quinta-feira, 30 de julho de 2015

COMUNICAÇÃO 360.
Por Marco Piquini*

FOCO AJUDA MUITO.

A diretoria realiza reuniões periódicas com as lideranças para discutir as estratégias da empresa. Certo e louvável, pois quanto mais informada for a turma, mais apta ela estará para acatar e conduzir as aceleradas, brecadas e meias-voltas que acontecem no dia-a-dia das empresas. Às vezes as coisas vão bem, mas nem tudo acontece de acordo com o planejado. Quanto maior for a velocidade com que a empresa lê as mudanças e corrige o rumo, melhor. 

O risco – mais comum do que se pensa – é que essas reuniões caiam na rotina e não consigam envolver as pessoas. O líder (gerentes, supervisores e chefes de área) entra numa reunião dessas depois de ter trabalhado parte do dia e já esgotou parte de suas energias. Senta-se com o grupo para e ouve, por duas horas, palestras acompanhadas de apresentações power-point de muitas lâminas, numa sequência interminável de apresentadores. Ele desliga na metade. Uma hora depois, já está com sono e sua capacidade de absorção do conteúdo começa a declinar rapidamente. Ele não vê a hora em que a coisa acabe. No encerramento, ao invés de levantar-se energizado ele sente alívio – pois ele pode, finalmente, voltar ao “trabalho”!

É uma pena, porque essas reuniões são fundamentais na vida de uma empresa. Por isso, devem ser cuidadas para cumprir sua função. E o caminho é simples: foco! É preciso decidir, lá em cima, na diretoria, qual a informação mais importante a transmitir naquele momento (não adianta tentar falar muitas coisas). Isso passa por um processo de síntese importante: escolher, simplificar, refinar, resumir. O que não é fácil. 

A dificuldade começa em selecionar o conteúdo. Em uma empresa tem muita coisa rolando ao mesmo tempo e, para a direção, tudo é importante! Mas quais são as prioridades? É preciso achar um foco, defini-lo, contextualizá-lo rapidamente. Apresentar a situação atual de maneira clara, com poucos e bons dados. Apresentar os caminhos e ações escolhidos. Identificar as pessoas responsáveis, os prazos. Se existem dificuldades elas devem ser mencionadas. Por fim, deve-se ter certeza de que todos entenderam a mensagem e promover o compromisso do grupo com a questão. Gritos de guerra, por exemplo, ajudam. E uma pequena “colinha” para que os líderes consigam depois transmitir a mensagem para baixo é um toque inteligente.

Outra dificuldade está em administrar os egos. Um diretor pode não gostar muito de ter seu tempo reduzido, ou até mesmo de ser excluído do roteiro porque não fala bem, é prolixo, etc. 

O papel Comunicação neste processo é fundamental. Deve primeiro argumentar pela simplificação e pelo foco mostrando que assim a comunicação funciona. Depois deve ajudar a construir o conteúdo de forma envolvente e engajadora. E ter a capacidade e a habilidade política de acomodar as tendências e interesses internos em favor do grupo.

Um trabalho e tanto, não?








Marco Piquini é jornalista, consultor e palestrante. Trabalha com a comunicação para a gestão de mudança. Foi durante 20 anos executivo do Grupo Fiat e entre 2007 e 2012 diretor de Comunicação da Iveco para a América Latina, com responsabilidade sobre comunicação interna, externa, publicidade, eventos e sustentabilidade
e-mail: piquini@tresmeiazero.com.br
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