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segunda-feira, 21 de março de 2016

CHUMBO GORDO.
Por Carlos Brickmann*

UMA GUERRA SEM FIM.

Sua história, seu comportamento, nada importa: a qualquer frase que desagrade a qualquer lado deste Fla-Flu imbecil, uma máquina de demolir reputações começa imediatamente a funcionar. De um momento para outro, fãs de Lobão passam a detestá-lo, antigos admiradores de Chico Buarque o acusam de não saber rimar, personalidades de impecável trajetória são atacadas por pessoas que, convenhamos, não chegam a seus pés. Fernando Gabeira, quando achou que era o caso, pegou em armas contra a ditadura, foi ferido, preso, torturado e exilado. Foi companheiro de Lula e seu candidato a vice. Hoje acredita que Lula e o PT estão errados - e por isso passa a ser alvo de difamação. Um jornalista que nem mora no Brasil ameaçou o excelente chargista Chico Caruso de "escracho": militantes ensandecidos às portas de sua casa, berrando dia e noite contra ele. A rede de lanchonetes Habib’s, cujos proprietários apoiaram a passeata Fora Dilma, sofre ameaças de boicote (e seus salgadinhos, apreciados, são acusados falsamente de provocar azia). Liberdade de expressão, sim; mas só para amigos e aliados.

O mais grave acaba de acontecer: um colunista divulgou uma lista de pessoas famosas que, acha, devem ser boicotadas porque são petistas. A lista é incompleta; e delirante, já que aponta como petista até Delfim Netto. O autor diz que não se importa de ser o McCarthy brasileiro - cita Joe McCarthy, o senador americano que perseguiu gente como, por exemplo, Charlie Chaplin. 

Nem isso ele consegue: McCarthy, um radical perigoso, enlouquecido, foi pelo menos original.

Eles contra nós

O autor da lista de boicote a petistas não é o único doido que quer matar de fome os adversários ("não assistam a seus programas, não leiam suas colunas, não comprem seus livros (...)". A esquerda já fez isso com um dos grandes cantores brasileiros, Wilson Simonal, patrulhado até a morte. Recentemente, esquerdistas pediram, para fins de perseguição, a lista de estudantes israelenses na Universidade Federal de Santa Maria (as autoridades preferiram deixar pra lá). 

Mas está na hora de acabar com isso: um dia, o Brasil terá de conversar para sair do caos dilmista. Como conversar se cada lado patrulha o outro e tenta eliminá-lo?

Imitando um slogan idiota, de comício, país desunido sempre será vencido.

Tiro livre

O caro leitor acha que a situação está confusa? Tem toda a razão, mas ainda vai piorar: o deputado Pedro Corrêa, do PP de Pernambuco, envolvido em nove de cada dez casos de grande repercussão, acaba de revelar os alvos de sua delação premiada, aprovada nesta semana. 

Atinge Lula, que Corrêa coloca no topo da pirâmide (auxiliado por José Dirceu, este apenas como operador), em obras como Belo Monte, Angra 3 e outras. No total, são 118 pessoas citadas, entre deputados federais, senadores, governadores, ministros e o então presidente Lula. 

A marcha do impeachment

Toda essa discussão sobre delações, grampos, vazamentos é importante, mas mais importante ainda é a votação do impeachment. A comissão da Câmara que analisa o tema já está instalada e o prazo para sua manifestação está correndo. O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, acha que teremos novidades em abril ou maio. 

Dilma precisa reunir um sugestivo número de deputados - 171 - para derrubar o impeachment. Mas está difícil: com os grampos de Lula, a bancada do Governo está se desmanchando. PMDB, PR e PP preparam a despedida (têm, juntos, 145 parlamentares). Logo estarão na bancada só o PT e o PCdoB. Será necessária uma imensa negociação para conseguir o número mágico, 171.

Bons de bico

Os tucanos amaram as delações premiadas. Mas, quando Delcídio Amaral denunciou Aécio Neves, do PSDB, silenciaram. Delcídio disse que Aécio foi beneficiado pelo esquema de Furnas. As acusações podem ser falsas: mas, no caso, Delcídio perderia os benefícios da delação premiada. E como explicar que, para os tucanos, as denúncias contra petistas sejam verdadeiras e as demais, falsas? 

Conta Delcídio, ex-tucano que se converteu ao PT: "Quem comandava o esquema em Furnas era Dimas Toledo, nomeado no governo tucano. Numa viagem, Lula perguntou quem era Dimas". Delcídio disse que era "um companheiro do setor elétrico, muito competente." Lula completou: "Eu assumi e o Janene veio me pedir pelo Dimas, depois veio o Aécio e pediu por ele. Agora o PT, que era contra, está a favor. Pelo jeito ele está roubando muito". 

Mas nada fez. Ou fez.

Arquivos implacáveis

Do Espaço Vital, www.espacovital.com.br: "O deputado Silvio Costa (PTdoB-PE), vice-líder do governo na Câmara, deu entrevista, no dia 4 deste mês, à Rádio Jornal de Pernambuco. Falou sobre a Lava Jato e garantiu que ‘não pegarão o Lula, porque ele não tem crime nenhum’. 

E arrematou, profético: ‘Se Lula achasse que iam pegar ele, logo virava ministro da Dilma’."

A grande frase

Também do ótimo portal jurídico Espaço Vital: "A música ‘Travessia’, de Milton Nascimento, passa a integrar a biografia de Lula. 

É que tem um verso que canta assim: ‘Minha casa não é minha, e nem é meu esse lugar’ ".

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Carlos Brickmann - carlos@brickmann.com.br - é Escritor, Jornalista e Consultor, diretor da Brickmann&Associados Comunicação - www.brickmann.com.br. Siga: @CarlosBrickmann. Visite: www.chumbogordo.com.br - informação com humor, precisão e bom senso - contato@chumbogordo.com.br.

domingo, 13 de março de 2016

CHUMBO GORDO.
Por Carlos Brickmann*

O EX-GOVERNO E SEUS EX.

Mais uma vez, o mundo se curva ante o Brasil: nunca dantes na História universal um país teve a oportunidade de ser governado ao mesmo tempo por dois ex-presidentes. Se Lula virar ministro - de qualquer Ministério, até mesmo o da Pesca - Dilma terá deixado de ser presidente, embora continue no palácio, com mordomias, dieta Ravenna, passeios de bicicleta com seguranças e avião oficial. Lula, o ex-presidente, vira o governante de fato. Se a Bolívia não tem mar mas tem ministro da Marinha, se no Gabão há Ministério da Justiça, por que não podemos ser governados por dois ex-presidentes, ou por apenas um, ou nenhum?

Pode ser - mas só amanhã saberemos se o atual ex aceitou o convite da futura ex para assumir algum Ministério. Por que a demora? Porque, claro, a opinião pública maldosa talvez conclua que Lula terá sido nomeado ministro para ganhar foro privilegiado e assim escapar da caneta do juiz Sérgio Moro. Se a nomeação saísse nos últimos dias, a manifestação Fora Dilma, Fora PT deste domingo, que mostra potencial para ser a maior de todas, cresceria ainda mais. Melhor esperar.

Vladimir Putin governou a Rússia como presidente, ex-presidente e presidente de novo. Mas a Rússia é parlamentarista, tem primeiro-ministro, e o Brasil é presidencialista. Lula não é Putin. O preposto de Putin na Presidência, Dmitri Medvedev, não é Dilma. Aceitou bem seu papel de poste e não tentou escantear o líder. 

Claro, prepostos sempre têm algo em comum: os discursos de Medvedev também são incompreensíveis. Mas só porque são em russo. É diferente.

Lembrando

Terminada a Segunda Guerra Mundial, em 1945, com a derrota das ditaduras, o ditador Getúlio Vargas balançou no poder, mas ainda tinha apoio para manter-se. Tentou reforçar sua posição: nomeou para o cargo mais importante da segurança pública, a chefia de Polícia do Rio, seu irmão, Benjamin "Beijo" Vargas. 

Os generais rejeitaram a tentativa de golpe presidencial. Getúlio foi deposto. 

Novidade

No PT, anunciou-se que Lula poderia ir para a Casa Civil, de onde comandaria o esforço para reerguer o Governo (Jaques Wagner iria para outro posto importante). Só que a Casa Civil carrega uma maldição: José Dirceu foi preso, Erenice Guerra foi demitida após acusação de favorecimento de parentes e amigos, Antônio Palocci foi demitido depois que se apurou a multiplicação de seu patrimônio. 

Lula seria uma novidade: já assumiria submetido a várias investigações.

A hora da xepa

Como está o clima em Brasília? Ricardo Kotscho, que gosta pessoalmente de Lula, que foi seu secretário de Imprensa na Presidência, eleitor fiel do PT, define a situação do Governo como "fim de feira". E tudo tende a piorar. Jornalistas políticos, como José Nêumanne, batem pesado: "Faltar à manifestação", diz Nêumanne, "será favorecer o crime organizado". Lojas se associam à convocação, como a rede de lanchonetes Habib’s. Há as delações do pessoal da Odebrecht, a homologação da delação de Delcídio, o interrogatório do marqueteiro João Santana e de sua esposa. 

Na política, Renan Calheiros se uniu a Michel Temer, reunificando o PMDB, e o comando do partido decidiu agir de acordo com o PSDB. Nem chega a ser traição: o PMDB crê que Dilma não tem como se sustentar e é preciso cuidar do futuro. Se Dilma sofrer impeachment (ou renunciar), assume Temer. Se a chapa for cassada pelo TSE, quem assume é Eduardo Cunha, para convocar eleições. Não dá (veja abaixo: Cunha tende a enfrentar novos problemas). 

Temer, num grande acordo partidário, seria a saída menos traumática.

Tiro ao Cunha

Lembra das contas na Suíça, com US$ 5 milhões, que alimentavam as despesas de Eduardo Cunha e família? São só o começo. O Supremo investiga, no total, 13 contas na Suíça e em outros países, nas quais, supõe-se, foram parar pouco mais de 50 milhões de acarajés. Quem indicou o caminho foi a Carioca Engenharia, responsável pelas obras do Porto Maravilha, no Rio. Cinco contas abastecidas com dinheiro de propina, dizem os delatores da Carioca, seriam com certeza de Cunha; sobre outras quatro não há certeza, mas a probabilidade é alta. E há as quatro já identificadas, das quais Cunha diz receber apenas os rendimentos.

Liberdade, liberdade

Mas, apesar de tudo, não há apenas más notícias para os petistas mais próximos de Lula e Dilma. A Turma do Mensalão vai sendo silenciosamente liberada das punições a que foi submetida nos velhos tempos, quase esquecidos, do ministro Joaquim Barbosa. João Paulo Cunha, que foi presidente da Câmara, e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares acabam de ter a pena extinta pelo Supremo Tribunal Federal. José Genoíno, ex-presidente do PT, e Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL, receberam o benefício há um ano. Os próximos condenados, com boa chance de ter a pena extinta, são os ex-deputados Valdemar Costa Neto, ex-presidente do PL, Roberto Jefferson, ex-presidente do PTB (que fez a denúncia do Mensalão), Bispo Rodrigues, Pedro Henry e Romeu Queiroz; o advogado Rogério Tolentino; e o ex-vice-presidente do Banco Rural, Vinícius Samarane.

O ex-chefe da Casa Civil José Dirceu pediu o benefício, mas não foi atendido.

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Carlos Brickmann - carlos@brickmann.com.br - é Escritor, Jornalista e Consultor, diretor da Brickmann&Associados Comunicação - www.brickmann.com.br. Siga: @CarlosBrickmann. Visite: www.chumbogordo.com.br - informação com humor, precisão e bom senso - contato@chumbogordo.com.br.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

CHUMBO GORDO.
Por Carlos Brickmann*

OS VÍCIOS E AS VIRTUDES.

Consta que, certa vez, contaram ao presidente Abraham Lincoln que seu mais importante general, Ulysses Grant (que também chegaria a presidente dos EUA) vivia bêbado. Lincoln replicou: então é melhor mandar o mesmo uísque aos meus outros generais, para que sejam vitoriosos como ele.

mais recentemente, o marechal Bernard Montgomery recebeu de Sua Majestade o título de Herói da Grã-Bretanha. E alfinetou o primeiro-ministro Winston Churchill, a quem não perdoava por comandar as tropas inglesas, mesmo tendo carreira militar muito menos brilhante que a dele: “Não fumo, não bebo, não prevarico e sou herói”, disse Montgomery, referindo-se a alguns hábitos de Churchill. Churchill respondeu com o bom humor de sempre: “Eu fumo, bebo, prevarico e sou o chefe dele”.

Churchill bebia (muito), Hitler não bebia. O presidente americano Franklin Roosevelt tinha mais de uma mulher, Hitler não tinha. O marechal von Bock, que comandou a invasão a Moscou, era oficial condecorado. O marechal Rokossovsky, que o derrotou, estava preso sob acusação de espionagem e foi retirado da cadeia para comandar a resistência.

Virtudes e defeitos pessoais são pessoais, não públicos. E martelar sobre as 37 caixas de vinho que Lula mandou para o sítio de Atibaia é bobagem: aparentemente há denúncias mais graves para que ele se preocupe do que esta dos vinhos.

Que, aliás, cinco anos depois, certamente já se foram.

Só vale se doer

Richard Morris, coordenador da campanha vitoriosa de Clinton em 2006, analisa a influência dos escândalos sobre candidaturas e é citado pelo ex-governador fluminense César Maia, em seu ex-blog. Algumas frases que parecem referir-se ao Brasil: “A única maneira de sair vivo (de um escândalo) é falar a verdade, aguentar o tranco e avançar”. “A força de um escândalo é a importância política. Roubar dinheiro quase sempre não se perdoa. Em outros tipos de escândalo, como os de comportamento, os eleitores se mostram mais suaves e compreensivos”.

Ou seja, misturar coisas graves com implicâncias menores é fazer o jogo do adversário.

Zika maquiada

Em sua incessanta movimentação contra o vírus zika, Dilma visitou sábado, no Rio, a favela Caminho do Zepelim. Na véspera, para garantir um ambiente mais agradável à ilustre mata-mosquita, funcionários da Presidência e da Prefeitura do Rio podaram árvores, recolheram lixo, varreram as ruas, limparam valas – “coisas que nunca fizeram aqui”, como disse a dona de casa Diana Amorim Gonzalez, que há um mês teve zika.

Dilma certamente se orgulhou da favela tão limpinha e bem cuidada.

Mas tem precedente

O cordão que cada vez aumenta mais que se antecipou à visita de Dilma certamente se inspirou nas Aldeias Potemkin, da Rússia. Grigory Potemkin, ministro e amante da rainha Catarina, a Grande, preparou tudo para a visita de Sua Majestade, acompanhada de embaixadores estrangeiros, às terras recentemente conquistadas em guerra com o Império Otomano. Potemkin criou as aldeias que levaram seu nome: pequenas cidades cenográficas, habitadas por gente bonita e saudável, foram colocadas no caminho, para que a imperatriz visse e mostrasse aos visitantes como seu povo era feliz.

Mas que ninguém compare Dilma a Catarina, a Grande: Catarina foi uma tirana, chefiou o golpe contra seu marido (que foi morto pelo irmão de seu amante), mas fez um grande governo, que mudou a face da Rússia.

Uma confissão

A informação é oficial: a Petrobras está demitindo 30 mil funcionários administrativos e devolvendo 240 mil m² de escritórios, alugados de 2005 para cá. Segundo a empresa, a produção continuará a mesma. Os 30 mil funcionários que saem e os milhares de m² alugados não farão falta.

A Petrobras deixa prédios que ocupava em Macaé, RJ, na Bahia e no Espírito Santo – onde já tinha construído novas sedes, mantendo o aluguel das antigas. Em Macaé, houve a devolução de escritórios em três endereços. Em Salvador, parte da área financeira foi transferida para a Torre Pituba, que pertence a seu fundo de pensão, o Petros, e foi construída, claro, por Odebrecht e OAS. Mas até o fim do ano a empresa paga os novos aluguéis e os antigos. E quem alugava cinco imóveis para a Petrobras no centro do Rio? O BTG Pactual – o banco de André Esteves.

Há dúvidas sobre os motivos que levaram a Petrobras ao prejuízo?


Político é político

Mais de onze mil quilômetros nos separam. Mas a cabeça dos políticos nos une. Resposta do presidente sírio Bashar Al-Assad quando lhe perguntaram se pretende ficar a vida inteira no cargo, como seu pai: “A presidência não é um hobby que apreciamos. É uma responsabilidade”.

Em resumo, quer ser presidente para o bem do povo. Lembra alguém, não?

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domingo, 14 de fevereiro de 2016

CHUMBO GORDO.
Por Carlos Brickmann*

NADA APRENDEM, TUDO ESQUECEM.

A frase é de Karl Marx: a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa. No Brasil é diferente: é sempre farsa, é sempre tragédia.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, PMDB, aspirante à Presidência da República, diz que o problema da zika é “um certo exagero”, porque “morre muito mais gente de gripe do que de dengue, que dirá de zika”. Claro, Sua Excelência não tem parentes que morreram de zika, nem arriscados a ter filhos com microcefalia, nem com dengue, ou chikungunya. Pode ver as coisas com menos paixão, certo?

Mas poderia estudar um pouco. O Governo brasileiro da época, por volta de 1918, não temia a Gripe Espanhola, porque o vírus não teria como cruzar o Atlântico. Pois cruzou. Entre São Paulo e Rio, matou perto de 20 mil pessoas.

Paes nada aprendeu, mas não está sozinho. Dilma vinha reduzindo desde 2013 as verbas para combater o mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, da chikungunya e da zika (e também, não esqueçamos, da febre amarela, que já foi epidêmica no Brasil). Em 2016, não há verba para isso prevista no orçamento federal. Estados e municípios também acham que não é com eles. Em São Paulo, a Prefeitura petista de Fernando Haddad ignora os alertas da população – por exemplo, prédios com piscina abandonada, com água, prontinha para operar como berçário de mosquitos (fotos já foram publicadas, sem êxito). A própria Prefeitura demarcou ciclovias com postes de plástico sem tampa, do calibre de latas de cerveja. A água e as larvas não têm saída; os mosquitos têm.
Tlim, tlim, Saúde!

Gringo é trouxa

A questão da zika, tão desimportante para o prefeito Paes, motiva reuniões de emergência da Organização Mundial da Saúde. Para iniciar nos EUA o trabalho de prevenção, o presidente Obama liberou imediatamente US$ 1,2 bilhão. E lá o dinheiro tem de sair de uma verba orçamentária. Pedalar nem se imagina.

O número 1

Lula e sua esposa, Marisa Letícia, têm depoimento marcado, quarta-feira, no Ministério Público paulista, que investiga se há ocultação de patrimônio no caso do apartamento triplex da Praia das Astúrias, Guarujá (que se configuraria se o imóvel, em nome da OAS, fosse mesmo de Lula).

Movimentos favoráveis e contrários a Lula prometem manifestar-se em frente ao prédio do Ministério Público.

A hora do desagravo

No dia 27, em compensação, é a hora de Lula: ele será a estrela da festa de 36º aniversário do PT. Todo o comando do partido e os principais ministros petistas falarão em sua homenagem, defendendo-o dos ataques que sofre.

Espera-se que a presidente Dilma Rousseff faça um discurso em seu favor.

Além do oceano

A SBM Offshore, empresa holandesa que aluga navios-plataforma para exploração de petróleo em alto-mar, detentora de diversos contratos com a Petrobras e acusada de pagamento de propina a diretores e altos funcionários da estatal, anunciou que os Estados Unidos iniciaram investigações sobre denúncias de suborno no Brasil e em Angola. Este é um problema sério: caso seja comprovado o pagamento de propinas para prestar serviços superfaturados, os investidores da Petrobras na Bolsa de Nova York podem processá-la, exigindo os dividendos a que teriam direito se não tivesse ocorrido o desvio. Sempre que se toca no assunto, as cifras citadas ultrapassam de longe o bilhão de dólares.

Lá e cá

A investigação sobre Angola promete ser interessantíssima. A filha do presidente José Eduardo dos Santos acumulou a maior fortuna do país.

O jogo dos bilhões

Atenção para uma reportagem sobre a utilização dos milionários recursos do Fundo Garantidor de Crédito, FGC, criado para garantir, até certo limite, o dinheiro dos correntistas de bancos que tenham quebrado ou sofrido intervenção. O repórter é Cláudio Tognolli – que, só com Assassinato de Reputações, em que o ex-secretário nacional da Justiça, Romeu Tuma Jr., conta uma série de segredos de Lula, vendeu 150 mil livros. É uma garantia de boa apuração e credibilidade.

Tognolli, há duas semanas, mostrou que o BTG Pactual recebeu R$ 6 bilhões do FGC para reforçar seu caixa – bem na época em que o então sócio principal do banco, André Esteves, tinha sido preso, juntamente com Delcídio do Amaral, líder do PT no Senado. O tiroteio agora vai mais longe: José Papa Jr., presidente emérito da Federação do Comércio de São Paulo, da família que controlava o Banco Lavra, abre fogo em entrevista explosiva a Tognolli. Diz que todos nós somos assaltados pelo FGC e que o dinheiro é desviado de suas finalidades específicas.

Vale a pena ler em http://tognolli.tumblr.com/. Papa diz que tem cem mil assinaturas num pedido de investigações a ser enviado ao Congresso.

Cuidado!

Os Emirados Árabes Unidos acabam de criar o Ministério da Felicidade, a ser ocupado pela ministra Ohood Al Roumi. O objetivo é garantir que os moradores e turistas tenham sempre boas condições de vida.

Mas que ninguém dê a notícia à presidente Dilma, ou em breve teremos mais um Ministério atulhando Brasília.








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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

CHUMBO GORDO.
Por Carlos Brickmann*

AS CINZAS ESTÃO QUENTES.

O caro leitor se engana: ao contrário da lenda brasileira, não é verdade que o Ano Novo comece hoje, Quarta-Feira de Cinzas, primeiro dia depois do Carnaval. O Ano Novo começa daqui a uma semana - e com gosto de cinzas para muita gente. Na quarta-feira, 17, deve ocorrer o depoimento de Lula e de sua esposa Marisa Letícia ao Ministério Público Estadual - de acordo com o promotor Cássio Conserino, é provável que sejam denunciados por ocultação de patrimônio, no caso do apartamento triplex.

O simples fato de ter que depor, e ao lado da esposa, já seria amargo para Lula. Mas há coisas mais amargas acontecendo. Ontem, a Polícia Federal informou que a Camargo Corrêa, investigada na Operação Lava Jato, e cujo presidente Dalton Avancini fez delação premiada, contribuiu com R$ 3 milhões para o Instituto Lula e R$ 1,5 milhão para a LILS, empresa de Lula que promove suas palestras. É a primeira vez que o nome de Lula aparece nas investigações da Lava Jato. E há um detalhe curioso: R$ 1 milhão foi encaminhado ao Instituto Lula sob a rubrica "Bônus Eleitoral", em 2 de julho de 2012. Contribuição eleitoral para um instituto que não é partido? A suspeita é que tenha sido uma forma de ajudar algum candidato a prefeito.

O Instituto Lula diz que todas as doações foram legais, o que inclui a do Bônus Eleitoral. Mas a coisa não para aí: há agora a delação premiada do ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo.

A culpa é de FHC

Diante dos problemas do triplex que não é de Lula, do sítio em Atibaia que não é de Lula, dos móveis que empreiteiras compraram e puseram nos imóveis que não são de Lula, o PT prepara um fogo de encontro: levantará dúvidas sobre a compra por Fernando Henrique, há uns 13 ou 14 anos, do apartamento onde mora, que era do banqueiro Edmond Safdié. O problema é que o caso foi levantado em 2013 com apoio maciço de todos os meios de comunicação petistas e não foi adiante. 

Mas a ideia é trazê-lo de volta.


O procurador-geral responde

Márcio Elias Rosa, procurador-geral de Justiça de São Paulo, esclarece notícia a respeito de investigações sobre o deputado Fernando Capez: "É absolutamente inadequada a associação das condições funcionais de terceiros ao trabalho de investigação realizado pelo Ministério Público do Estado de São Paulo envolvendo o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa Fernando Capez em atribuídas ilegalidades em licitações para a compra de itens da merenda escolar.

"Em razão do foro por prerrogativa de função, o presidente da Assembleia só pode ser investigado pelo procurador-geral de Justiça, que foi cientificado no dia 19 de janeiro da investigação, tendo constituído grupo de trabalho específico, aguardando o compartilhamento das provas obtidas para a adoção das medidas necessárias. A dra. Valeria Palermo Capez, que é promotora de Justiça, não tem atribuição para atuação em matérias de atribuição exclusiva do procurador-geral, atuando somente nos limites do artigo 600 do Código de Processo Penal.

"A investigação será conduzida pelo procurador-geral, que designará os mesmos promotores de Justiça que já conduzem as investigações, além dos procuradores de Justiça Nilo Spínola Salgado Filho e Nelson Gonzaga de Oliveira. A dra. Carla Maria R. Elias Rosa, procuradora do Estado desde 1987, atua desde o início dos anos 90 na área da Consultoria Jurídica da Procuradoria Geral do Estado, sem qualquer subordinação hierárquica, funcional ou política ao Governo ou a qualquer Secretaria. A atuação da Consultoria Jurídica é limitada aos procedimentos de interesse da Procuradoria Geral do Estado e respeita a suas atribuições.

"Por óbvio, a divulgação dessas circunstâncias desacompanhada de esclarecimentos quanto à real condição funcional da Dra. Valéria Palermo Capez e da Dra. Carla Maria Rossa Elias Rosa somente se presta a ilações que são fruto de especulação imotivada, ofensiva e injusta."

Eles folgam...

O ano político brasileiro deveria começar hoje. Mas o deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara, deu folga aos colegas na quarta e na quinta. Sexta, segunda e terça não se trabalha no Congresso; então, ficou para dia 17. E a Câmara já começa com pauta quente, a eleição do líder do PMDB. 

O Governo Federal quer porque quer eleger o deputado Jorge Picciani, do Rio, que era pró-Cunha e contra Dilma mas foi convencido a mudar de lado; e Cunha luta por Hugo Motta, da Paraíba, que é contra Dilma. O Governo já tomou várias tundas ao se envolver nas brigas do PMDB.

...você paga

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, PT, diz que não tem verba para construir as creches que prometeu. Mas gastou R$ 300 mil no camarote da Prefeitura no Carnaval, para políticos amigos e colunáveis.








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domingo, 7 de fevereiro de 2016

CHUMBO GORDO.
Por Carlos Brickmann*

MAS É CARNAVAL.

Chega de política, é Carnaval. Carnaval é nossa cultura, é nossa História.


“Um lindo apartamento com porteiro e elevador/ e ar refrigerado para os dias de calor” – Aurora, Mário Lago e Roberto Roberti.

“Daqui não saio, daqui ninguém me tira” – Daqui não saio, Paquito e Romeu Gentil.

“Mamãe, eu quero/ Mamãe, eu quero/ Mamãe, eu quero mamar” – Mamãe, eu Quero, Jararaca e Vicente Paiva.

“Ei, você aí, me dá um dinheiro aí” – Me dá um dinheiro aí, dos irmãos Glauco, Ivan e Homero Ferreira.

“Se a Polícia por isso me prender/ mas na última hora me soltar/ Eu passo a mão no saca, saca-rolha/ Ninguém me agarra/ Ninguém me agarra” – As águas vão rolar, Waldir Machado, Zé da Zilda e Zilda do Zé.

“Tentando a subida desceu”, Conceição, Dunga e Jair Amorim.

“Não é ouro nem nunca foi/ a coroa que o rei usou/ é de lata barata, e olhe lá, borocochô” – A coroa do rei, Haroldo Lobo e David Nasser.

“Ai, ai, ai, ai, tá chegando a hora” – Cielito lindo, Quirino Mendoza y Cortés, versão de Rubens Campos e Henricão.

“Cai, cai, cai, cai/ quem mandou escorregar/ cai, cai, cai, cai/ eu não vou te levantar” – Cai, cai, Roberto Martins.

“Agora é cinza/ tudo acabado e nada mais” – Agora é cinza, Bide e Marçal.

O Brasil em verso e música.

Carnaval é cultura e História – por isso, é bom relembrar o nome e os autores dessas canções que, embora antigas, descrevem tão bem os fatos de hoje.

Bandeira branca.

Vale a pena prestar atenção não apenas naquilo que Gilberto Carvalho, um dos principais aliados de Lula, seu amigo de fé e irmão camarada, petista entre os petistas, diz sobre a situação. Vale a pena pensar sobre o real significado de suas palavras. Gilberto Carvalho diz que receber presentes de empreiteiras não compromete aquilo que considera a inatacável trajetória política do ex-presidente. Mas, quando lhe perguntaram se o ex-ministro José Dirceu também não teria sido comprometido, respondeu: “Não, o Dirceu eu não vou citar, o Dirceu é muito complexo para eu citar” Até agora, Gilberto e Lula falaram a mesma língua. A maior diferença entre eles é que Gilberto pronuncia os plurais. 

Traduzindo, José Dirceu foi abandonado por Lula. E, portanto, pelo PT.

Cada vez aumenta mais.

E, como é Carnaval, busquemos o que há de profundo nas declarações de Gilberto Carvalho na esplêndida marchinha de Frazão e Roberto Martins, sucesso de 1945, O Cordão dos Puxa-Saco: “Vossa Excelência, Vossa Eminência/ Quanta reverência nos cordões eleitorais/ Mas se o Doutor cai do galho e vai pro chão/ A turma logo evolui de opinião”.

Até José Dirceu, Capitão do Time, ficou muito complexo para ser defendido.

A canoa virou.

Política é como nuvem, uma hora está de um jeito, no momento seguinte está de outro. Mas tudo indica que este ano será pouco produtivo. Agora é Carnaval, as manchetes são da Lava Jato, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, apesar de sua fenomenal resistência, dificilmente conseguirá mover-se no meio de tantos processos, o presidente do Senado, Renan Calheiros, volta a enfrentar os fantasmas do passado, agora em fase de julgamento. Há as festas juninas, que esvaziam os plenários; há os Jogos Olímpicos logo depois; e as eleições municipais.

Seja o ano produtivo ou não, porém, Dilma já teve uma boa amostra de seus problemas parlamentares: na primeira Medida Provisória do ano, foi derrotada com folga. Como diz a marchinha do grande João de Barro, “Menina, larga o remo/ pula nágua, marujada/ pula nágua, pula nágua/ que a canoa tá furada”.

A fonte secou.

Dos partidos da base aliada, o PT votou com Dilma, o PMDB teve empate. O PP a derrotou por 21 deputados a cinco; o PR, por 18 a 10; o PTB, por 15 a 3. No PSD, cujo presidente Kassab é ministro das Cidades, Dilma apanhou por 22 a 1.

Quem sabe, sabe.

O PT tapou a boca de quem achava que era impossível substituir à altura seu inacreditável líder Sibá Machado. E tapou duas vezes: primeiro, ao encontrar um substituto perfeito para Sibá, o gaúcho Paulo Pimenta. Segundo, ao conseguir achar outro nome da mesma consistência, e que derrotou Paulo Pimenta na luta pela liderança. O novo Sibá Machado, igualzinho ao anterior, é o deputado baiano Afonso Florence. Aliás, Florence não é igual a Sibá: é um Sibá aperfeiçoado. Elegeu-se com doações das empreiteiras UTC e OAS, ambas participantes de praticamente tudo que está sendo investigado pela Operação Lava Jato; e também com doações do ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli – um administrador que se notabilizou por assumir a empresa quando seu valor de mercado estava perto dos US$ 400 bilhões e por deixá-la com valor inferior a 10% do inicial.

Mas tudo tem seu lado bom: se Florence chegou lá, Pimenta não chegou.

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Carlos Brickmann - carlos@brickmann.com.br - é Escritor, Jornalista e Consultor, diretor da Brickmann&Associados Comunicação - www.brickmann.com.br. Siga: @CarlosBrickmann. Visite: www.chumbogordo.com.br - informação com humor, precisão e bom senso - contato@chumbogordo.com.br.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

CHUMBO GORDO.
Por Carlos Brickmann*

A PALAVRA DO CAPITÃO

Para o então presidente Lula, José Dirceu era o capitão do time. Era, enquanto esteve no Governo; e depois de deixar o Governo também. Como disse o próprio Dirceu, ele, quando dava um telefonema, "era o telefonema". Dirceu também disse ao juiz Sérgio Moro que, quando fazia assessoria, seu trabalho era "personalíssimo", pelo qual R$ 120 mil mensais se tornavam irrisórios. Certo: ninguém contratava Dirceu para ter aqueles relatórios pasteurizados com gráficos coloridos, bonitinhos, que nada analisam e nada significam. Quando dava consultoria, sabia que estar a seu lado ajudaria o cliente. Até agora ninguém tinha dito com tanta clareza o motivo pelo qual empresas e empresários queriam contratá-lo.

Prestemos atenção em Dirceu, pois; e há trechos em seu depoimento que estão passando despercebidos. Ele sabe das coisas. O que diz é para ser levado a sério.

1 - Todas as nomeações do Governo passavam por ele, sim; e isso por ocupar a Casa Civil. Também tinha suas preferências, claro. Mas nenhuma nomeação era feita sem aprovação formal do presidente Lula. Se Dirceu fez, Lula aprovou.

2 - Dirceu diz que nem conhecia Renato Duque ao escolhê-lo para a Petrobras - Duque, diretor de Serviços, está hoje preso. Mas que, entre Duque, indicado pelo PT paulista, e um nome do PSDB, preferiu o petista, mesmo porque o PSDB já tinha recebido um cargo em Minas. Ou seja, o PSDB também lhe indicava nomes. Os tucanos o desmentem com dureza, mas Dirceu não é burro: não diria isso ao juiz se não tivesse respaldo. Agora é investigar a palavra do capitão.

Mais latim, menos grosseria

Não, Valério Máximo não é um certo carequinha que, preso e condenado, passa o tempo propondo delações premiadas que até agora ninguém quis ouvir. Valério Máximo é o escritor romano que registrou a frase "Ne sutor ultra crepidam" - não vá o sapateiro além das sandálias. A frase tem mais de dois mil anos, e até hoje há quem dê palpite no que não entende. 

O conhecido advogado Nilo Batista, ex-governador, não precisaria ter estudado Direito para defender seu cliente Lula com ofensas aos adversários. Para Batista, "Lula é achincalhado por coxinhas". Mas cada cidadão, diz a lei, tem direito de ser coxinha, com o recheio ideológico que quiser; e tentar desqualificá-lo não é coisa de advogado famoso. 

Não há argumento, exceto insultos, para defender seu cliente? 

Mais português

O apê que é ou não é do Lula é tríplex ou triplex? Tanto faz: o juiz da questão é o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, que registra as duas formas. Usemos, então, a norma mais popular: triplex, duplex, com acento na última sílaba. O esforço dos jornais ao insistir em acentuar "tríplex" é comovente. 

Ah, se soubessem que há as duas formas!

O que é sem ser

Vamos resumir a história do triplex. A família Lula diz que o apartamento não é dela, porque em novembro de 2015 desistiu da opção de compra. Só que a assinatura consta de um documento de 2009. Deve ser a confusão da cooperativa que suspendeu as obras, né? A família visitou o imóvel na companhia do presidente da empreiteira OAS, Léo Pinheiro. 

Coincidência: ele estava lá, veja só, quando os Lula da Silva chegaram. Deve ter sido também por coincidência que a OAS reformou a unidade 164 A, justo a reservada a Lula! Dizem que empreiteiros não têm coração. Mas quem poria mais de R$ 700 mil num imóvel sem ter pelo menos o compromisso de compra e venda? 

E pare de falar mal da mais honesta viva alma, seu empadinha acoxinhado: nunca viu uma coincidência?

Dilma no jogo

A pesquisa Ipsos, realizada em todo o país nos últimos dias, aponta a presidente Dilma com 6% de popularidade. Dilma está na disputa: pertinho do preço da gasolina, acima da ação da Petrobras e do dólar, perdendo ainda para a inflação. Todos os alertas estão acesos no Governo: com apoio tão baixo, como: a) conduzir a administração; b) criar condições para eleger seu sucessor. 

E as coisas, conforme os avanços da Operação Lava Jato, podem piorar para o Governo.

A volta do Congresso

Deputados e senadores retomam agora as atividades, depois das férias. Um Governo sem base de apoio popular tende a perder força no Parlamento - especialmente lembrando que, neste ano, haverá eleições municipais, e cada congressista tem candidato em suas bases eleitorais. A primeira lei de cada parlamentar é garantir sua sobrevivência política. 

E Governo fraco, para ele, é uma ameaça.

Alimentando bolsos

Quem andou roubando recursos da merenda escolar de São Paulo? As investigações sobre esse desvio inacreditavelmente perverso estão começando, é cedo para apontar culpados. Mas há coisas complicadas. O presidente da Assembleia foi acusado (até agora sem provas) de receber propina. 

Mas ele só pode ser investigado pelo procurador-geral de Justiça do Estado - do qual sua esposa é assessora. A esposa do procurador-geral, por sua vez, trabalha na Consultoria Jurídica da Secretaria do Governo. É preciso tomar cuidado com esses nós, para que a investigação não deixe dúvidas sobre a inocência ou não dos acusados.











Carlos Brickmann - carlos@brickmann.com.br - é Escritor, Jornalista e Consultor, diretor da Brickmann&Associados Comunicação - www.brickmann.com.br. Siga: @CarlosBrickmann. Visite: www.chumbogordo.com.br - informação com humor, precisão e bom senso - contato@chumbogordo.com.br.

domingo, 31 de janeiro de 2016

CHUMBO GORDO.
Por Carlos Brickmann*

A HORA DA ONÇA BEBER BRAHMA.

A panela de pressão está em fogo máximo: o promotor Cássio Conserino, do Ministério Público paulista, intimou o ex-presidente Lula, sua esposa Marisa Letícia e o ex-presidente da empreiteira OAS, Leo Pinheiro, para depor como investigados no caso do apartamento de Guarujá. Acabou a fase do disfarce, em que todo mundo sabia quem estava sendo investigado mas ninguém confirmava nada. Lula, sua esposa e Leo Pinheiro devem depor no dia 17, às 11 horas.

Não é este o único problema do Número 1, como era chamado por amigos empreiteiros. Atribui-se à Odebrecht e à OAS o patrocínio da reforma do sítio de Atibaia, o que pode configurar retribuição por favores recebidos do Governo Federal. O alto funcionário da Odebrecht que coordenou a construção do estádio do Corinthians, Frederico Barbosa, foi identificado por fornecedores e empregados como executor da reforma; e disse que colaborou mesmo, mas só para ajudar, sem cobrar nada, porque, afinal, estava de férias e tinha tempo sobrando. Pois é.

E o Ministério Público Federal vem alcançando pessoas próximas de Lula.

Junte-se tudo - e aquele personagem coberto de Teflon, em que nenhuma acusação grudava, passa a apresentar falhas no revestimento. O curioso é que, normalmente, investiga-se alguém que diz que é dono de algo e se suspeita de que não é. Aqui é o oposto: Lula diz que não é dono do apartamento na praia, nem do imóvel de Atibaia conhecido como Sítio do Lula, que sua família e amigos (entre eles o ex-governador Zeca do PT, do Mato Grosso do Sul) costumam frequentar. Frase de Zeca do PT: "Eu que ensinei o Lula a pescar. Ele é bom de pesca, mas no sitio dele os peixes são criados para que só ele consiga fisgá-los".

É mas não é

A esposa de Lula comandou as obras de reforma do apartamento na praia. O engenheiro Armando Dagre, da Talento Construtora, executou o trabalho, encomendado e pago pela OAS. Disse que nunca teve contato com Lula, mas sempre com a esposa Marisa Letícia.

Numa das vezes, Marisa Letícia visitou o apartamento que, segundo Lula, não é do casal, em companhia de um filho, Fábio Luiz, do então presidente da OAS, Leo Pinheiro, e de um engenheiro da empreiteira.

Não é mas é

O Instituto Lula diz que o ex-presidente tinha uma cota do prédio mas não exerceu a opção de compra - logo, o apartamento de Guarujá não é dele. Mas, conta Lenir de Almeida Marques, gente de casa, prima do ministro de Lula Luiz Gushiken, lulista desde o tempo de sindicato, "todos pegamos as chaves no dia 5 de junho, inclusive dona Marisa". 

Lula quis processar o repórter Germano de Oliveira, de "O Globo", que deu a notícia, mas a queixa foi rejeitada pela Justiça.

Hora da arrumação

Seria interessante alguém dar um balanço na série de escândalos, para esclarecer quem é quem e o que de fato está acontecendo. Uma das coisas mais curiosas, por exemplo, se refere ao sítio de Atibaia. A reforma foi feita, afinal, pela OAS, pela Odebrecht ou por um consórcio informal das duas gigantes da empreita? Terá a OAS se limitado, no caso de Atibaia, à reforma da cozinha? 

Outra dúvida: se o ex-presidente Lula não é dono do apartamento da praia, por que foi lá tantas vezes? Teria convocado motorista, seguranças, convidado a esposa, simplesmente para dar um passeio e assistir à obra do apê que deixara de comprar? Teria vontade apenas de se solidarizar com os cumpanhêro operários?

Mais uma: o lobista que prometeu aos procuradores que, em troca da redução da pena, diria que José Dirceu lhe sugerira que passasse um tempo fora do país, depois desmentiu tudo ao juiz Sérgio Moro, depois confirmou tudo, diz que mudou de posição porque seus netos foram ameaçados. Mas por que terá levado mais de 24 horas para relatar a ameaça a procuradores e juiz?

Pode ou não pode?

Em primeiro lugar, este colunista é contra tudo que atrapalhe o funcionamento normal da cidade e prejudique o direito de ir e vir da grande maioria da população. Mas é preciso ver o que se pode fazer e o que não se pode. O Movimento Passe Livre, em suas marchas (sempre no horário que mais prejudicava o trânsito), teve de enfrentar a Polícia Militar, que usou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. 

Mas um movimento de manifestantes favoráveis à volta da ditadura militar, que ocupou por mais de três horas uma das avenidas mais importantes de São Paulo, a Marginal, estrangulando todo o trânsito da cidade, não foi incomodado.

Por que a diferença de tratamento? Menino mimado não pode, filhote da ditadura pode? O Governo tucano paulista precisa explicar sua passividade no caso dos saudosistas dos militares no poder. 

Fala, Geraldo Alckmin!

Onde está a autoridade?

O presidente do Sindicato dos Motoristas de Táxi de São Paulo, Antônio Matias, postou vídeo numa rede social criticando o Uber, serviço de transporte compartilhado, e ameaçando: "A palhaçada na cidade acabou e, agora, é cacete". Acusa também o prefeito Fernando Haddad, do PT, de não cumprir compromissos que assumiu com a categoria. Prefeito, quem vai dar queixa à Polícia? Ameaçar a ordem pública, com cacete ou não, é crime.

Fala, Fernando Haddad! 











Carlos Brickmann - carlos@brickmann.com.br - é Escritor, Jornalista e Consultor, diretor da Brickmann&Associados Comunicação - www.brickmann.com.br. Siga: @CarlosBrickmann. Visite: www.chumbogordo.com.br - informação com humor, precisão e bom senso - contato@chumbogordo.com.br.