Você tem medo de quê? Porque certamente todos nós tememos algo, nem que seja que aquele mais íntimo segredo seja revelado ou o que ainda nem sabe o que teme exatamente, ou talvez nem tenha coragem de admitir. Nossos medos aparentam estarem se ampliando e temos quase que obrigação de os dominar.
Por mais casca grossa, seguros, superiores, arrojados que possamos aparentar, bem sabem, somos humanos e bem sabemos também que a corda é frágil e pode arrebentar. Bocage imortalizou em sua obra sempre satírica uma situação famosa que virou de uma certa forma uma divertida expressão popular que resume: “quem tem ***tem medo”. Se referia a sexo, mas o chiste se popularizou para o todo. Portanto, eis, todos nós.
Toco no assunto porque ultimamente tenho percebido uma estranha, variada e forte expansão dos sentimentos de medo em conversas, com pessoas de todas as idades e vivências. Temores variados parecem mais presentes, inclusive de forma geral ao se pensar no momento político do país, do mundo, do planeta com guerras e sensíveis variações e tragédias climáticas, no futuro. Claro, citando ainda grupos e governantes poderosos não exatamente equilibrados dispostos a causar crises perigosas que até já nos atingem, além de expansões territoriais e domínios, inclusive por medo e violência imposta por armas e controles. Mesmo distantes suas decisões nos impactam diretamente aqui em nossos cantinhos, seja em comunidades ou em áreas nobres.
Quem dera esses temores apenas estivessem mesmo distantes, outras terras ou só lá no noticiário internacional, onde o sangue mais escorre diariamente, com explosões e ataques, matando gerações, nos mostrando cenas que são pesadelos diários.
Estão cada vez mais aqui do nosso lado, onde diariamente tememos por nossos familiares e amigos nas ruas; e onde nós nos persignamos com fé - seja em qual religião ou mesmo nenhuma - ao pôr o pé para fora da porta, mesmo que nossas casas e ruas estejam virando verdadeiros bunkers equipados com câmeras, cercas, muros, fechaduras, seguranças, armas. Nas capitais, no interior. Uma hora, inclusive dentro dessas muralhas, sabemos, poderemos estar totalmente à mercê, principalmente nós, mulheres, e as crianças, uma situação que não muda, apenas varia o grau e os perigos, nos passos e avanços da modernidade, décadas após décadas. Estamos no Século XXI. Muito prazer, no que traz de futuro e inovação. Sentimos que traga junto tantos perigos e voltas no tempo, retrocessos.
O medo é terrível. Cala. Amordaça. Contêm as pessoas. Domina. Não é por menos que assistimos mais debates insanos nas redes sociais, no mundo digital, como duelos à distância que parecem dar segurança ao que de pior há em cada um de nós, com uso de pseudônimos ou não. Não é por menos também que as opiniões pessoais sinceras andem mais resguardadas, os protestos reais cada vez mais silenciosos, e que por isso mesmo muitas coisas estejam sendo decididas e realizadas em labirintos escuros pelos mal intencionados. Quando reveladas à luz do Sol nos causam revolta e mais medo, num estranho e complexo círculo vicioso.
Claro que o medo não pode nos dominar, nem precisa me dizer até porque sou mesmo uma otimista inveterada. Mas a sensação é real: uma corda bamba no país que não sabe o que virá após um julgamento que se estende continuamente dividindo de bobeira um país. Um país tão bonitinho quanto ordinário em suas mazelas nos quatro cantos, com tantos sem condições minimamente dignas de sobrevivência, desnorteados em acaba seguindo líderes pobres de espírito que prometem as soluções que não chegam.
Por acaso, além da primavera que se aproxima, mais uma data chegou com a lembrança de uma frase radical na História: Independência ou Morte! Que optemos sempre pela independência, que nos ajude controlando e nos desviando de todos os medos.
Somos mesmo dramáticos. Mas esta é exatamente a vida e toda a sua beleza.
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