 2017, a quem deve substituir em 2017 na equipe amarela. Mais: além do treino oficial, Ocon vai pilotar nos dois dias de testes livres em Barcelona na terça e quarta-feira seguintes, sinal que o gato de Palmer foi visto subindo no telhado…


Tido como a grande promessa do automobilismo francês, Esteban Ocon marcou sua primeira apresentação no DTM de forma não tão gloriosa, ainda que tenha conseguido marcar o 12o. tempo para a primeira largada, 0”226 atrás do pole position Nico Müller. Nas duas corridas do final de semana em Hockenheim, porém, Esteban completou apenas três voltas, se envolveu em três acidentes e numa sucessão de erros, seus e de sua equipe, acabou “conversando” quatro vezes com os comissários desportivos e cobrado € 4.500 em multas. O escocês Paul Di Resta (Mercedes nº 2 na foto de abertura) lidera o campeonato onde o brasileiro Augusto Farfus (BMW) é sexto colocado com 18 pontos, contra 37 do líder. O alemão Timo Glock terminou em segundo lugar a segunda corrida do fim de semana, mas foi desclassificado por irregularidades no seu BMW. A temporada prossegue dia 20 em Spielberg, Áustria.



F-3 em Pau terá dois Piquet no grid


Nelson Piquet Jr. está de volta ao circo da F-3, categoria onde sagrou-se campeão inglês de 2004: no próximo fim de semana ele participa do GP de Pau, um dos tradicionais e derradeiros circuitos de rua do calendário internacional. Ele e seu irmão caçula, Pedro, estão confirmados na lista de inscritos. Nelsinho vai substituir o sul-africano Raoul Hyman, que não conseguiu completar o orçamento para essa etapa e deixou vago um dos quatro carros da equipe Carlin, que tem ainda o estadunidense Ryan Tveter, o italiano Alessio Lorandi e o chinês Peter Li. O líder do campeonato é o alemão Max Günther, que após duas etapas e seis corridas tem 70 pontos, quatro a mais que o canadense Lance Stroll. O mineiro Sérgio Sette Camara é o brasileiro melhor colocado (9o, 36 pontos); Pedro Piquet somou seis pontos até agora e ocupa a 16a posição.

WEC cada vez mais brasileira


Depois da vitória de Oswaldo Negri em Laguna Seca, mais um brasileiro consegue uma vitória na classificação geral em provas da categoria “Endurance”: Lucas Di Grassi, ao lado de Löic Duval e Oliver Jarvis, levaram o Audi R18 nº 8 à vitória na 6 Horas de Spa-Francorchamps, competição disputada no último sábado no tradicional circuito belga.


A competição, marcada por uma série de acidentes e incidentes envolvendo as equipes de fábrica (Audi, Porsche e Toyota), teve Nélson Piquet Jr. finalizando na quarta colocação (e primeiro entre as equipes independentes), Pipo Derani em segundo lugar na categoria LMP2 (8o na geral), categoria onde Bruno Senna terminou em quarto, suficiente para manter a liderança da classe. O resultado completo da prova você encontra clicando aqui; a classificação atual do campeonato, que prossegue dia 18 de junho com a 24 Horas de Le Mans, está aqui.

A data da corrida mais importante do campeonato e uma das três mais famosas do automobilismo mundial, ao lado da 500 Milhas de Indianápolis e do GP de Mônaco, coincide com o GP da Europa (que será em Baku, no Azerbaijão), o que tem gerado críticas à FIA por não ter evitado essa sobreposição. Pierre Fillon, o presidente do Automóvel Clube do Oeste da França (ACO), declarou à rede NBC que “Isso é uma vergonha para os fãs e para os pilotos de F-1. Estou esperançoso que no ano que vem isso não volte a se repetir.”











Wagner Gonzalez é jornalista especializado em automobilismo de competição, acompanhou mais de 350 grandes prêmios de F-1 em quase duas décadas vivendo na Europa. Lá, trabalhou para a BBC World Service, O Estado de S. Paulo, Sport Nippon, Telefe TV, Zero Hora, além de ter atuado na Comissão de Imprensa da FIAFale com o Wagner Gonzalez: wagner@beepress.com.br.

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