AVANÇAR CUSTA CARO.
A Fiat começou a destrinchar o quebra-cabeça em que se
envolveu com várias opções na faixa de compactos hatches, ainda o segmento mais
importante do mercado brasileiro. A chegada do subcompacto Mobi provocou um
conflito de preços entre o Uno e a versão antiga do Palio, conhecida como Fire.
Esta última, segundo o fabricante, agora é destinada “apenas a frotistas”. É
possível certa flexibilidade até o modelo ser descontinuado.
Em compensação, o Uno 2017 recebeu modificações estéticas –
nova frente que o aproximou do estilo do Panda italiano, com novos faróis,
grade e para-choque – e mecânicas. O foco foi em moderna família de motores e
avanços em eficiência energética. A marca italiana estava atrás dos
concorrentes, mas não perderá o prazo fatal para comprovar, a partir do próximo
mês, redução de consumo de combustível, na média de todos os seus produtos à
venda, em no mínimo 12% em relação a 2011.
A estratégia incluiu direção eletroassistida, nova geração
de pneus “verdes”, spoiler dianteiro, convergedor de ar do radiador e
revestimentos aerodinâmicos na parte inferior da carroceria. Os inteiramente
novos motores flex de 1 L ,
de 3 cilindros e 1,3 L ,
de quatro cilindros, ambos com bloco de alumínio, estão entre os melhores do
mercado. Formam uma família batizada de Firefly (vagalume, em português) e o
Brasil tem primazia no lançamento.
Uma das características é a opção por um cabeçote
monocomando de apenas duas válvulas por cilindro, ao contrário de outros
motores modernos com quatro válvulas e duplo comando. Mas o resultado final
pode ser considerado muito bom, pois a engenharia aproveitou ao máximo as
características dos nossos combustíveis ao elevar a taxa de compressão para
13,2:1. Também trabalhou novos conceitos de balanceamento do motor para reduzir
vibração e aspereza do 3-cilindros. Isso fica nítido logo ao ligar o motor pela
boa marcha-lenta e retomadas convincentes graças ao alto torque com gasolina
(10,4 kgfm) e etanol (10,9 kgfm).
O torque específico é o maior entre os motores aspirados de 1 L no Brasil, mas a potência
limita-se a 72/77 cv (gasolina/etanol), longe, por exemplo, do motor
equivalente mais sofisticado, de 80/85 cv, da Ford. Trata-se de compensação
típica entre elevar torque e baixar potência (e vice-versa), quando não se usa
superalimentação (turbo ou compressor). Em estrada, principalmente com lotação
completa e bagagem, o motorista sentirá alguma dificuldade nas ultrapassagens.
Se for esse o caso, a melhor opção é o 1,3-L que oferece 101/109 cv e 13,7/14,2
kgfm.
O ganho em eficiência energética foi notável, de 14,4% no
motor de menor cilindrada e de 16,7%, no maior. Nesse último o sistema
desliga-liga o motor em paradas tornou-se item de série tanto no câmbio
automatizado (que recebeu aperfeiçoamentos), quanto no manual (ainda um ponto
fraco do Uno). Consumo menor em trânsito pesado é garantido, mas quem quiser
pode inibir esse recurso ao aperto de um botão.
Nas versões de topo há controle eletrônico de trajetória e
de partida em aclives. Os preços aumentaram bem e não poderia ser diferente
pelo que oferece: R$ 41.840
a R$ 53.690. Está aberto espaço ao Mobi e também aos
concorrentes...
RODA VIVA
HYUNDAI confirmou
o que se esperava. Um crossover compacto será produzido no Brasil no próximo
ano e exibido antes no Salão do Automóvel de São Paulo agora em novembro. Creta
utilizará a base modificada do HB20 com estilo específico para o mercado
nacional. Motor não foi informado pela marca, mas poderá ser o atual flex 1,6 L
com injeção direta e 140 cv.
PRESIDENTE da
Ford América do Sul, Lyle Watters, atuou anteriormente na subsidiária europeia
e teve de enfrentar a recente fase de profunda crise de vendas. A recuperação
do mercado lá foi mais rápida do que o esperado. Para ele, tudo indica que
acontecerá algo semelhante aqui. Quando o mercado começar a reagir, também deve
surpreender pela velocidade.
VERSÃO de entrada
do Mercedes-Benz C180, produzida no Brasil, tem acabamento e materiais de
primeira qualidade, embora faltem alguns acessórios básicos em um modelo
premium como sensores de obstáculos. Motor turboflex de 1,6 L e 156 cv não
aproveita todo o potencial de desempenho do etanol. Dá conta dos 1.400 kg de
peso (vazio), sofrendo um pouco com carga total.
GOVERNO federal
não conseguiu derrubar a liminar que obriga a sinalização de todas as rodovias,
antes de aplicar multas em quem deixar de ligar farol baixo durante o dia. A lei,
mal discutida e pior implantada, merece revogação. Ideal seria estabelecer um
cronograma para luzes diurnas específicas de acendimento automático, tanto em
estradas como em cidades.
VAZAMENTO de óleo
lubrificante e outros fluidos originados de veículos são fontes de poluição não
atmosférica pouco controladas no Brasil. Inspeção veicular séria parece distante
e assim maior cuidado com a manutenção poderia amenizar o problema. Como
referência, apenas um litro de óleo tem potencial de contaminar um milhão de
litros de água.
* Fernando Calmon é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no Coisas de Agora, WebMotors, na Gazeta Mercantil e também em uma rede nacional de 52 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente para a América do Sul do site Just-auto (Inglaterra). Escreva para o Calmon: fernando@calmon.jor.br. Siga: www.twitter.com/fernandocalmon.
* Fernando Calmon é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no Coisas de Agora, WebMotors, na Gazeta Mercantil e também em uma rede nacional de 52 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente para a América do Sul do site Just-auto (Inglaterra). Escreva para o Calmon: fernando@calmon.jor.br. Siga: www.twitter.com/fernandocalmon.
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