sexta-feira, 21 de novembro de 2025

DIREÇÃO PERIGOSA. Por Marli Gonçalves*

Cuidado, a pista parece escorregadia. Se parar para pensar estamos sempre de carona e nas mãos de alguma direção perigosa, e em todos os sentidos, o que pode nos atingir diretamente e prejudicar muito. Das decisões mundiais até aquelas bem pertinho da gente, e não estou falando só de velocidade, mas também de lerdeza, irresponsabilidade ou ilegalidade nas decisões dos que comandam algo que de alguma forma nos diz respeito.

Primeiro, vamos ao mundo, repleto de países com dirigentes que todos os dias nos acordam perplexos com as decisões que tomam, sejam medidas de guerra, atacando, ameaçando outros, invadindo territórios e pistas que não são suas, buscando a submissão. Seja na economia, como as medidas e tarifas, inclusive como as que agora nos afetam e que vêm sendo resolvidas em baixa velocidade. Os Estados Unidos de Trump é atualmente campeão de ultrapassagem de limites, seguido de perto por muitos outros que atropelam a história e as promessas de que barbáries e genocídios não mais ocorreriam.

Vivemos agora mesmo a ansiedade por decisões fundamentais que deveriam ser expressas nos documentos finais da COP30 e que aparentam mais uma vez não serão decisivas para ao menos conter o veloz caminho do aquecimento global, das emergências climáticas, abismo para o qual nos dirigimos na neblina, visão turva do caminho para o futuro e os desastres que já assistimos ou somos vítimas. Cada uma delas – por mais promissoras que sejam - dependerá sempre de quem está ou estará no comando, com o volante posto à esquerda ou à direita, essa cada vez mais instalada nos assentos do poder, negando tudo. Ainda precisaremos de muito tempo para mudarmos a fonte das energias que os movem e para além do negro petróleo que esperam continue jorrando.

Somos também reféns da direção de instituições, sejam públicas ou privadas, as quais confiamos nossos bens e recursos, como bancos, por exemplo. A quebradeira advinda e revelada em detalhes do Banco Master e sua direção desarvorada, com os pilotos presos essa semana e que descobrimos nunca terem tido qualquer habilitação para tal, deixará muita gente caída na estrada e por muito tempo sem assistência, inclusive previdenciária; servidores públicos só descobriram agora onde suas contribuições estavam empregadas. A fila desses desarvorados é grande: Correios, INSS, Congresso. Os radares nunca os atingem, estranhamente.

As informações de como os acidentes são cronometrados sem serem parados para a fiscalização, o luxo exposto, as tramoias, a cegueira da Justiça, a corrupção deslavada, os conluios com o poder liberando as faixas e a contramão, as ultrapassagens de qualquer limite, chegam só depois que tudo capota. Tarde demais.

Não se conta com GPS, Waze, Google maps. São outros comandos que nos levam aos buracos e solavancos. Além da Prefeitura que impera onde mora: na empresa, no departamento, nas operadoras de comunicação, nos serviços. Aliás, até no prédio onde mora de vez em quando é preciso trocar o “motorista”, o síndico. Nessa carona da vida que sempre precisamos pegar, como veem, embora às vezes sem qualquer noção, encontramos a direção perigosa e muito além dos aplicativos de transporte ou dos embriagados. Tudo precisa renovar a carteira de habilitação de tempos em tempos. Seja com testes práticos ou teóricos; seja por meio de votos, de nossa escolha. Mas precisa participar com atenção na hora de decidir a quem entregar quando chamado a opinar. Aproveitar, já que infelizmente isso nem sempre acontece, e quando vê já é perda total, tarde demais, desgovernados. Literalmente.

Marli GonçalvesJornalista, consultora de comunicação, editora do Chumbo Gordo, autora de Feminismo no Cotidiano - Bom para mulheres. E para homens também, pela Editora Contexto. À venda nas livrarias e online, pela Editora e pela Amazon. Me encontre, me siga, juntos somos mais: Blog Marli GonçalvesFacebookInstagramTwitterBlueSkyThreads, marli@brickmann.com.br. Foto: @dukskobbi.

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