Com o fim do Inovar-Auto este ano e a formalização do programa Rota 2030 – Mobilidade e Logística, a nova política industrial a partir de 2018, as propulsões alternativas tendem a ganhar papel preponderante no setor automotivo brasileiro, assim como já é uma realidade, ainda que em proporções restritas, em mercados mais evoluídos.
Esta foi a tônica da 3ª edição do Seminário de Propulsões Alternativas, promovida pela AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, realizada no Instituto Mauá de Tecnologia, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, que trouxe o tema “Aplicações atuais e futuras das novas propulsões”, com a participação de cerca de 140 profissionais da indústria e representantes do Governo e de universidades.
A nova célula de combustível alimentada 100% a etanol, denominada “E-Bio Fuel Cell System”, também tema da apresentação ministrada por Ricardo Abe, gerente de produto da Nissan, foi apresentada ao público presente. Trata-se de um ciclo neutro de carbono que emite gás limpo na atmosfera com autonomia similar a de carros com motor à gasolina e que dispensa carregamento em um posto de recarga. “Esta tecnologia utiliza um combustível líquido fácil de manusear que produz eletricidade carregando a bateria para alimentar o motor elétrico. O hidrogênio é produzido a partir de etanol e água por meio da reação principal e a eletricidade é gerada pela reação do hidrogênio com oxigênio do ar”, afirmou Abe.
Um projeto cujo objetivo é prover serviços baseados em tecnologias inovadoras e ecologicamente sustentáveis com foco em melhorias para a mobilidade, segurança e comodidade a trabalhadores, empreendedores, visitantes e turistas em prol da consolidação do Parque Tecnológico Porto Digital foi exibido por Angelo Leite, da Sertell em apresentação “Fortaleza Car Sharing”. O negócio de carro compartilhado que utiliza aplicativo para cadastro e para abertura dos veículos elétricos, inclusive, apresentou em seis meses, segundo o palestrante, resultados como 2.374 cadastrados, 20 km distância média por viagem e 1.165 viagens.
O subsecretário de Energias Renováveis do Governo do Estado de São Paulo, Antonio Celso de Abreu, marcou presença durante o evento com apresentação “Programa Paulista de Biogás (uso veicular)”, iniciativa que traz como objetivo o aumento da participação das energias renováveis na matriz energética paulista. “O Plano Paulista de Energia estabelece políticas públicas capazes de estimular o crescimento econômico com um uso menos intensivo de energia, por meio da eficiência energética, da ampliação do uso de energia renováveis. Dentro deste contexto, o ‘Programa Paulista de Biogás’, por exemplo, determina a adição de um percentual mínimo de biometano ao gás canalizado comercializado no Estado de São Paulo”, disse o subsecretário.
Em palestra “BMW iPerformance: Plug-in hybrids with BMW i know-how”, o diretor de engenharia da BMW Elmar Hockgeiger exibiu o conceito modular de bateria adotado nos BMW i3 e BMW i8 e o design bastante compacto do conjunto integrado do motor elétrico com a eletrônica de potência, também usado nos modelos de performance da montadora.
No período da tarde, o seminário apresentou quatro palestras, com trabalhos da Universidade Federal do ABC, da Itaipu Binacional, da Air Liquide e da BYD.
O professor Daniel de Florio, da Universidade Federal do ABC, defendeu a tese de que “é preciso acabar com o uso de combustíveis fósseis. É uma questão de saúde pública”. E discorreu sobre a extração de hidrogênio a partir de etanol e de gás natural, para abastecer as células a combustível como fonte energética em veículos automotores. Há 17 anos à frente dos estudos científicos de células a combustível na UFABC, Florio reconhece o elevado custo de produção dessa fonte energética, mas – de outra parte – mostrou cases de sucesso na Califórnia, parte da Europa e no Japão.
Marcio Massakiti Kubo, coordenador de P&D da Itaipu Binacional, falou sobre o Programa Veículo Elétrico, que nasceu em 2006 na empresa. Segundo Kubo, os motores a combustão, por meio de combustível fóssil, apresentam eficiência energética de apenas 15%, se considerada “do poço à roda”, enquanto os veículos elétricos 40%. “Trata-se de um ganho extraordinário... Nossos estudos indicam que se transformássemos toda a produção de autoveículos – 3,4 milhões de unidades, em 2011 – em elétricos, o impacto seria um adicional de apenas 3,3% na demanda por energia elétrica do País”, elucida.
Kubo salienta que o Brasil não pode ficar fora do programa de mobilidade elétrica, uma tendência irreversível, em sua avaliação. “Se considerarmos ainda que usuário comum de automóvel percorre apenas 54 km/dia, 80% dos veículos podem ser recarregados em casa e que o custo da energia elétrica é de US$ 4 para cada 100 km rodados, o carro elétrico é mais que viável”.
As últimas duas palestras do seminário foram os cases de sucesso da Air Liquide e da montadora chinesa BYD. Em “Geração de hidrogênio sustentável a partir de gás natural renovável”, Caio Mogyca discorreu sobre a reforma de gás natural na obtenção de hidrogênio, processo utilizado na produção dessa fonte energética em mais de 80% dos casos. Carlos Roma, da BYD, por sua vez, falou sobre a inauguração das recentes fábricas de painéis solares fotovoltaicas e de chassis de ônibus e caminhões, elétricos, na cidade de Campinas, e também sobre o caminhão de lixo elétrico, uma realidade já na cidade de Indaiatuba.
O Seminário de Propulsões Alternativas foi encerrado por Gustavo Noronha, um dos integrantes da comissão organizadora do evento.
Para mais informações, acesse: www.aea.org.br.
Textofinal de Comunicação Integrada
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