Com tantos sustos como os que todos estamos passando nesse fim de ano até o próprio Espírito de Natal, creio, chamou as renas pelo aplicativo e está tentando ir passear por outros locais, embora a gente também saiba que vão ter de voar muito pelo mundo para encontrar algum lugar realmente agradável e onde possam comemorar em paz. Imaginem a viagem.
Papel fundamental no mundo da fantasia natalina, as renas Rodolfo, Corredora, Dançarina, Empinadora, Raposa, Cometa, Cupido, Trovão e Relâmpago escutam as ordens, e como cada uma tem uma função neste voar devem, nessa hora, estarem se organizando enquanto equipe. Consultando todos os mapas do Waze e ajustando o GPS, se enfeitando, lixando as patinhas, conferindo o trenó e as amarras. O combustível e os suprimentos. Arrumando as malinhas que poderão colocar no bagageiro que neste ano com tantas crises econômicas, guerras e violência, deve estar com lugar sobrando.
Se estiverem se mandando do Brasil, percorrendo essa extensa região, já terão logo se cuidado com coletes à prova de balas. Escondido bem - mocozando, na verdade - suas riquezas, com medo da gatunagem correndo solta em todas as esferas. Também estão providenciando a troca das moedas no câmbio, até para ver se também faturam algum com tanta especulação que fez com que encontrassem os dólares circulando lá nas alturas. As bichinhas, espertas que são, vêm se informando bem sobre todo os fatos para poderem se proteger e correr das fake news, ataques e das tentativas de golpes. Parece que estão fechando seus perfis nas redes sociais, já contrataram os melhores apps de segurança e antivírus e só abrem e-mails que reconhecem o remetente. Cansaram de atender ligações falsas e de avisos que fizeram compras vultuosas que precisam reconhecer apertando 1 e 2, e vindas de bancos nos quais nem contas têm. Até porque esse ano as comprinhas que fizeram foram só de coisas bem baratinhas, dentro do limitado orçamento geral.
Na bagagem, parece que providenciam – cuidadosas e conscientes que são – sacos recicláveis para o Papai Noel usar. Vão mesmo sobrevoar áreas difíceis por conta das emergências climáticas que esse ano acionaram todos os alarmes possíveis, calor, frio, chuvas, fogo. Protetores solares potentes para seus focinhos. Algumas bem doidivanas compraram leques bem grandes para fazer vento e barulhinho, como está na moda.
Estupefatas, ficaram sabendo que tem um lugar aí no Brasil que “cancelou” o vermelho do Natal, contra um tal de comunismo – trocaram tudo, todos os enfeites, pelo verde e amarelo, as cores agora preferidas dos golpistas que andam tramando alguma coisa nos subterrâneos. Depois de dar muitas gargalhadas com tanta ignorância, capricharam nos estoques: imaginam que no ano que vem a lista de presos, indiciados e investigados deve aumentar ainda mais e serão necessárias muitas tornozeleiras, que estarão valorizadas no mercado.
E como não são bobas nem nada, aproveitaram e compraram umas câmeras corporais que possam transmitir a viagem delas desses dias (compram no saldo de um certo governador que toda hora troca de opinião e ainda não decidiu se as que vai comprar mesmo, se vai, são as que gravam tudo e não podem ser desligadas ao bel prazer dos policiais em suas ações). As renas, ora, também querem ser influencers; ouviram dizer que isso está dando uma boa grana e que os recebidinhos das empresas são mesmo uma graça. De graça. Pior, vou contar, ainda é segredo, elas estão pensando seriamente em abrir perfis de conteúdo adulto, impressionadas que ficam com as fortunas anunciadas diariamente por subcelebridades e suas peripécias sexuais. Papai Noel que se cuide.
Tudo isso, que fique claro, porque desejam que 2025 seja bem melhor do que esse ano que fecha a tampa, e tentam economizar para ver se no futuro poderão voltar e trazer a todos presentes bem melhores do que os de agora, que estão de amargar.
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