“FAZEDOR DE FESTA” É A PQP!
Uma das coisas mais irritantes para o profissional de Comunicação é quando, numa situação de confronto entre áreas da empresa, ou diante de decisões polêmicas, um dos nossos antagonistas levanta-se e diz: “Comunicação só sabe gastar, só sabe fazer festa!”. Ou qualquer coisa parecida. Alguns acham que só sabemos cuidar de eventos e de cerimonial. Outros nunca ouviram falar de planejamento de comunicação, gestão de crises de imagem e, em um país quase iletrado, muitos desprezam a atividade intrínseca da escrita. “Pô, senta aí e escreve um artigo, é fácil!”. Já ouviu isso?
Quando isso acontece, dá vontade de jogar cadeiras em cima das pessoas, mas no fundo, no fundo, talvez a gente mereça esse preconceito porque, ao longo do tempo, não soubemos construir nosso conceito de profissional. “Casa de ferreiro, espeto de pau”: nós, que cuidamos da imagem das empresas, não soubemos cuidar da nossa. Continuamos a cometer esse erro. E temos de reverter isso.
Está na hora de começarmos a mostrar o que a Comunicação Empresarial moderna pode fazer pela empresa. Eu acho que somos nós que, em primeiro lugar, temos de abrir os olhos para essa realidade.
Podemos cuidar da marca: ajudar a definir as características que fazem nossa marca diferente, única, especial. Em parceria com outras áreas da empresa, podemos transformar essas características em políticas de recursos humanos e na ambientação da corporação, contribuindo para que os valores possam ser vistos e abraçados pelos empregados, o que se traduz em engajamento.
Marca bem definida, e boa comunicação interna, ajuda a direcionar o desenvolvimento de produtos. Os bens produzidos precisam expressar o DNA e a personalidade da corporação. E ainda podemos participar do esforço de venda, observando que as estratégias comerciais mantenham-se dentro de uma ética comportamental coerente com a imagem que a empresa professa.
Podemos, assim, contribuir para que a empresa torne-se mais valiosa. E mais humana. Por que isso não acontece, então? Por que ficamos na “rabeira da cadeia alimentar”, participando marginalmente dos processos? Será que é culpa de nossas faculdades? Será que lá nos bancos da escola não se ensina que a moderna comunicação é hoje estratégica e vem aumentando seu poder dentro das corporações?
Vejam os números. Nos últimos 10 anos as agências de comunicação corporativa cresceram 300%. Dados disponíveis mostram que em 2014 as agências de comunicação empresarial (excluindo-se as agencias de propaganda) aumentaram seu faturamento entre 6% e 8% dentro de uma economia estagnada. Hoje 15.000 pessoas trabalham nessa área. Recentemente o Grupo ABC, um gigante do mundo da publicidade que é propriedade de Nizan Guanaes, comprou 51 % da CDN, a segunda maior agência de comunicação corporativa do Brasil porque, segundo a explicação oficial, “não se pode mais viver sem esse setor”.
Onde quer que esteja o problema da comunicação empresarial, a responsabilidade cabe ao profissional da área. É ele quem deve abrir os olhos e abraçar a causa de uma profissão mais estratégica, mais recompensadora em termos de desafios e satisfação. É ele quem deve lutar por ela. O começo pode ser uma simples tomada de atitude. Em meio aquela reunião onde alguém tira um “sarro” da sua cara, você Comunicador com “C” maiúsculo, pode simplesmente responder: “Fazedor de festa é a PQP”.
* Marco Piquini é jornalista, consultor e palestrante. Trabalha com a comunicação para a gestão de mudança. Foi durante 20 anos executivo do Grupo Fiat e entre 2007 e 2012 diretor de Comunicação da Iveco para a América Latina, com responsabilidade sobre comunicação interna, externa, publicidade, eventos e sustentabilidade.
e-mail: piquini@tresmeiazero.com.br.
Visite: tresmeiazero.com.br.
* Marco Piquini é jornalista, consultor e palestrante. Trabalha com a comunicação para a gestão de mudança. Foi durante 20 anos executivo do Grupo Fiat e entre 2007 e 2012 diretor de Comunicação da Iveco para a América Latina, com responsabilidade sobre comunicação interna, externa, publicidade, eventos e sustentabilidade.
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