AS NOVIDADES DE FRANKFURT E O MERCADO NACIONAL.
Salão de Frankfurt, 17 a 23 próximos, é grande referência e
oportunidade para a apresentação de automóveis novos, evoluções no ciclo,
sondagem de conceitos para se tornar – ou não -, realidade futura. Coisa
grande. Para o mercado brasileiro em descenso - neste ano exibirá números
iguais aos de uma década passada -, novidades serão menores porquanto
indiretamente proporcionais pela redução das exportações, e restritas aos
produtos programados para construção no Brasil.
Quais ?
Dois lançamentos tem maior relevo pelo fato de
entrar em produção no Brasil. São BMW: o SAV, Sports Activity Vehicle, X1,
com redefinição de massas e volumes, nova construção para melhor precisão nos
comandos, tração total, e o sedã Serie 3 iniciando nova série com mudanças
internas e externas, opção de tração total, e a nova versão 330, híbrida. O X1
e o Serie 3 durante o próximo ano substituirão os modelos atualmente em
superficial montagem em Araquari, SC.
Topo da marca, o sedã Serie 7, com a
responsabilidade de concorrer com os Mercedes S e seu amplo pacote tecnológico,
começa listar novidades com a carroceria em fibra de carbono, motorização
híbrida Plug-in, e itens à altura do cliente, como bancos
massageadores, teto Sky iluminado. Novidade pontual, o M6 preparado para a
GT3. M é a série de modelos desenvolvidos pela BMW com rendimento esportivo, 6
a série mais performática da marca, com motor V8 e dois turbos. GT3 é categoria
nas corridas europeias. A não competidores, versão amansada, o M6 Competition
Edition, com decoração e confortos, motor V8 4,4, 600 hp e 700 Nm de
torque.
Outra novidade para o mercado nacional é o tapa estético
dado pela Ford no EcoSport, agora projeto mundial. Mostrado no Salão de Genebra
como ideia, materializou-se como opção: marca-se pela remoção do estepe
externo, pendurado na tampa traseira, enviado ao piso do compartimento de
bagagens. Da marca e do tipo, novidade institucional é o novo Edge com
tecnológico novo sistema de tração nas quatro rodas com percepção eletrônica do
piso – molhado, com gelo, lama, e outros inconvenientes a separar os pneus e o
solo. A Ford Europa terá cinco produtos da categoria nos próximos três anos,
aproveitando o mercado. Suas vendas cresceram quase 40% entre 2013 e o ano
passado, de 17 para 23%. O Edge será importado para o Brasil e pela
característica insólita e pouco justificável de ser preferido por Dilma Roussef
em lugar de sedãs, pretende manter o rótulo mundialmente curioso de Carro
da Presidente.
Outro importado a fazer presença nas ruas nacionais
é o novo Tiguan, agora re-classificado. Deixou de ser SUV, Sport
Utility Vehicle,- os com alguma habilidade a enfrentar estradas difíceis -,
e SAV, Sport Activity Vehicle, sugerindo tais habilidades, mas
aos quais falta a importante tração nas 4 rodas. O Tiguan agora é rotulado CAV
– Crossover Utility Vehicle. A parte Crossover indica
uma aproximação aos automóveis.
Na prática industrial se utiliza da plataforma
mundial MQB, já em produção na fábrica da Volkswagen em São José dos Pinhais,
Pr, para o Golf e o Audi A3, e base de quase toda a família média VW. Cresceu
mais de 20 cm, em especial no compartimento de carga sem aumento substancial de
peso por adotar novos métodos de construção, aplicando aços com espessura e
resistência variadas. Crê-se as novas dimensões permitam opção para 7
lugares. A opção pelo conceito Crossover indica menor altura,
linhas mais esportivas. Compare-o ao Porsche Macan, rentável sucesso mundial.
Opções de motores, desde diesel ao 4 cilindros 2.0
turbo injetado, 300 cv, caixas com seis e sete marchas, automática ou com duas
embreagens, muita conectividade.
Será um dos argumentos para a Volkswagen voltar a
sorrir no mercado norte-americano, uma de suas fraquezas no projeto de
tornar-se a maior fabricante mundial. A VW quer faze-lo nos EUA.
Na Mercedes, novidade a ser importada para clientes
bem individualizados, o C 63, Coupé, com preparação AMG.
Sinal dos tempos, haverá o
pavilhão do Carro Conectado, onde estarão as últimas conquistas e próximas
promessas de tecnologia embarcada.
Vito chega em outubro.
Mercedes apresentará próximo mês o Vito, base de um
utilitário de transporte de passageiros e cargas. A grosso modo as versões para
passageiros situam-se entre a suprimida Kombi e o Sprinter, direcionado ao
transporte individual, familiar ou de hotéis.
É nova geração construída na Argentina – onde as
vendas começarão após as brasileiras. Informações dizem de motorização diesel,
com opções de potência entre 114 e 156 cv. Câmbios de seis ou sete
marchas, mecânico ou automático.
Simboliza um esforço da Mercedes para, junto com o
Sprinter, liderar neste segmento. O Vito operará solitário nos modelos nesta
faixa.
Roda-a-Roda
Mudança – Jaguar resolveu atacar de
frente a má imagem de seus produtos quanto ao padrão construtivo, à complicação
da engenharia inglesa e, por consequência, a má assistência técnica. Geram
enorme queda de valor e de liquidez à hora da revenda.
Coragem – Produção organizada pela Ford, e novos
veículos pós compra pelo grupo indiano Tata, grande desafio é fazer veículos
com qualidade de projeto, engenharia, construção. Para evitar quebras e
problemas, reduzindo ao máximo a frequência aos mecânicos. É mudança
fundamental na marca Jaguar.
Operacional – Embora os projetos tenham melhorado muito
sob gestão Tata, com um índice de quebras reduzidos, colocando a Jaguar em
terceira posição em confiabilidade em recente pesquisa da agência JD Powers – à
frente das alemãs Audi, BMW e Mercedes -, não há percepção pelo público.
Na prática – Relacionamento direto com o consumidor se
inicia com garantia estendida a 5 anos e 60 mil milhas – 96.000 km –, e
programa gracioso de manutenção, mantidos a proprietários seguintes. É o
primeiro passo do EliteCare, visando crescer a 10 anos de garantia.
Aqui – Brasil é peculiar até para garantia de
automóveis. Com o lançamento do XE, primeiro desta nova série coberta pelo
corajoso programa, as regras são outras. Revisões nos três primeiros anos
custarão R$ 900 incluindo os filtros.
Caminho – Dona de bonita história de criatividade e
qualidade, última das poucas marcas onde o patrão cuidava de tudo, incluindo
projetar motores e desenhar carrocerias, a alemã Borgward ensaia voltar ao
mercado. Criou instituto de pesquisas para desenvolver motores convencionais e
alternativos.
Nome – Apresentação do Projeto Raptur, o picape
grande da Renault, trouxe novidades. Primeira, nome: é Alaskan. Outra, onde
aplicá-lo. No material de divulgação Renault diz atender a três universos de
uso: profissional, ócio e vida cotidiana. Tem chassi por longarinas, motor
diesel 2,3, mecânica resistente.
Mais – Traços e decoração, retrovisores pintados, luzes em LEDs,
cuidados internos, confortos em infodivertimento exibem
aptidão a dois usos, o pessoal e o profissional. Veículo mais vendido no
mercado dos EUA é um picape. E no mundo, um a cada três veículos é desta
categoria. Daí a Renault – e sua sócia Mercedes – entrarem na categoria.
Assim – Leitor da Coluna sabe,
Renault e Mercedes se uniram à Nissan para desenvolver projeto comum em
mecânica, para ser vendido sob as três marcas. Para o Mercosul e América
Latina, produção será dentro pela Nissan, enclave nas instalações da Renault em
Córdoba, Argentina. No mercado Renault e Nissan em 2017 e Mercedes ano
seguinte.
Mais outro – Fabricante argentino de motocicletas,
primeiro com produto próprio, depois montando chineses, a Zanella anunciou
instalar linha de montagem junto à de motos no balneário de Mar Del Plata.
Xing Ling - Investiu US$ 18M para finalizar picapes
chineses aos quais chamou Z-Truck: quatro rodas, motor 1.0 e 53 cv, 83 Nm de
torque e capacidade de carga para 800 kg. Custará no mercado argentino 150 mil
pesos – uns R$ 64.000 -prometendo produção de 3.600 unidades/ano.
Sem crise – Audi bateu dois recordes em agosto:
emplacou 1.944 unidades – maior volume já assinalado por produto Premium -, e
cravou no acumulado do ano a venda de 3.095 modelos A3 sedan 1.4.
Preparação - Até o final de agosto vendeu 11.007 veículos,
liderando o segmento. Segurou os preços para fazer parque circulante da marca.
No 1º de outubro inicia produzir o sedã A3 1.4 e, em 2016, o SAV Q3.
Alegoria – Mitsubishi diz ter feito viagem S
Paulo/Brasília, em New Outlander 2,2 diesel turbo, sem reabastecer. Gastou
58,48 litros em 1.161 km, média de 19,85 km/litro.
E? - Não informou quantos usuários, calibragem de
pneus, tempo de viagem, nem o objetivo. Nem colaborou com o mercado indicando
se consumo em condições especiais pode definir compra em produto com etiqueta
de R$ 174 mil.
Super ultra – Satisfeito com os novos sedãs
Mercedes C? Insatisfeito com a performance? Brabus, preparadora
alemã, concilia os dois conceitos: faz versão C 63S, com motor V8 e 4.000 cm3,
com 600 cv e camionais 81,6 m.kfg de torque. 0 a 100 km/h em 3,9s e 300 km/h em
velocidade final. Será mostrado no Salão de Frankfurt. Á venda no Brasil na
representante Strasse, em S Paulo. Preço não divulgado.
Plug in – Sorrisos na Ford Europa. Pesquisa mostrando
convergência da Geração Millennium – de 17 a 34 anos -, adepta
dos SmartPhones e tecnologia de mão, a veículos com perfil de
SUV e SAV – utilitários esportivos de verdade e os com alguma habilidade ante
pequenos óbices. Lançará cinco modelos novos nos próximos três anos.
Giro – Assembleia Legislativa paulista aprovou boa
ideia, apta a ser seguida por outros estados: entendimento entre órgãos
executivos de trânsito e rodoviários para rápido trocar de informações e
providências enviando a leilão público veículos apreendidos pelo Detran
estadual.
Limpa – Quer resolver o assunto de falta de área de
estacionamento, com estoque se acumulando por lentidão de procedimentos. Dá
celeridade a nova definição por legislação federal: veículo apreendido e não
reclamado em 60 dias, será enviado a leilão.
Gente – Matthias Gründler e Lars Stenqvist,
alemão e sueco, novos diretores para a Volkswagen Truck & Bus. OOOO
CFO – o número 1 das finanças -, e diretor de pesquisa e desenvolvimento.
OOOO Roberto Cortes, brasileiro, mantém-se como líder para a América
Latina. OOOO
Audi volta a produzir no Brasil
Quase dez
anos após encerrada a produção de um automóvel no país, Audi volta à atividade
industrial. Data oficial, o 1º de outubro, e o produto será o modelo mais
vendido de sua linha atualmente importada, o A3 sedan 1.4. Em 2006,
logo após haver assumido o controle da representante Senna Import, o fabricante
alemão resolveu cessar a fabricação do A3 hatch. O produto
havia envelhecido e o mercado não justificava investimentos para atualização.
Nos anos seguintes a expansão observada para as
vendas no mercado interno em crescente ascensão, motivaram a empresa a rever
sua estratégia, considerando a importância do continente sul americano; a
possibilidade de exportação aos países com tratados comerciais; e sobretudo a
decisão da Volkswagen em fabricar no Brasil o atualizado motor 1,4 TSI - 4
cilindros, 16 válvulas, duplo comando, válvulas com abertura variável, turbo e
injeção direta. Tais condições permitiram fechar a conta para um renascer no
Brasil. Em anúncio no setembro de 2013 informou investir R$ 500 milhões na
fábrica do grupo VW em São José dos Pinhais, criando nova ala para a fabricação
de novos produtos. Ao A3 sedan inicial seguir-se-á o
utilitário charmoso Q3, hoje o segundo veículo mais vendido da marca. Apesar da
expressiva queda de vendas de veículos no mercado doméstico em 2014 e 2015, a
empresa manteve os planos.
No distante 2006 da decisão de encerrar, a produção
do solitário A3 hatch foi inferior a 3 mil unidades, marcando
o início de um mal período para a marca. O anúncio da volta industrial foi
agregado ao da mudança de direção da empresa no Brasil. Sob gestão de Jörg
Hofmann, e graças a um agressivo programa, a Audi retomou seu brilho. Hoje
lidera o setor dos veículos Premium.
* Roberto Nasser, edita@rnasser.com.br, é advogado especializado em indústria automobilística, atua em Brasília (DF) onde redige há ininterruptos 42 anos a coluna De Carro por Aí. Na Capital Federal dirige o Museu do Automóvel, dedicado à preservação da história da indústria automobilística brasileira.
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