quinta-feira, 17 de setembro de 2015

COMUNICAÇÃO 360.
Por Marco Piquini*

COMUNICAR TAMBÉM É CRIAR “SONHOS”

A empresa onde você trabalha mantém um clube para os empregados. A frequência é boa aos sábados e domingos, mas ele é pouco utilizado durante a semana. Você então tem um estalo: que tal usar a estrutura para promover atividades extras aos filhos dos empregados e aos jovens da comunidade, algo como aulas de reforço, atividades socializantes etc. Pode ser muito legal já que a empresa fica em uma região de alto risco social. Você então imagina o trabalho sendo feito por voluntários da própria organização, pensa em outras empresas que poderiam apoiar a ideia, imagina o envolvimento das escolas dos bairros próximos... Em suma, o projeto cresce dentro de você e em pouco tempo você está “absorvido” por ele. 

Mas vem a dúvida: como aprovar uma proposta dessas dentro da empresa? Como não ser simplesmente atropelado pela lógica fria dos números e dos resultados da organização? Ainda mais em tempos de crise?

Antes de jogar a ideia fora, pense. O projeto se ancora no conceito de marca da empresa? É uma empresa que valoriza os laços com a comunidade? O presidente acalenta a ideia de um programa de voluntariado? O conceito GRI de sustentabilidade econômica, ambiental e social já é discutido internamente? Se essas perguntas tiverem respostas positivas, a ideia até que não está fora de contexto. Se as respostas forem negativas, será mais difícil, mas não desista. Mas em ambos os casos, o importante é que você não seja o único defensor da ideia. 

Compartilhe a ideia com outras pessoas, gente de muitas áreas diferentes, e no processo procure formar um grupo de suporte. Discuta (de ouvidos abertos) seu projeto, e vá juntando as opiniões, especialmente as menos entusiasmadas, porque são estas que virão acompanhadas das perguntas mais difíceis e que deverão ser respondidas com precisão. À medida que a ideia começar a ser acolhida por alguns suportadores, aprofunde questões práticas. 

A turma do RH, por exemplo, pode ajudar na questão das leis trabalhistas e dos impactos na rotina interna da empresa. Alguém da equipe do financeiro pode estudar as possibilidades de recursos para custear o projeto. Um gestor de projetos pode ajudar na realização de um cronograma de ações e de tempo bastante explicito e prático. Ou coisa: procure dentro da própria empresa pessoas que se dedicam a ações voluntárias, ouça a experiência delas e peça a elas ajuda na formatação da proposta, pois com sua experiência eles terão dicas valiosas.

Vá além: estude as implicações sociais junto a representantes da comunidade. Verifique se não existem projetos similares em outras empresas e veja quais foram as coisas boas e ruins que aconteceram com eles. Coloque na balança os prós e os contras. Aos poucos seu projeto começará a ganhar maior profundidade, maior dimensão e, especialmente, maior apoio das pessoas que estão discutindo-o com você.

Porque se você conquistar as pessoas pela paixão com que você defende sua ideia, ao envolvê-las em seu “sonho”, ao final você terá criado não só um projeto mas um movimento dentro da organização que poderá crescer o bastante para dar a você um grande suporte na hora de apresenta-lo à sua direção, ou quem sabe ao próprio presidente. Boa sorte. 






Marco Piquini - piquini@tresmeiazero.com.br - é jornalista, consultor e palestrante. Trabalha com a comunicação para a gestão de mudança. Foi durante 20 anos executivo do Grupo Fiat e entre 2007 e 2012 diretor de Comunicação da Iveco para a América Latina, com responsabilidade sobre comunicação interna, externa, publicidade, eventos e sustentabilidade
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